Doentes com cancro morrem à espera de análises do IPO

O deputado do PSD Cristóvão Norte afirma que vários doentes com cancro terão morrido nos hospitais de Faro e de Portimão enquanto esperavam por análises. O IPO de Lisboa mandou abrir um processo de averiguações para apurar o que se passou.

Doentes com cancro morrem à espera de análises do IPO

O deputado do PSD Cristóvão Norte avança que vários doentes com cancro dos hospitais do Algarve morreram enquanto esperavam por análises feitas pelo IPO, que determinariam o tipo de tratamento a realizar. O deputado denuncia ainda que na origem deste atraso estão constrangimentos orçamentais.

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Cristóvão Norte avança que as análises não foram entregues a tempo, porque os hospitais algarvios não garantiram ao IPO de Lisboa de que as podiam pagar. Em declarações à Rádio Renascença, o social-democrata afirma que «os doentes com cancro precisam de análises para que lhes seja aplicada uma terapia e essas análises não foram feitas atempadamente».

«Quando um dado hospital pretende que se realize uma análise, emite um termo de responsabilidade. Se não tiver verbas suficientes não é suscetível de emitir esse termo. Segundo aquilo que foi possível apurar, o IPO rejeitou a realização atempada das análises, na medida em que não tinha sido emitido o termo de responsabilidade», explica.

O deputado revela que «mais do que uma pessoa veio a falecer sem conhecer os resultados das análises».

IPO de Lisboa afirma que «a recusa do exame não se prende com questões financeiras»

Contactado pela agência Lusa, o presidente do IPO de Lisboa, João Oliveira, afirma que «a crítica de que a recusa do exame tivesse motivo financeiro não tem qualquer fundamento».

«O termo de responsabilidade que deverá acompanhar um exame como este tem também uma finalidade à posteriori de se proceder à regularização financeira, mas a recusa que existiu foi com base no procedimento do serviço de anatomia patológica que usa também o termo de responsabilidade para completar os dados administrativos relacionadas com o doente», explicou João Oliveira.

O oncologista disse perceber que «as pessoas se interroguem, porque os termos de responsabilidade estão associados à parte financeira», mas estes também são «uma peça essencial na fase pré-analítica dos exames como está estabelecido nos manuais das boas-práticas nacionais». João Oliveira recordou que foi enviada pelo Hospital de Faro uma amostra de uma biópsia para ser examinada no instituto, «como é normal», mas que não estava de acordo com as normas de qualidade do serviço de anatomia patológica.

Como «não vinha com as peças de identificação e as peças administrativas, além das peças clínicas necessárias, foi devolvido, o que está de acordo com o manual de qualidade e que é um procedimento normal que tem em vista a segurança e a correta identificação da pessoa a quem pertence aquela peça e que tem o seu fundamento em princípios de fiabilidade e segurança dos exames e de correção do relatório que vai ser dado», explicou, afirmando que se trata de um procedimento normal.

«A colaboração com o Hospital de Faro é muito grande, como com outros hospitais do Serviço Nacional de Saúde que enviam muitos exames para serem realizados no IPO, e normalmente as coisas passam-se sem dificuldades», sublinhou. Já este ano, o Hospital de Faro fez mais de uma dezena de pedidos de exames iguais ao referenciado em que «vieram termos de responsabilidade e os exames foram feitos de acordo com os prazos».

«Neste caso, houve uma irregularidade administrativa que não era compatível com a segurança dos exames no serviço de anatomia patológica e que foi resolvido como está previsto que se resolva», sustentou. Mas – salientou – «perante as notícias que hoje surgiram e que reafirmo não têm qualquer motivação financeira por parte do IPO, o hospital decidiu fazer um processo de averiguações para apurar os pormenores do que possa ter acontecido neste caso para confirmar as questões que são alegadas».

«Não temos dúvidas sobre o nosso procedimento habitual, mas perante as suspeições levantadas pela imprensa temos a obrigação, como é costume, de fazer um processo de averiguações interno que dará os seus resultados», rematou.

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