Defesa de amante de Rosa Grilo insiste em contaminação de prova

A nona sessão do julgamento de Rosa Grilo e António Joaquim decorreu esta terça-feira, 5 de novembro.

Defesa de amante de Rosa Grilo insiste em contaminação de prova

Esta terça-feira, 5 de novembro, decorreu mais uma sessão do julgamento em que Rosa Grilo e António Joaquim estão acusados da morte do triatleta Luís Grilo, marido da arguida.

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A sessão que decorreu apenas durante o período da manhã contou com o depoimento de uma cientista requerida pela defesa de António Joaquim. A especialista refere que teve acesso a parte do processo e que «a falta de documentação relativa à recolha de vestígios põe em causa todos os resultados retirados». Nomeadamente, o vestígio de ADN do triatleta recolhido na arma de António Joaquim. «Era preciso ter sido feito um registo fotográfico à arma para perceber se esta já estava oxidada ou não, como foi avaliado posteriormente.» No dia 22 de outubro, o perito de balística que analisou a arma do arguido admitiu que esta teria sido «manipulada» com «ataques químicos e mecânicos».

Perito diz que arma foi «manipulada»

«A arma apresentava-se num estado como eu nunca tinha visto», referiu na altura o especialista. «Por fora, estava em bom estado, mas por dentro, o cano apresentava-se totalmente oxidado e com gotas de ferrugem.» A juíza, Ana Clara Batista, perguntou se a oxidação da arma poderia estar relacionada com os líquidos que os criminalistas usam para recolher vestígios de sangue ou ADN. «De forma alguma», garante o perito. «Não é normal uma arma enferrujar daquela forma e sobretudo apenas dentro do cano.» Com base nesta análise, o especialista concluiu que a arma do arguido «foi exposta a um ataque químico». Por outras palavras, admite que a arma «possa ter sido lavada com produtos químicos, como a lixívia».

Estas análises da balística foram feitas depois de terem sido recolhidos vestígios de ADN do triatleta no cano da arma de António Joaquim. No entanto, não é certo para a investigação se a oxidação da arma terá sido provocada antes ou depois da recolha dos vestígios. E é neste ponto que a cientista se foca. A ausência de fotografias aquando da apreensão da arma não permite perceber em que momento é que foi dada a oxidação e por isso «todos os resultados posteriores são postos em causa».

«Em caso de oxidação não se conseguiria retirar qualquer tipo de vestígio de ADN»

A juíza adverte a perita para o facto de que «em caso de oxidação não se conseguiria retirar qualquer tipo de vestígio de ADN», contrariamente ao que se verificou. A testemunha considera que o ADN possa ser fruto de uma «contaminação direta ou indireta». «A contaminação pode ser de pessoas que estiveram em contacto com o ADN presente. Tem de existir um elo em comum.»

A especialista reforça que não põe em causa «o que foi feito no laboratório, mas sim a montante». Ao longo do depoimento, frisou sempre que este é um trabalho que deve ser feito «minuciosamente tal como consta no código penal». No entanto, a testemunha não soube referir em que ponto do mesmo é que se encontra a descrição de todos estes procedimentos.

«Tem de ser minuciosa, mas não macroscópicamente», afirma a juíza. «E no relatório constam todos os procedimentos e onde foram recolhidos os vestígios. Em que é que a ausência de fotografias iria alterar os resultados?». A perita esclarece que «em caso de oxidação, o ADN recolhido depois pode ser causado por contaminação». «Mas nesse caso o resultado seria nulo», responde Ana Clara Batista.

Texto: Jéssica dos Santos; WiN

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