Cirurgiões do Hospital de São João fazem mastectomia à mama errada

Dois profissionais do do Hospital de São João vão a julgamento por terem terem feito uma mastectomia à mama errada de Susana Tomé.

Dois cirurgiões do Hospital de São João, no Porto, estão acusados de um crime de ofensa à integridade física por negligência. Os dois profissionais vão a julgamento por terem terem feito uma mastectomia à mama errada de uma doente, Susana Tomé. O episódio remonta a 7 de março de 2016, mas o processo sofreu vários atrasos. De acordo com o Correio da Manhã, o Ministério Público chegou a suspender o processo para que as partes chegassem a acordo. A acusação só foi deduzida nos últimos dias de 2021. Susana Tomé estava grávida do segundo filho quando descobriu que tinha cancro da mama. Aceitou fazer uma mastectomia à mama direita, mas quando acordou da anestesia tinham-lhe retirado os dois seios, deixando-a com uma fisionomia desfigurada.

Acordar sem as duas mamas

Cirurgiões do Hospital de São João fazem mastectomia à mama errada
Susana Tomé

Seis anos depois do diagnóstico e recuperada do cancro, Susana decide reconstruir o peito. “Depois de muita guerra… Foram dois anos para decidir o que fazer. Deveria ter sido um procedimento normal… Para reconstruir uma mama, deveria ser submetida a uma mastectomia bilateral. Mas a mama esquerda não tinha absolutamente nada. Mas eu não queria aceitar, não tinha estrutura psicológica e tinha direito ao meu seio esquerdo, que estava normal”, recorda aquela que assinou, em 2015, o primeiro consentimento informado para ser feita a mastectomia total, da qual decidiu desistir.

Pouco tempo depois assinou o segundo, que deveria ter sido considerado válido, a autorizar apenas a mastectomia à mama direita. “Nunca percebi por que razão acordei sem os dois peitos. Mais tarde tive conhecimento, através do relatório do IGAS (Inspeção-Geral das Atividades em Saúde), que foi o próprio doutor Álvaro que decidiu fazê-lo. Ele chegou e pediu automaticamente uma maca à esquerda para começar a fazer a mastectomia. Foi avisado pela enfermeira e anestesista que não era à esquerda, era à direita. Mas ele ignorou. Toda a gente sabe disto, está escrito no relatório. Ele ignorou, foi ao computador e fez simplesmente o que quis. Não o conhecia absolutamente de lado nenhum”, relatou Susana.

Fotos: Arquivo Impala & reprodução SIC

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“Dizerem-me que tinha cancro foi horrível, mas passar por todos os tratamentos e cirurgias para depois me dizerem que era desnecessária foi traumatizante”, contou à BBC. (… continue a ler aqui)

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