Cantore Blume cresceu como menina até aos 16 anos, quando questionou o seu médico o porquê de nunca ter entrado na puberdade. A resposta, após fazer vários exames, foi chocante: não tinha uma vagina completamente formada e foram encontrados testículos internos. A jornada de autoconhecimento e de ser uma pessoa intersexo levaram a artista a ficar viral nas redes sociais, onde mostra um pouco da sua rotina e responde a dúvidas quer de internautas que passam pela mesma situação quer daqueles que apenas têm curiosidade.

Por mais invasivas que sejam algumas das perguntas, Blume faz questão de responder da melhor maneira, já que a intersexualidade é algo conhecido, mas raro na sociedade. Estima-se que penas 1,9% da população mundial é intersexua. Normalmente, têm cromossomas, hormonas ou órgãos sexuais de ambos os sexos. “Nasci com algo chamado síndrome de insensibilidade androgénica. Basicamente, era um cromossoma XY e estava no caminho certo para ser um menino, mas como o meu corpo não responde aos andrógenos, tive que permanecer como aquele bebezinho padrão que todos nós começamos. Então, saí exatamente como uma típica mulher. Quando cheguei à idade em que deveria estar na puberdade, descobri que não tinha sistema reprodutor feminino. Na verdade, tinha ‘bolas’ dentro de mim”, explicou.

Processo de dilatação da vagina foi salvação

No dia em que recebeu o diagnóstico, os pais estavam com ela no consultório, mas já tinham sido informados dos resultados por telemóvel. “Quando fui diagnosticada pela primeira vez, os médicos disseram-me para não contar a ninguém e que é muito perigoso partilhar com as pessoas, até mesmo com amigos”, revelou. “Então, todo o sentimento de segredo e vergonha tornou tudo muito pior. Mas, felizmente, não os ouvi. Senti que queria partilhar”, prosseguiu. Amigos e familiares apoiaram-na, mas Blume revela que sentiu dificuldades na escola com os rumores que iam circulando. No entanto, na vida adulta, sente-se perfeitamente confortável.

A jovem nunca foi operada, seja para extrair os testículos ou para ‘retocar’ a vagina. Em vez disso, o médico recomendou-lhe o processo de dilatação, que consiste na inserção de objetos para – literalmente – dilatar o canal a vagina.”Depois da dilatação, sou capaz de ter relações sexuais hetero. Inicialmente, o processo foi muito doloroso”, confessa.

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