Tragédia em Brumadinho: Ronaldo escapou, mas o irmão não teve a mesma sorte

Na tragédia de Brumadinho, os habitantes da cidade vivem o drama de uma espera que pode não ter fim. Procuram notícias dos familiares, em vão.

«Dói a ausência e a dúvida», diz Luiza Soares, de 75 anos, enquanto caminha à beira do Rio Paraopeba, amarelado pela lama, ao lado da filha, Rosimeire. Na tragédia de Brumadinho, as habitantes da cidade vivem o drama de uma espera que pode não ter fim. Procuram notícias de Rogério Antônio dos Santos, de 58 anos, funcionário da administração da Vale, desaparecido na lama da barragem que se rompeu desde sexta-feira, 25 de janeiro. Rogério e o irmão, Ronaldo Aparecido dos Santos, 54, motorista de pesados, são filhos de Luiza. Estavam ambos no local do desastre. Ronaldo, escapou. O irmão não teve a mesma sorte.

A tragédia de Brumadinho ceifou vidas e impede os sobreviventes de se reunirem

Mãe de seis filhos, criados à beira do rio que deixou de existir, Luiza esforça-se para ser forte e conta que eles, ainda meninos, costumavam pescar naquelas águas. «Conseguia ver-se o cascalho no fundo», lembra. «Traziam o peixe fresquinho para fritar», conta, de olhar perdido no rio Paraopeba. «Olhem para isto, agora», aponta. Luiza tenta distrair-se no caminho. Telefona para Ronaldo, que vive do outro lado do rio. «Vem para aqui, filho.» Ronaldo tentou atender ao pedido da mãe. Mas a travessia pela ponte, único acesso entre as margens do rio, está cortada. Ronaldo foi impedido de aceder ao pedido da mãe e telefonou-lhe. Não pode, por enquanto, reunir com com a mãe.

Max Elias Medeiros, 37, técnico de qualidade da Vale, também não é visto desde o acidente

A mesma dúvida sobre o que aconteceu com Rogério aterroriza a família de Wilson de Brito, genro de Luiza. Uma prima, a advogada Shirley de Brito, também está desaparecida. «É uma tragédia», anui Luiza, amparada pela filha. Na pequena praça do centro de Brumadinho, junto à ponte interditada pelos bombeiros, a arquiteta Sayuri Osawa anda de um lado para outro. Está desorientada, ainda que amparada pelas sobrinhas, Estela de Lima e Marina Yumi Osawa. O marido de Sayuri, Max Elias Medeiros, 37, técnico de qualidade da Vale, também não é visto desde o acidente. «Houve uma informação sobre ele… Estaria num hospital, mas não se confirmou», conta o pai de Sayuri, Kenitiro Osawa, de 68 anos.

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