Mãe de filho em estado crítico por síndrome ligada ao coronavírus faz alerta desesperado

Hayley Grix, do Reino Unido, divulga imagens da «respiração superficial» do filho depois de os médicos informarem que Marley, de três anos, apresentava doença atípica de Kawasaki.

Hayley Grix, de 33 anos, diz ter temido o filho de três anos, Marley, morresse quando fosse internado com ampla gama de sintomas, incluindo  temperatura alta, dores de garganta, respiração superficial e mãos e pés vermelhos e inchados, muitos dos sintomas ligados à covid-19. Os principais médicos da Grã-Bretanha estão a investigar uma potencial ligação entre uma doença inflamatória que afeta severamente as crianças e que pode estar relacionada com o novo coronavírus. No início da semana, o ministro da Saúde Matt Hancock disse tratar-se de «uma nova doença que achamos poder ser causada pelo novo coronavírus. Não estamos 100% certos porque algumas das pessoas infetadas não tiveram sequer resultados positivos. Estamos preocupados, mas enfatizo que é raro isto acontecer.»

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«Eu só perguntava aos médicos ‘ele vai ficar bem, não vai?’»

Hayley, de Windlesham, Surrey, no Reino Unido, alerta para o aumento da consciencialização sobre a doença depois de os médicos e aterem informado de que que Marley tinha dado resultado negativo para coronavírus e que apresentava o quadro clínico da doença atípica de Kawasaki. Marley está de regresso a casa com os pais, Hayley e o marido, Martin, de 46 anos, mas continua a ser testado. Hayley não tem a certeza do que os próximos meses vão trazer à vida do filho e exorta os pais a levarem sempre os filhos ao hospital se as crianças não estiverem bem, depois de ter ficado chocada com a enfermaria de pediatria vazia. «No dia em que fomos admitidos, o meu coração dizia-me que ia perder o meu filho e eu pedia por tudo para que não me dissessem que ele ia morrer. Temi realmente pela vida dele. Estava tão pálido que parecia quase transparente. Normalmente, anda aos pulos está sempre muito feliz. Eu só perguntava aos médicos ‘ele vai ficar bem, não vai?’.»

«Mamã, o meu pescoço tem dói-dói», queixava-se a criança com suspeitas de doença com possível ligação à covid-19

Hayley conta que o filho era a única criança na ala pediátrica do Hospital Frimley Park, Surrey, e descreveu as enfermarias «vazias» e «aterrorizadas». «Só me perguntava para onde iriam todas as crianças doentes. E percebi que os pais devem estar a manter os filhos em casa com receio da covid-19 e isto é alarmante. A prova de que o é foi o que os médicos me disseram: se não tivesse levado o meu filho ao hospital ele estaria morto. O medo está a causar isto, mas as pessoas estão a morrer e os paramédicos estão tão cheios de trabalho que quando chegam a muitas casas já só encontram um cadáver.» Hayley elogia ainda os profissionais do Hospital Frimley Park pelo atendimento pronto e o diagnóstico rápido. Os médicos «estiveram em constante contacto com colegas do Hospital Infantil de Southampton e do Hospital St George, em Londres, porque o caso do filho era «complicado».

O primeiro sinal real de alerta»

Os pais de Marley começaram a perceber os sintomas do filho durante a noite da segunda-feira, 20 de abril. «Ficou muito inquieto e acordou constantemente durante toda a noite. O que não é nada normal nele.» Às «06h00, a temperatura tinha atingido 38° C». Este foi, recorda, «o primeiro sinal real de alerta», especialmente porque «nada fazia a temperatura descer». «Absolutamente nada.» Pouco depois, «Marley deixou de comer e ficou letárgico. Dizia apenas ‘mamã, o meu pescoço tem dói-dói’, que todos os alimentos tinham um sabor estranho e que a boca lhe doía.

«Nunca tinha visto nada assim e sabia que algo estava muito errado. Fiquei aterrorizada»

Na terça-feira, Hayley levou Marley ao centro de Saúde e foi falando com um médico todos os dias ao longo da semana. Naquela fase, Hayley não desconfiava de que o filho pudesse estar infetado pelo novo coronavírus, porque eram muito raras as crianças afetadas. Na sexta-feira, 24 de abril, porém, a condição de Marley deteriorara-se assustadoramente, com o ritmo cardíaco a cair. «E tinha os olhos estavam vermelhos. Foi horrível. Tinha a garganta bastante inchada – do tamanho de uma bola de golfe – e foi pensei: ‘precisamos buscar ajuda já’. Tinha as mãos e os pés vermelhos e inchados. Nunca tinha visto nada assim e sabia que algo estava muito errado. Fiquei aterrorizada.»

Os médicos «estavam todos de volta dele e a dispararem-me perguntas»

O médico do centro de Saúde – não identificado – descreve ainda outros sintomas, como «olhos afundados e respiração superficial». «A combinação de sintomas foi tão estranha quanto aterrorizante» que o clínico enviou a criança de urgência para o hospital com uma carta de alerta. que ela poderia levar imediatamente para o hospital. Assim que chegaram ao hospital, «injetaram-lhe líquidos e fizeram exames ao sangue». Os médicos «estavam todos de volta dele e a dispararem-me perguntas». Também «surgiu uma erupção cutânea na barriga» de Marley e foi «nesse momento que lhe fizeram o teste à covid-19 e o colocaram numa sala, em isolamento, enquanto aguardavam os resultados, que, no dia seguinte, deram negativo».

«Agradeço à equipa de Frimley Park, são verdadeiramente anjos»

Só nesse momento Hayley foi informada sobre a doença atípica de Kawasaki. «Vocês chegaram no último momento. Nos últimos dias soubemos de relatos de doenças graves em crianças que podem ser do tipo Kawasaki», disse Stephen Powis, diretor médico nacional de Inglaterra, no início desta semana, referindo-se a uma síndrome que causa inflamação do sangue. Marley continua a ser tratado com dose altas de esteróides e aspirina quatro vezes por dia, mas uma das sequelas é «uma artéria principal dilatada». «Não temos a certeza do que os próximos meses nos vão trazer, porque as sequelas podem surgir mais à frente. O Marley continua fraco e continua a ser alvo de exames e a restabelecê-lo lentamente. Agradeço à equipa de Frimley Park, são verdadeiramente anjos.»

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