Rússia recusa participar em reunião da OSCE solicitada pela Ucrânia

A Rússia recusou participar numa reunião convocada para hoje pela Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), pedida pela Ucrânia, sobre a sua atividade militar na fronteira ucraniana, anunciou a diplomacia russa.

Rússia recusa participar em reunião da OSCE solicitada pela Ucrânia

“Não, não vamos”, disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Alexander Grushko, aos meios de comunicação social russos sobre a reunião de hoje, citado pela agência espanhola EFE. A reunião em Viena foi convocada por a Ucrânia ter ativado uma cláusula do acordo da OSCE sobre transparência no movimento de tropas, denominado Documento de Viena. “Exigimos uma reunião com a Rússia e todos os Estados participantes no prazo de 48 horas para abordar o reforço e a redistribuição de tropas ao longo da nossa fronteira e da Crimeia temporariamente ocupada”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, no domingo. Em conformidade com este pedido, a presidência polaca em exercício da OSCE convocou a reunião para hoje, em Viena.

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Um porta-voz da presidência da OSCE anunciou, na segunda-feira, a realização da reunião de emergência na capital austríaca, mas sem especificar se a Rússia iria participar. Grushko criticou a OSCE por responder à Ucrânia, alertando que a organização de 57 membros não deve ser envolvida em jogos políticos. “Se alguém vai jogar algum tipo de jogo político, que o faça, mas nós ainda levamos a sério as ferramentas de construção de confiança e segurança e não permitiremos que sejam utilizadas para fins inconvenientes”, disse Grushko, citado pela agência oficial russa TASS. “Os mais preocupados com a pureza do Documento de Viena não levantaram um dedo para iniciar os procedimentos adequados quando o exército ucraniano bombardeou o seu próprio povo [na região do Donbass] e levou a cabo uma verdadeira operação militar contra eles com a participação das Forças Armadas”, acrescentou.

A OSCE mantém uma missão de acompanhamento do conflito no Donbass, onde separatistas pró-russos apoiados por Moscovo estão em guerra com a Ucrânia desde 2014. Desde então, o conflito provocou cerca de 14 il mortos e 1,5 milhões de deslocados, segundo as Nações Unidas. O parlamento russo aprovou hoje um apelo ao Presidente Vladimir Putin para que reconheça a independência dos territórios controlados pelos separatistas, a República Popular de Donetsk e a República Popular de Lugansk. O reconhecimento da independência por Moscovo marcaria o fim do processo de paz para o leste da Ucrânia (Acordos de Minsk) assinados sob a mediação da França e da Alemanha, que defendiam o regresso das regiões ao controlo de Kiev.

“Em caso de reconhecimento, a Rússia retirar-se-ia de facto e ‘de jure’ dos acordos de Minsk com todas as consequências que daí decorrerão. Já advertimos contra esta posição”, reagiu, pouco depois, o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba. A atual crise sobre a Ucrânia foi desencadeada pela concentração de mais de 100 mil tropas russas perto da fronteira ucraniana. O Ocidente viu nessa movimentação militar a intenção de a Rússia invadir novamente o país vizinho, depois de ter anexado a península da Crimeia em 2014. A Rússia nega qualquer intenção bélica, mas exigiu garantias para a sua segurança, incluindo uma promessa de que a Ucrânia nunca será membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).

Os Estados Unidos alertaram, na sexta-feira, que a Rússia podia atacar “a qualquer momento” e aconselharam os seus cidadãos a sair da Ucrânia, no que foram seguidos por vários países, incluindo Portugal. O chanceler alemão, Olaf Scholz, manteve conversações com as autoridades ucranianas em Kiev, na segunda-feira, e está hoje em Moscovo para falar com Putin. Horas antes do início do encontro Putin-Scholz, a Rússia anunciou que algumas das suas unidades estacionadas perto da fronteira com a Ucrânia vão iniciar hoje o regresso aos quartéis de origem por terem terminado os exercícios militares em que participaram.

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