Ucrânia: Militares encontram corpos torturados após retirada dos arredores de Kiev

As tropas da Ucrânia encontraram corpos de 410 civis na região de Kiev. Muitos deles com sinais de tortura, mãos atadas e ferimentos de bala, após os soldados russos terem saído dos arredores da cidade.

Ucrânia: Militares encontram corpos torturados após retirada dos arredores de Kiev

As tropas da Ucrânia encontraram corpos de 410 civis na região de Kiev. Muitos deles com sinais de tortura, mãos atadas e ferimentos de bala, após os soldados russos terem saído dos arredores da cidade. Citadas pela agência Associated Press (AP), as autoridades revelaram estar a documentar as evidências dos alegados crimes de guerra.

O conselheiro do Presidente ucraniano Oleksiy Arestovych disse que dezenas de moradores foram encontrados mortos nas ruas de Busha e nos subúrbios de Kiev, no que classificou como uma “cena de um filme de terror”. Algumas pessoas foram amarradas e baleadas na cabeça e os corpos mostram sinais de tortura, referiu Arestovych, notando que existem relatos de violações.

Ucrânia: Rússia nega matança de civis em Busha e considera acusação uma provocação
A Rússia negou que as suas tropas tenham matado civis em Busha, na região de Kiev, e assegurou que todas as fotografias e vídeos publicados pelo governo ucraniano são uma provocação (… continue a ler aqui)

“O que aconteceu em Busha e noutros subúrbios de Kiev só pode ser descrito como um genocídio”, considerou o presidente da Câmara de Kiev, Vitali Klitschko, em declarações ao jornal alemão Bild, apelando ao fim das importações de gás russo.

Para o governante, “nem um centavo” deveria ser dado à Rússia, uma vez que esse dinheiro servirá para financiar um massacre. O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, por sua vez, já tinha pedido o reforço das sanções contra Moscovo, como o fim da importação de energia. “O massacre em Busha foi deliberado […]. Os russos pretendem eliminar o maior número possível de ucranianos”, apontou, através de uma publicação na rede social Twitter.

No mesmo sentido, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, condenou “as atrocidades cometidas pelo exército russo” e prometeu que a União Europeia (UE) vai aplicar mais sanções àquele país.

Os ministros das Relações Externas da França, Alemanha, Itália e Reino Unido também se insurgiram contra os ataques, garantindo que a Rússia vai ser responsabilizada. “Não vamos permitir que a Rússia encubra o seu envolvimento nessas atrocidades, através da desinformação, e garantimos que essa realidade vai ser exposta”, disse a secretária das Relações Externas do Reino Unido, Liz Truss.

Em Mariupol, cidade portuária localizada junto ao Mar de Azov, que se tornou alvo das tropas russas na Ucrânia devido à sua posição estratégica, estima-se que cerca de 100.000 civis estejam presos e com acesso limitado aos cuidados básicos. A Cruz Vermelha disse esperar que uma equipa de nove funcionários e três veículos chegue hoje a Mariupol, ressalvando que “a situação no terreno é muito volátil”.

De acordo com as autoridades, a Rússia concordou com a criação de corredores seguros na cidade, embora já tenha quebrado acordos semelhantes. O presidente da Câmara de Chernigiv, Vladyslav Atroshenko, precisou que os ataques da Rússia já destruíram 70% da cidade. “As pessoas pensam em como podem sobreviver até ao dia seguinte”, notou.

Esta manhã, as forças russas lançaram mísseis no porto de Odessa, Sul da Ucrânia, em direção a uma unidade de processamento de petróleo e a depósitos de combustíveis. Por sua vez, o governador regional de Kharkiv referiu hoje que a artilharia e os tanques russos já efetuaram, nas últimas 24 horas, mais de 20 ataques a esta cidade.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou o seu homólogo russo de cometer “um genocídio” com a invasão da Ucrânia. “Sim, é um genocídio. A eliminação de toda a nação. Nós temos mais de 100 nacionalidades. Trata-se de destruir e exterminar todas essas nacionalidades”, afirmou Zelensky, em declarações ao canal americano CBS.

A Ucrânia já tinha acusado a Rússia de cometer um “massacre deliberado” em Busha, uma cidade no noroeste de Kiev, e outros “horrores” nas regiões que, entretanto, foram libertadas. “Isto está a acontecer na Europa e no século XXI”, reiterou, sublinhando que “toda a nação está a ser torturada”. O negociador russo, Vladimir Medinksy, já referiu ser muito cedo para falar de um encontro entre os dois líderes.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.325 civis, incluindo 120 crianças, e feriu 2.017, entre os quais 168 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior. A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 4,1 milhões de refugiados em países vizinhos e cerca de 6,5 milhões de deslocados internos. A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia. A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

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