TPI abre escritório para cooperação técnica em matéria de justiça na Venezuela

O Procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI) Karim Khan assinou com o Presidente venezuelano um acordo para abrir, em Caracas, um escritório de cooperação técnica daquele organismo

TPI abre escritório para cooperação técnica em matéria de justiça na Venezuela

TPI abre escritório para cooperação técnica em matéria de justiça na Venezuela

O Procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI) Karim Khan assinou com o Presidente venezuelano um acordo para abrir, em Caracas, um escritório de cooperação técnica daquele organismo

Caracas, 10 jun 2023 (Lusa) – O Procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI) Karim Khan, e o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, assinaram sexta-feira um acordo para abrir, em Caracas, um escritório de cooperação técnica daquele organismo.

O acordo foi assinado no palácio presidencial de Miraflores, no âmbito da terceira visita do Procurador do TPI a Caracas e depois de, em finais de março de 2022, Karim Khan anunciar que “ambas as partes concordaram” em que o TPI poderia abrir um escritório para investigar as denúncias sobre alegados crimes contra a humanidade no país.

“Este acordo (…) é a realização dos nossos esforços (…). Já temos a localização do escritório e agora vamos poder vir com mais frequência à Venezuela e trabalhar de uma maneira mais próxima para ajudar a Venezuela com a assistência técnica, capacitação, para que possa fazer mais para cumprir as suas obrigações”, explicou Karim Khan.

A assinatura do acordo foi transmitida pela televisão estatal venezuelana e, segundo Karim Khan, o documento “detalha a assistência e assessoria” que o TPI dará ao Governo venezuelano, com o propósito de “ajudar nas reformas judiciais que a Venezuela quer pôr em prática para garantir que haja mais justiça, mais responsabilidade e uma paz sustentável”.

Karim Khan mencionou a “necessidade da complementaridade, de construir associações, alianças (…) que apesar dos desacordos que tenhamos sobre a abertura da investigação (…) dá muito crédito à Venezuela e à sua liderança, o facto de que ainda temos um acordo e uma cooperação significativa para garantir que haja mais justiça”.

O Procurador explicou ainda que continuará “a trabalhar” com agentes sociais e organizações da sociedade civil para que “haja uma consciência à medida que avançamos nestes temas”.

“Nós descobrimos áreas de deficiência, de debilidade. Aí, há que trabalhar coletivamente para as resolver, em pró dos venezuelanos”, frisou.

Por outro lado, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, começou por explicar que a terceira visita do Procurador do TPI ao país foi “uma jornada de trabalho boa, intensa e satisfatória” e sublinhou que a Venezuela já teve uma “experiência muito auspiciosa” com a abertura local de um escritório da anterior Alta-Comissária para os Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet.

 “Com base nesta experiência, podemos hoje ser otimistas e dizer que este escritório terá seguramente um impacto muito favorável (…) para o reforço dos processos de reforma e de mudança necessários no sistema nacional de justiça da Venezuela”, frisou Nicolás Maduro.

O Presidente da Venezuela explicou que o escritório contribuirá para a formação de peritos e para aproximar a Venezuela à experiência mundial do TPI, no âmbito judicial, para o desenvolvimento e construção de um estado de direito, justiça e democrático.

Esta é a terceira visita de Khan à Venezuela, depois de estar em Caracas em novembro de 2021 e em finais de março de 2022.

Em dezembro de 2021 o TPI anunciou que decidiu avançar com uma investigação ao Governo venezuelano por alegadas violações dos direitos humanos da população, incluindo alegada violência contra a oposição e a sociedade civil.

O TPI pediu a colaboração internacional para obter informação importante sobre crimes humanitários que teriam sido cometidos na Venezuela.

Em janeiro de 2022 o TPI anunciou que dava mais três meses, até 16 de abril, ao Governo venezuelano para revelar os resultados de investigações a crimes humanitários na Venezuela.

Em abril de 2022, o TPI rejeitou um pedido de Maduro para adiar as investigações sobre crimes contra a humanidade cometidos na Venezuela, alegando que as denúncias estariam a ser investigadas internamente.

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By Impala News / Lusa

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