TAP: “Não é desejável” que um administrador de uma empresa a passe a tutelar — ex-vogal Parpública

O ex-vogal executivo do Conselho de Administração da Parpública Mário Lobo considerou hoje que “não é desejável” que um administrador de uma empresa passe a assumir a sua tutela no Governo, referindo-se ao ex-secretário de Estado Miguel Cruz.

TAP:

“Não sendo ilegal — que não é –, o meu entendimento é que quem está numa empresa como administrador não pode, não deve, não é desejável, que vá tutelar essa mesma empresa. […] Em tese, considero que não é desejável que aconteça, naturalmente que não é ilegal, foi uma opção encontrada, foi uma decisão política que não questiono”, afirmou Mário Lobo, ouvido na comissão parlamentar de inquérito à TAP, em resposta ao deputado Filipe Melo, do Chega.

O deputado tinha questionado sobre o caso da saída de Miguel Cruz da presidência da Parpública, em 2020, para assumir o cargo de secretário de Estado do Tesouro, por convite do ex-ministro das Finanças João Leão, passando a tutelar a empresa e também a TAP.

Mário Lobo apontou também que “os factos, de algum modo, demonstram que este tipo de escolhas têm as suas contradições”, mas reiterou que são decisões políticas que não lhe compete questionar.

Sobre as afirmações do ex-vice-presidente da Parpública Carlos Durães da Conceição, de que em temas como a privatização e a nacionalização da TAP, a Parpública “deslocava-se para o Terreiro do Paço”, aludindo à localização do edifício do Ministério das Finanças, Mário Lobo disse perceber “a figura de estilo”.

“Sendo um dossiê com a importância que todos reconhecem e que naturalmente preocupa a todos no país, essa referência tem a ver com o facto de que a empresa, Parpública, é totalmente participada pelo Estado, através do seu acionista Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF). […] É uma empresa instrumental e em momentos decisivos como este, naturalmente, essa natureza instrumental manifesta-se”, considerou.

O ex-vice-presidente da Parpública Carlos Durães da Conceição afirmou hoje, também na comissão de inquérito, que, em grandes operações como a nacionalização ou privatização da TAP, a gestora de participações sociais “desloca-se para o Terreiro do Paço”, havendo um padrão de “envolvimento total” dos governos.

“Já tive oportunidade de referir que a Parpública é uma sociedade instrumental que o Governo utiliza para intervir em algumas empresas do setor empresarial do Estado. Quando estas operações estão a ser avaliadas, encontrei a figura de que a Parpública se instala no Ministério das Finanças”, referiu o ex-administrador.

MPE/JF // CSJ

By Impala News / Lusa

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