
Sindicato da CGD teme que não cheguem ao banco eventuais novos aumentos na função pública
“Independentemente do que venha para função pública, temo que não tenha qualquer repercussão na Caixa Geral de Depósitos [CGD]”, afirmou Pedro Messias, no parlamento, em audição na comissão de Orçamento e Finanças.
O primeiro-ministro, António Costa, mostrou disponibilidade na quarta-feira, no parlamento, para rever os salários dos trabalhadores da função pública, pois a inflação em 2022 foi superior à que o Governo tinha inicialmente previsto.
Quanto a um novo pagamento extraordinário pela CGD para fazer face ao aumento do custo de vida (como aconteceu em novembro passado), o dirigente sindical disse que uma solução desse tipo é discriminatória e deixa de fora milhares de trabalhadores.
Além disso, um valor extraordinário pontual não tem repercussão na tabela salarial, não fica para o futuro, não conta para pensões, lembrou.
O bónus dado em novembro de 2022, afirmou, não chegou a um terço dos funcionários (não receberam nada) e já o valor máximo de 900 euros só chegou a cerca de 220 trabalhadores. O valor entre 600 e 900 euros foi pago aos trabalhadores com salário até 2.700 euros mensais.
Sobre horas extraordinárias que a CGD não paga e que levou o STEC a marcar uma greve que durou entre fins de 2021 e maio de 2022, Messias disse que o banco se comprometeu a instalar registos eletrónicos em todos os locais de trabalho mas foi adiando. Agora o prazo é até final do primeiro trimestre, que acaba para a semana.
Messias disse que esse é um tema fundamental para os trabalhadores e que leva mesmo a situações graves, com adulteração do registo de saída (quando é feito em papel é fácil alterar).
Um trabalhador, contou, saiu às 18:30 mas estava registado no papel às 16:30. Como teve um acidente mas no papel tinha saído mais cedo houve problemas com o seguro.
Sobre os lucros da CGD, o presidente do STEC disse que o lucro é positivo mas não a todo o custo.
“A CGD não está cá para dar prejuízo, mas não deve estar no mercado pelo lucro pelo lucro”, disse, defendendo que o banco público tem de fomentar a “coesão social e territorial” e contribuir de forma positiva para a economia, empresas e cidadãos.
Sobre o funcionamento da CGD, os dirigentes sindicais do STEC que hoje estiveram na comissão parlamentar afirmaram que as agências funcionam de modos diferentes, sendo que muitas fecham a tesouraria ao meio-dia, o que tem grande impacto nos comércios e empresas.
Já o sistema de senhas existe numas agências e não existe noutras, o que consideram que deveria ser alterado para que as senhas voltem em todos os balcões. Sem senhas, dizem, muitos clientes sentem que não estão a ser atendidos na vez correta e há mesmo situações de grande agressividade sobre funcionários.
Os dirigentes sindicais mostraram-se ainda preocupados com a perda de quota de mercado pela CGD, considerando que isso é reflexo dos cortes e do serviço com menos qualidade, havendo o risco de Portugal “ter um banco público mais pequeno do que outros bancos”, afirmou a vice-presidente do STEC, Joana Carvalho.
Esta semana, a CGD anunciou ter acordado com o STEC a revisão da tabela salarial, incluindo um aumento de 76 euros para todos os trabalhadores e a subida do subsídio de almoço de 11,43 euros para 12,50 euros diários.
Os lucros da CGD em 2022 ascenderam a 843 milhões de euros, mais 44,5% face a 2021, tendo pagado ao acionista único, o Estado, o “maior dividendo da história” do banco, no valor de 352 milhões de euros.
No final de 2022, a Caixa Portugal tinha 5.837 empregados, menos 280 do que os 6.117 de final de 2021.
Nos últimos anos, a CGD tem mantido em vigor programas de rescisões por mútuo acordo e de pré-reformas com o objetivo de reduzir a sua estrutura.
Já quanto à rede comercial, em final de 2022, era 515 o número de agências, espaços Caixa e gabinetes de empresas, menos 27 do que no fim do ano anterior.
IM // CSJ
By Impala News / Lusa
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