Política luso-venezuelana questiona apoio técnico do CNE às primárias opositoras

A oposição venezuelana inicia a apresentação de candidaturas para as primárias da oposição, previstas para 22 de outubro, data em que os venezuelanos elegerão um candidato para competir contra Nicolás Maduro nas presidenciais de 2024

Política luso-venezuelana questiona apoio técnico do CNE às primárias opositoras

Caracas, 05 jun 2023 (Lusa) — A secretária-geral do partido verde trabalhista venezuelano “Causa R”, Andrea Tavares, questionou hoje o pedido de apoio técnico ao Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) feito pela comissão que está a organizar as primárias da oposição.

Andrea Tavares usou a rede social Twitter para condenar o pedido de apoio técnico ao CNE e instou a Comissão Nacional das Primárias (CNP) a proteger a identidade dos eleitores venezuelanos.

“Alertar e condenar a interferência do CNE nas primárias da oposição não é atacar a Comissão Nacional das Primárias, pelo contrário, é defendê-la e protegê-la do golpe que o regime quer dar”, escreveu.

A luso-descendente, antiga dirigente do Pátria Para Todos, um dos partidos que apoiou a candidatura presidencial do falecido presidente socialista Hugo Chávez (presidiu o país entre 1999 e 2013), diz que “na oposição subscrevemos um regulamento, que deixa claro que o nosso principal compromisso é proteger a identidade dos eleitores, mas a contraproposta do CNE é o controlo total do processo, incluindo os cadernos eletrónicos, que não podem ser destruídos”.

“Os que propõem violar este regulamento são os que têm pressionado a Comissão das Primárias e não os que defendem o respeito pelo acordo unitário assinado pelas partes”, explica Andrea Tavares, que em 2008 foi candidata a presidente da Câmara do Município Libertador — o maior da capital —  numa eleições em que Jorge Rodríguez, do Partido Socialista Unido da Venezuela, (o partido do Governo) foi o vencedor.

 A luso-descendente questiona ainda os políticos opositores venezuelanos que “se não conseguem respeitar” o acordo assinado, “o que garante que vão respeitar os resultados das primárias ou o acordo de governabilidade?”.

As críticas de Andrea Tavares têm lugar no mesmo dia em que o pré-candidato presidencial Andrés Velásquez condenou o apoio do CNE às primárias da oposição por considerar que aquele organismo é controlado pelo Governo do Presidente Nicolás Maduro.

“Vou insistir: as primárias nas mãos do CNE reduzirá o número de participantes. As primárias são uma política de desafio, de contestação à ditadura, pelo que é um contrassenso colocá-las nas mãos de Maduro. Depois não saiam a chorar por todas as consequências que isso implica”, escreveu o também dirigente do “Causa R” na sua conta do Twitter.

Por outro lado, outra pré-candidata presidencial, Maria Corina Machado, líder do partido “Vente Venezuela” (Vem Venezuela), divulgou um comunicado onde afirma que “a Comissão Nacional das Primárias continua sem explicar ao país o que significa a assistência técnica do CNE”.

“As primárias que queremos, os venezuelanos, são aquelas em que todos, dentro e fora do país, elegemos e contamos os nossos votos”, sublinhou.

A apresentação de candidaturas decorrerá até 23 de junho, segundo a CNP.

Entretanto, oito pré-candidatos da oposição, César Pérez Vivas, Tamara Adrián, Roberto Enríquez, Carlos Prosperi, Delsa Solorzano, Maria Corina Machado, Andrés Caleca (ex-presidente da CNE) e Freddy Superlano, anunciaram a intenção de participar num debate que deverá dar a conhecer as propostas e visões dos distintos candidatos.

O debate decorrerá a 12 de julho nas instalações da Universidade Católica Andrés Bello, em Caracas.

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By Impala News / Lusa

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