Rússia destruiu o que restava de justiça e direitos humanos com condenação de Navalny

A Amnistia Internacional considerou hoje que as autoridades russas “destruíram qualquer reminiscência” de “justiça e de respeito pelos direitos humanos com a condenação do líder oposicionista, Alexei Navalny, a dois anos e seis meses de prisão.

Rússia destruiu o que restava de justiça e direitos humanos com condenação de Navalny

“Um tribunal em Moscovo sentenciou o ativista da oposição e crítico do Kremlin Alexei Navalny a dois anos e meio de prisão, na sequência da repressão brutal a protestos pacíficos que culminou na detenção de pelo menos 5.021 pessoas em 31 de janeiro. O Tribunal Distrital de Simonovsky acedeu a uma moção feita pelo Serviço Penitenciário Federal para substituir a pena suspensa de Alexei Navalny por prisão”, dá conta um comunicado divulgado pela organização não-governamental (ONG) Amnistia Internacional.

A diretora do gabinete de Moscovo da Amnistia Internacional, Natalya Zviagina, sublinhou que “as autoridades russas destruíram qualquer reminiscência de justiça e respeito pelos direitos humanos” na “vingança” contra o principal opositor ao regime do Presidente Vladimir Putin.

“A sentença politicamente motivada de Alexei Navalny mostra a verdadeira face das autoridades russas, que estão determinadas em prender qualquer pessoa que denuncie os abusos e a repressão dos direitos humanos”, instou a responsável, acrescentando que entre as pessoas detidas no domingo estava um elemento daquela ONG.

O Kremlin rejeitou todas as críticas da comunidade internacional sobre a detenção de Navalny e o desproporcionado uso da força pela polícia contra os protestos de 23 e 31 de janeiro em apoio ao opositor, onde foram detidas ou identificadas cerca de 10.000 pessoas.

Navalny foi detido em 17 de janeiro depois de regressar da Alemanha, onde esteve em convalescença, depois de um envenenamento que atribuiu ao Kremlin, apesar dos desmentidos das autoridades russas.

O juiz determinou que o opositor russo violou a liberdade condicional por não ter comparecido junto das autoridades competentes, no ano passado.

Navalny, que é o mais proeminente líder opositor de Putin, tinha denunciado o processo como uma tentativa vã do Kremlin de assustar milhões de russos até a submissão.

A partir de uma cela em vidro no tribunal, Navalny atribuiu a sentença que conheceu hoje ao “medo e ódio” de Putin, alegando que o Presidente russo ficará na história como um “envenenador”.

“Eu ofendi-o profundamente, apenas por sobreviver à tentativa de assassínio que ele ordenou”, disse Navalny.

“O objetivo desta audiência é assustar um grande número de pessoas. Mas ele não pode prender um país inteiro”, acrescentou o líder oposicionista, quando conheceu a sentença, por ter violado a liberdade condicional a que estava sujeito.

O partido oposicionista de Alexei Navalny já apelou, através de mensagens na rede social Twitter, a uma nova manifestação contra a detenção e a sentença de prisão do líder, procurando mobilizar os milhares de manifestantes que nas últimas semanas protestaram contra o regime de Putin.

O serviço penitenciário da Rússia alega que Navalny violou as condições de liberdade condicional da sua pena suspensa de uma condenação por lavagem de dinheiro, conhecida em 2014, que o líder russo rejeitou, alegando ter motivação política.

Navalny sublinhou que o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem decidiu que a sua condenação de 2014 era ilegal e a Rússia pagou-lhe mesmo uma indemnização, em linha com essa decisão judicial internacional.

Para se defender da acusação de violação da liberdade condicional, os advogados de Navalny argumentaram que a sua não comparência perante as autoridades se deveu ao facto de o líder político estar a recuperar-se de envenenamento na Alemanha.

Navalny também disse que os seus direitos foram violados grosseiramente durante a sua detenção e descreveu esse episódio como uma “paródia de justiça”.

 

 

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