Ucrânia, Alemanha e UE condenam antissemitismo russo

O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, o Governo alemão e a União Europeia condenaram hoje as declarações do chefe da diplomacia russo comparando dirigentes ucranianos judeus a Hitler, que “também tinha origens judaicas”.

Ucrânia, Alemanha e UE condenam antissemitismo russo

Dmytro Kuleba declarou que tais afirmações do seu homólogo russo, Serguei Lavrov, sobre o líder nazi Adolf Hitler e judeus, demonstram o profundo antissemitismo do poder russo. “Lavrov não conseguiu esconder o antissemitismo profundamente enraizado das elites russas. Os seus hediondos comentários são ofensivos para o Presidente [ucraniano, Volodymyr] Zelensky, para a Ucrânia, Israel e o povo judeu. De forma mais geral, eles demonstram que a Rússia atual está cheia de ódio para com os outros países”, escreveu o MNE ucraniano na rede social Twitter.

Por seu lado, o Governo alemão classificou como fazendo parte da “propaganda russa” para justificar a invasão da Ucrânia as declarações de Lavrov, de que poderá ainda haver elementos neonazis naquele país, apesar de alguns governantes, entre os quais o Presidente Zelensky, serem judeus, ao que acrescentou: “Hitler também tinha origens judaicas, portanto isso não quer dizer nada”. Tais afirmações de Lavrov, proferidas numa entrevista concedida no fim de semana ao canal televisivo de informação italiano Rete4 – a primeira a um órgão de comunicação social europeu desde o início da invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro – são “absurdas”, disse o porta-voz do Governo do chanceler Olaf Scholz, Steffen Hebestreit, por entre as fortes reações que esse comentário desencadeou, especialmente em Israel.

“Creio que é uma ação da propaganda russa, neste caso através do ministro dos Negócios Estrangeiros Lavrov, que não merece mais comentários”, afirmou o porta-voz, questionado sobre tal numa conferência de imprensa de rotina. A resposta de Berlim soma-se à estupefação causada pelas declarações do MNE russo, tendo a mais dura, até agora, procedido de Israel, cujo chefe da diplomacia, Yair Lapid, convocou o embaixador da Rússia no país “para uma reunião de esclarecimento”. “Os comentários do ministro dos Negócios Estrangeiros Lavrov são uma declaração imperdoável e ultrajante, bem como um terrível erro histórico”, lamentou Lapid.

Em Bruxelas, o vice-presidente da Comissão Europeia Margaritis Schinas classificou a comparação do Presidente ucraniano com Hitler devido às “origens judaicas”, feita por Lavrov, como “inaceitável” e “escandalosa”. “Estas afirmações perpetuam a escandalosa narrativa sobre a ‘desnazificação’ da Ucrânia, são objetivamente falsas, distorcem e banalizam o Holocausto, o genocídio de seis milhões de judeus”, sustentou Schinas, na sua conta oficial do Twitter. Para o político grego, cuja responsabilidade, enquanto comissário para a Proteção do Estilo de Vida Europeu, inclui o judaísmo, “qualquer tentativa de transformar as vítimas da Shoah em perpetradores é inaceitável”.

A ofensiva militar russa iniciada na madrugada de 24 de fevereiro na Ucrânia – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar o país vizinho para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.

Imagens em direto da Guerra na Ucrânia

Cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia, e a guerra, que entrou hoje no 68.º dia, causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, mais de 5,4 milhões das quais para os países vizinhos, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que a classifica como a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A ONU confirmou até agora que quase 3.000 civis morreram e mais de 3.000 ficaram feridos, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates.

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