Marcelo diz que Portugal não teve conhecimento de ataque ao Irão

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, garantiu hoje sintonia com o Governo em matéria de política externa e assegurou que Portugal não teve conhecimento prévio do ataque dos Estados Unidos ao Irão.

Marcelo diz que Portugal não teve conhecimento de ataque ao Irão

“A posição do Presidente da República é muito simples, está em sintonia com o Governo, não há uma política externa do Presidente e outra do Governo,” afirmou Marcelo, em resposta aos jornalistas em Luanda, questionado sobre o pedido de explicações do Irão a Portugal face à utilização da Base das Lajes.

Sublinhando que Portugal não teve conhecimento prévio do ataque deste fim de semana e que a utilização da Base das Lajes pelos Estados Unidos decorreu de um pedido “normal” no âmbito de um acordo bilateral, Marcelo frisou que Portugal mantém uma posição de “contenção” e aposta na “via diplomática” face à escalada entre Israel e Irão.

“Estamos na linha da posição do Secretário-Geral das Nações Unidas, de vários dirigentes europeus, nomeadamente o Presidente do Conselho Europeu: primeiro, preocupação com a gravidade da situação; segundo, apelo à contenção de todos os intervenientes; terceiro, que seja reaberta a via diplomática,” resumiu.

O Presidente da República explicou que foi informado pelo Executivo sobre o pedido dos EUA para estacionar aeronaves de reabastecimento na base dos Açores, mas garantiu que não houve qualquer indicação de uso ofensivo.

 “Esse pedido foi formulado pelos Estados Unidos para a permanência na base, no quadro do acordo dos anos 90, para aeronaves abastecedoras, para abastecer a frota americana no Atlântico, quer naval, quer aérea. É uma situação normal, conhecida e foi notificada ao Governo, que deu conhecimento ao Presidente. Não havia nada na notificação que apontasse para um ataque,” assegurou.

Em declarações à Rádio Renascença, o Embaixador do Irão em Lisboa disse que iria questionar o governo português sobre a neutralidade portuguesa e sobre a utilização norte-americana da base militar nos Açores. “Se alguém participa numa qualquer guerra, por qualquer motivo, é parte dessa agressão”, salientou o diplomata iraniano.

Marcelo desvalorizou o risco de Portugal ser arrastado para o conflito, afirmando que”Portugal respeita os princípios das Nações Unidas” e “privilegia a via diplomática para soluções duradouras, não para soluções aparentes ou episódicas.”

O Governo português confirmou no domingo a autorização para que 12 aviões reabastecedores dos EUA utilizassem a Base Aérea das Lajes, nos Açores, no contexto de um acordo de cooperação datado dos anos 1990. Segundo o Ministério da Defesa, trata-se de um procedimento habitual, com notificações feitas normalmente com 72 horas de antecedência, e que os aparelhos são apenas de apoio logístico, sem fins ofensivos.

Questionado sobre o aumento da despesa militar para cumprir as metas da NATO, Marcelo disse que o “orçamento é muito flexível” e que Portugal “tem margem” para acomodar uma subida para 2% do PIB.

“Acresce que se discute na União Europeia a afetação de fundos não utilizados do PRR a outros usos sociais ou de segurança. Portanto, tudo indica que é possível cumprir”, reforçou.

Relativamente ao objetivo europeu de aumentar a despesa para 5% até 2032 ou 2035, Marcelo sublinhou que o tema ainda será discutido na próxima cimeira da NATO e lembrou que estas metas poderão ser reavaliadas consoante a evolução do contexto económico e político.

“Há uma proposta de reponderação ao longo do percurso, destacou.

O Presidente, que fez escala em Luanda e segue viagem na terça-feira para Maputo, para participar na celebração dos 50 anos de Independência de Moçambique, garantiu que, tal como em relação à Ucrânia, Portugal continuará a defender soluções pacíficas.

“Naturalmente, eu penso que não há ninguém que não queira a paz. É natural, na natureza humana, o querer resolver os conflitos e querer a paz. Do que se trata depois, é de saber como é que se desenvolvem esses conflitos, como é que há possibilidades de criar espaço para haver paz. E, desde logo, cessar fogo pode ser um primeiro passo para a paz, se for sustentável, consistente, sério, respeitando outros princípios”, realçou.

 

 

RCR // RBF

By Impala News / Lusa

Impala Instagram


RELACIONADOS