Lusa e Governo têm que se entender e responder a reivindicações justíssimas — CGTP

A secretária-geral da CGTP defendeu hoje que a administração da Lusa e o Governo têm que se entender e dar uma resposta às “reivindicações justíssimas” dos trabalhadores da Lusa, cujo “grau de qualificação e especialização” deve ser valorizado.

Lusa e Governo têm que se entender e responder a reivindicações justíssimas -- CGTP

“Da parte da administração [da Lusa], o que vem é que compreendem a situação, mas que existem dificuldades com o Governo. Ora, a administração da Lusa e o Governo têm que se entender e dar resposta às reivindicações dos trabalhadores, que são justíssimas e perfeitamente atingíveis”, afirmou Isabel Camarinha, em declarações à Lusa, na sede da empresa, em Lisboa.

A líder da intersindical visitou hoje, pela primeira vez, a agência de notícias, no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, a convite dos órgãos representativos dos trabalhadores.

Durante o encontro, Isabel Camarinha, acompanhada por uma delegação da CGTP, conheceu todas as secções e departamentos da Lusa, nos quais contactou com os respetivos trabalhadores, representantes e chefias.

No final, foi recebida pelo presidente do Conselho de Administração (PCA) da Lusa, Joaquim Carreira, num encontro onde, além das reivindicações dos trabalhadores e das negociações entre as duas partes, foi também abordada a atratividade das funções de jornalista, a capacidade de reter talento, bem como o valor social da agência.

Nesta reunião, o também administrador da empresa notou que a Lusa deve ser paga pelo seu “papel importantíssimo” e que gostava de ter já este processo de negociação encerrado, mas que tal ainda não foi possível.

“Foi muito importante para a CGTP tomar conhecimento no, local e em direto, com os trabalhadores, da situação que se vive na agência Lusa de desvalorização enorme do salário de profissionais que são importantíssimos para garantir o serviço público no nosso país. A Lusa é uma empresa fundamental, que precisa de preservar e garantir a valorização dos seus trabalhadores, o que não tem acontecido”, acrescentou Isabel Camarinha.

A secretária-geral da CGTP saudou também a união dos trabalhadores na luta pela “suas mais do que justíssimas reivindicações”, acrescentando que a central sindical vai continuar a trabalhar para que os jornalistas e todos os outros trabalhadores vejam os seus salários aumentados.

“O administrador disse que compreende e que até acha justas as reivindicações, mas a verdade é que esta negociação já se prolonga há uma série de meses. É preciso que essa manifestação de vontades se traduza em atos. Foi isso que dissemos ao administrador”, sublinhou.

Isabel Camarinha teceu ainda críticas à forma como o Governo interfere nas empresas públicas, nomeadamente na contratação coletiva, o que referiu levar as administrações das empresas a dizer que “não podem negociar até ao fim porque o Governo não deixa”.

Já sobre as recentes declarações do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, que tem a tutela da Lusa juntamente com as Finanças, sobre a média salarial dos trabalhadores da agência, Isabel Camarinha considerou que “não se deve nivelar por baixo” e que mesmos os trabalhadores que não estão a receber o salário mínimo, atualmente, “também empobrecem a trabalhar”, nomeadamente face ao aumento do custo de vida, que eliminou as diferenças entre salário mínimo e médio.

“Os trabalhadores da Lusa têm um grau de qualificação e de especialização de conhecimentos que exige uma valorização correspondente”, concluiu.

Nos dias 30 e 31 de março e em 01 e 02 de abril, os trabalhadores da Lusa estiveram em greve e, em 13 de abril, decidiram avançar para mais quatro dias de greve entre 09 e 12 de junho, e outros quatro dias, entre 03 e 06 de agosto, exigindo “aumentos salariais condignos”.

Num comunicado divulgado no final deste último plenário, os sindicatos dos Jornalistas (SJ), dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas (SITE CSRA) e dos Trabalhadores do Setor de Serviços (SITESE) recordaram que “os trabalhadores reivindicam um aumento de apenas 100 euros no salário base, para fazer face a 12 anos sem aumentos, ou seja, menos de 10 euros por cada um dos 12 anos”.

Os sindicatos salientaram que “cabe ao Governo intervir, já que o Estado detém a maioria do capital social da empresa”, e criticaram a posição da tutela.

PE (JO) // MSF

By Impala News / Lusa

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