Líderes da UE em Bruxelas para discutir energia, defesa e segurança alimentar

Os líderes da União Europeia iniciam hoje em Bruxelas uma cimeira extraordinária de dois dias, na qual discutirão questões de energia, segurança alimentar e defesa, em todos os casos à luz da guerra na Ucrânia, novamente o tema central.

Líderes da UE em Bruxelas para discutir energia, defesa e segurança alimentar

Este Conselho Europeu voltará a contar com a participação, por videoconferência, do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que na semana passada deplorou a “falta de unidade” entre os 27, numa altura em que os Estados-membros ainda não chegaram a um acordo em torno do sexto pacote de sanções à Rússia, quase um mês depois de apresentado pela Comissão Europeia, face ao bloqueio da Hungria relativamente ao embargo, mesmo que gradual e progressivo, às importações de petróleo russo.

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Na carta-convite dirigida aos líderes dos 27, entre os quais o primeiro-ministro António Costa, Charles Michel começa precisamente por sublinhar a necessidade de a UE continuar unida na resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia. “Desde o primeiro dia, temos sido inabaláveis no nosso apoio humanitário, financeiro, militar e político ao povo ucraniano e à sua liderança. Vamos continuar a exercer pressão sobre a Rússia. A nossa unidade tem sido sempre o nosso ativo mais forte e continua a ser o nosso princípio orientador”, lê-se.

Charles Michel indica então que a primeira sessão de trabalhos da cimeira, com início agendado para hoje às 16:00 locais (15:00 de Lisboa), será consagrada totalmente à Ucrânia, com Zelensky a intervir por videoconferência logo no arranque da discussão. “Uma das nossas preocupações mais prementes é ajudar o Estado ucraniano, juntamente com os nossos parceiros internacionais, com as suas necessidades de liquidez. Também discutiremos a melhor forma de organizar o nosso apoio à reconstrução da Ucrânia, uma vez que será necessário um grande esforço global para reconstruir o país”, aponta.

O dirigente belga indica de seguida que o Conselho Europeu regressará “à questão da energia, incluindo os preços elevados, que estão a atingir duramente as casas e empresas” na UE. “Temos de acelerar a nossa transição energética se quisermos eliminar gradualmente a nossa dependência dos combustíveis fósseis russos o mais rapidamente possível. Com base nas nossas decisões tomadas em Versalhes, discutiremos as melhores formas de levar o trabalho por diante”, indica.

Portugal e Espanha deverão aproveitar este debate para voltar a insistir no papel que a Península Ibérica pode ter na autonomia energética da UE, reforçando a necessidade de serem desenvolvidas interconexões com o resto da Europa, uma questão que voltou a ser discutida entre António Costa e o chefe de Governo espanhol, Pedro Sánchez, num encontro celebrado na quinta-feira à noite em Madrid.

Além da Energia, os líderes vão discutir a questão da segurança alimentar global, cada vez mais na ordem do dia, apontando Charles Michel na carta-convite dirigida às capitais que “a agressão militar russa ameaça ter um efeito dramático na segurança alimentar mundial”, a que urge dar resposta. “Os preços dos alimentos dispararam e estamos a enfrentar sérios riscos de fome e de desestabilização em muitas partes do mundo. Na nossa reunião, iremos discutir formas concretas de ajudar a Ucrânia a exportar os seus produtos agrícolas utilizando as infraestruturas da UE”, diz o presidente do Conselho Europeu.

Também no contexto desta discussão, e dada a especial vulnerabilidade dos países africanos, os 27 terão oportunidade de trocar opiniões com o presidente da União Africana, Macky Sall, que se juntará ao debate também através de videoconferência. Por fim, o Conselho Europeu voltará a discutir o reforço da Defesa europeia, com os 27 a discutirem o estudo encomendado em março à Comissão Europeia sobre as lacunas do investimento na defesa da UE, e apresentado pelo executivo comunitário em 18 de maio.

“A nossa prioridade mais urgente é coordenar os esforços dos Estados-membros para reconstituir os ‘stocks’ e construir uma base industrial europeia. Discutiremos a forma de abordar estas duas questões”, indica Charles Michel.

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