Conselho Constitucional francês rejeita segundo pedido para referendar lei das pensões

O Conselho Constitucional francês rejeitou hoje um segundo pedido para submeter a referendo a nova lei das pensões, que a esquerda apresentou à última hora, antes da promulgação da muito contestada reforma governamental.

Conselho Constitucional francês rejeita segundo pedido para referendar lei das pensões

Conselho Constitucional francês rejeita segundo pedido para referendar lei das pensões

O Conselho Constitucional francês rejeitou hoje um segundo pedido para submeter a referendo a nova lei das pensões, que a esquerda apresentou à última hora, antes da promulgação da muito contestada reforma governamental.

Sem surpresa, o Conselho Constitucional, garante das instituições de França, considerou que a proposta de Referendo de Iniciativa Conjunta (RIC), apresentada por cerca de 250 deputados e senadores, não cumpria os requisitos necessários.

A esquerda está agora apostada numa próxima etapa na Assembleia Nacional, a 08 de junho, dia em que será analisada uma proposta de lei do grupo independente Liot (Liberdades, Independentes, Ultramar e Territórios) para revogar a nova lei das pensões, que aumenta a idade legal de aposentação no país.

No dia a seguir à apresentação da proposta de RIC, o Conselho Constitucional francês validou o essencial da lei das reformas e rejeitou um primeiro pedido de RIC.

A lei foi, em seguida, promulgada pelo Presidente da República, Emmanuel Macron, mas a batalha prosseguiu.

A contestação social, iniciada a 19 de janeiro, foi desencadeada pelo aumento de 62 para 64 anos da idade mínima de aposentação sem penalizações financeiras, medida central desta revisão da lei das pensões que sindicatos e manifestantes consideram “injusta”, em particular para as mulheres e para quem tem trabalhos difíceis, que provocam maior desgaste.

Eram esperadas ações populares hoje, por ocasião do anúncio da nova decisão do Conselho Constitucional, tendo-se concentrado algumas dezenas de pessoas nas imediações da rua parisiense de Montpensier, onde o organismo tem a sua sede.

“Estamos aqui para protestar contra a negação da democracia que marcou todo o processo desta ‘contrarreforma’ da lei das pensões”, disse Nicolas Bouchouicha, ferroviário da Confederação Geral do Trabalho (CGT).

O comandante da polícia municipal de Paris emitiu uma ordem a proibir, entre as 17:00 locais e às 02:00 de quinta-feira (16:00 e 01:00 de Lisboa), qualquer concentração não-declarada, bem como a posse e o transporte de fogo-de-artifício num grande perímetro em torno do Conselho Constitucional.

Com o novo pedido de RIC, os membros do parlamento francês pretendiam, através de uma consulta popular, “proibir uma idade legal de aposentação superior a 62 anos”, ou seja, o que já tinham proposto no primeiro pedido, rejeitado pelos magistrados que garantem o cumprimento da Constituição.

Esses parlamentares completaram a sua proposta com o plano de exigir, também por referendo, uma “contribuição significativa dos rendimentos do capital” para financiar o sistema de pensões – uma necessidade invocada por Macron como principal argumento, a par do envelhecimento da população, para proceder à alteração da lei e forçar a sua aprovação sem a submeter a votação no parlamento, recorrendo a um mecanismo previsto na Constituição que permite fazê-lo.

A última esperança da esquerda, a proposta de lei que pretende revogar a nova lei das pensões, que será apreciada a 08 de junho pela Assembleia Nacional — apresentada pelo grupo independente Liot — está a preocupar o campo presidencial.

Uma votação favorável seria apenas o início de um percurso parlamentar, mas a esquerda tenciona pedir, nesse caso, a suspensão da nova lei.

Por seu lado, as centrais sindicais convocaram para dois dias antes, 06 de junho, uma nova jornada nacional de greves e protestos, para “se fazerem ouvir” pelos parlamentares.

ANC // PDF

By Impala News / Lusa

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