Chefe de gabinete diz que não pediu autorização prévia a Galamba para contactar SIRP

A chefe de gabinete do ministro das Infraestruturas disse que não pediu autorização prévia a João Galamba para contactar o Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP) na noite de 26 de abril

Chefe de gabinete diz que não pediu autorização prévia a Galamba para contactar SIRP

“Não pedi autorização ao senhor ministro previamente ao contacto que fiz com o SIRP”, afirmou Eugénia Correia, na sua audição na comissão de inquérito à TAP, que durou mais de seis horas, depois da audição, com duração semelhante, do ex-adjunto Frederico Pinheiro.

A chefe de gabinete de João Galamba disse ainda que ligou ao secretariado às 21:54 para pedir a chamada para o SIRP, momentos depois do caso que envolveu a saída do ex-adjunto do Ministério com o computador de serviço.

Esta audição foi marcada por várias visões contraditórias, face às afirmações de Frederico Pinheiro, horas antes, na mesma sala.

Questionada sobre o tom de João Galamba no telefonema feito a Frederico Pinheiro em que o despediu, uma vez que o ex-adjunto confirmou na sua audição que o ministro disse que se estivesse ao seu lado lhe dava dois ‘socos’, Eugénia Correia referiu que ouviu “o ministro a falar tranquilamente com Frederico Pinheiro”, embora não tenha acompanhado a totalidade da conversa porque também estava ao telefone.

Questionada pelo deputado do PS Bruno Aragão sobre o ficheiro informático das notas do ex-adjunto tiradas na reunião preparatória do grupo parlamentar socialista com a ex-presidente executiva da TAP, na véspera da audição na comissão de economia, em janeiro, Eugénia Correia afirmou que Frederico Pinheiro se recusou a entregar um ficheiro Word à técnica Cátia Rosas, do gabinete do ministro.

Quanto à intervenção no telemóvel de serviço de Frederico Pinheiro, para tentar recuperar comunicações trocadas com a ex-presidente executiva da TAP e que o ex-adjunto disse que levou a um ‘apagão’ das sua mensagens, Eugénia Correia afirmou que a intervenção foi feita com o ex-adjunto a mexer no seu telemóvel, seguindo indicações do técnico informático que estava ao seu lado.

“O doutor Frederico estava sentado na sua secretária com o telemóvel na mão e estava de pé junto a ele o informático a dar-lhe indicação de como instalar o programa que tentaria fazer a recuperação de uma coisa que não sabíamos se existia, a recuperação de mensagens trocadas com a senhora presidente da Comissão Executiva da TAP, para se tentar obter um comprovativo de que efetivamente tinha sido ela a solicitar a reunião”, explicou.

A responsável disse que “as notas valem nada, porque no mínimo têm de ser aferidas pelos outros participantes” na reunião.

“Se esta reunião não estivesse a ser gravada, eu amanhã podia escrever um papel dizendo que tinha acontecido isto e aquilo. O conteúdo tem de ser confirmado ou infirmado, o que for, porque ninguém que esteve naquela reunião confirma que aquilo foi assim, ou desconfirma também, […] e foi esse alerta que deixei no meu ofício, porque eu não fui perguntar a ninguém se isto tinha confirmação ou não”, apontou.

Eugénia Correia reiterou que Frederico Pinheiro não foi despedido porque tinha notas, mas sim “por ter mentido com quatro testemunhas”.

Confrontada pelo deputado Paulo Rios de Oliveira, do PSD, sobre um email enviado por si à TAP sobre a não realização de uma conferência de imprensa de apresentação dos resultados de 2022, já depois do anúncio da intenção de exonerar os presidentes da companhia, a chefe de gabinete considerou que não foi dada uma ordem para que a conferência não acontecesse, mas sim uma opinião de que não devia acontecer.

Questionada ainda sobre um comunicado enviado à Lusa por cinco elementos do gabinete, incluindo a própria, a acusar Frederico Pinheiro de mentir na audição que ainda decorria, a chefe de gabinete começou por dizer que não tinha lido o referido comunicado e que não estava assinado por si.

Mais tarde, após uma pausa, Eugénia Correia (que prefere este nome apesar de o comunicado referir Eugénia Cabaço) disse que, quando questionada inicialmente, tinha percebido que se tratava de uma assinatura com o seu punho e não a referência ao seu nome, esclarecendo que já tinha tido oportunidade de o ler e que subscrevia “integralmente” o seu conteúdo.

Na reta final da audição, já na terceira ronda, Eugénia Correia confirmou em resposta a Hugo Carneiro, do PSD, que tinha trocado impressões com João Galamba sobre esta inquirição, mas não para qualquer condicionamento ou combinação de respostas.

“Sobre a inquirição, eu não estive a ler respostas, eu não sabia as perguntas que me iam fazer”, realçou.

MPE/JF // VQ

By Impala News / Lusa

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