BCP espera que bancos não sejam usados para desviar atenções de ‘casos e casinhos’

O presidente executivo do BCP disse hoje que espera que os bancos não sejam usados para desviar as atenções do ambiente de ‘casos e casinhos’, tratando-os como os “maus da fita”.

BCP espera que bancos não sejam usados para desviar atenções de 'casos e casinhos'

“Não comento casos e casinhos, só tenho uma preocupação. Quando no ambiente político aparecem muitos casos e casinhos estou habituado a que o foco passe para banqueiros, de repente, os bancos são os maus da fita, é fácil toda a gente apontar aos bancos”, afirmou Miguel Maya, em resposta a jornalistas na conferência de imprensa de apresentação das contas do primeiro trimestre do banco (lucros de 215 milhões de euros).

“Que não haja a tentação de endossar a responsabilidade a terceiros, nomeadamente ao setor financeiro”, vincou.

Questionado sobre as afirmações do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que se referiu aos bancos, Maya disse que “o Presidente da República não está no âmbito dos ‘casos e casinhos’, de maneira nenhuma”, e que tem demonstrado uma “genuína preocupação” com as pessoas.

“Quando o Presidente da República faz uma afirmação como a que fez, a nossa obrigação é saber se há algo mais que possamos fazer e é isso que estamos a fazer”, afirmou.

Já o discurso “a banca paga, a banca não paga as comissões”, considerou, é muito fácil para virar as atenções para a banca, até pelas “muitas histórias do passado”, disse.

No início deste mês, o Presidente da República considerou essencial uma reflexão sobre crédito à habitação em matéria de prazos, taxas e prestações, salientando as nefastas consequências sociais resultantes da subida dos juros e o atual período positivo da banca.

“Há aí um problema que um destes dias tem de se colocar. É que o sistema financeiro, nomeadamente a banca, teve problemas complicados, [mas] neste momento está num período menos complicado. Em termos de crédito malparado está num período mais positivo”, observou.

Ou seja, defendeu Marcelo Rebelo de Sousa que se deve questionar “até onde deve continuar a ir a banca no sentido de compensar os anteriores períodos negativos com este [atual] período positivo”.

O Presidente da República disse que teve acesso a números, embora não dê como garantido o seu caráter exato, segundo os quais a banca “acabou por ter uma margem de proveito no crédito à habitação claramente superior à média europeia”. Logo a seguir, no entanto, ressalvou que em anos anteriores a banca também teve problemas superiores à média europeia.

O BCP divulgou hoje lucros de 215 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano, um aumento de 90% face ao resultado do primeiro trimestre de 2022.

O banco disse que o aumento dos lucros foi conseguido “apesar dos efeitos adversos relacionados com o Bank Millennium”, o banco que o BCP tem na Polónia e onde tem tido perdas relacionadas com créditos concedidos em francos suíços.

Em termos consolidados, a margem financeira (a diferença entre o que o banco cobra nos créditos e paga nos depósitos) subiu 42,9% para 664,6 milhões de euros.

IM (PMF) // CSJ

By Impala News / Lusa

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