António Costa diz que seria péssimo Conselho Europeu não fechar hoje acordo

António Costa espera que o Conselho Europeu chegue hoje a um compromisso sobre o plano de resposta europeia à crise da covid-19, advertindo que «será uma péssima notícia» para a Europa se tal não acontecer.

António Costa diz que seria péssimo Conselho Europeu não fechar hoje acordo

Em declarações à partida para o terceiro dia de cimeira em Bruxelas, António Costa disse acreditar que há «boa vontade de todos em que haja um acordo» sobre o próximo orçamento plurianual da UE e o Fundo de Recuperação, mas notou que tal exige um esforço negocial cada vez maior, pois alguns Estados-membros têm hoje uma «visão utilitarista» do projeto europeu. Considerando que «o dia de hoje é obviamente conclusivo», pois «ninguém vai cá ficar para amanhã», segunda-feira, Costa considerou imperioso «conseguir fechar esse acordo» durante as próximas horas. «Se não o fizermos, será uma péssima notícia para a Europa, um péssimo sinal para todos os agentes económicos e para os europeus», declarou.

António Costa lança advertência aos ‘frugais’

António Costa advertiu todavia que, para se chegar a um compromisso a 27, não podem ser apenas 23 a ceder às reivindicações de quatro, os autodenominados ‘frugais’ – Países Baixos (Holanda), Áustria, Suécia e Dinamarca –, que «também têm de fazer algum esforço, porque até agora todos os movimentos [de aproximação] que têm sido feitos, têm sido feitos em direção àqueles quatro países». Considerando que é «incompreensível a dificuldade das lideranças europeias em chegarem a um acordo rápido» face a uma crise tão profunda e grave, o primeiro-ministro observou que a realidade de hoje na União Europeia é que há «visões profundamente distintas» do que significa fazer parte do bloco comunitário.

«Hoje, os governos já não são os mesmos dos que eram quando se constituiu a União, as situações políticas em muitos países já não são as mesmas do que quando se constituiu a União. O espírito mudou muito e nós temos agora muitas vezes, isso é o que eu sinto, muitos países que estão num fato que já não lhes é confortável. Sabe como é, quando uma pessoa compra um fato, depois engorda, e o fato deixa de servir, ou passa de moda», comentou.

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«Espírito que tem de animar uma União» já não é «partilhado por todos»

Constatando que «aquilo que é o espírito que tem de animar uma União» já não é «partilhado por todos», Costa apontou que é necessário todos fazerem «enorme esforço para compatibilizar numa União aqueles que verdadeiramente têm vontade de estar na União, aqueles que no fundo, no fundo, o que gostariam era de voltar só ao mercado único e à moeda única», e ainda outros que disse estar convicto de que «aquilo que gostariam mesmo de voltar simplesmente a um mercado comum e a uma união aduaneira». «Portanto, hoje há muitas formas de estar aqui na União, e isso condiciona a visão global que há», disse.

Costa considerou que «foi manifesto que ao longo da reunião [do Conselho] se foi tornando mais difícil fechar um acordo» e que «há muitos temas ainda em aberto», mas afirmou-se convicto de que é ainda possível chegar a um compromisso. Ao mesmo tempo, defendeu que só vale a pena chegar a um acordo se for um bom acordo, à altura da dimensão da crise, pois caso contrário tratar-se-á de «uma ilusão» para os europeus. «Não estamos simplesmente a negociar mais milhão, menos milhão para um quadro financeiro normal de circunstâncias normais para executar nos próximos sete anos», disse, reiterando que o que está em causa é uma resposta a uma crise «que a senhora [chanceler alemã, Angela] Merkel já disse que é a maior desde a II Guerra Mundial».

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Fundo de Recuperação de 750 mil milhões para superar a crise da covid-19

Os chefes de Estado e de Governo da União Europeia partem hoje para o terceiro dia de cimeira em Bruxelas ainda longe de um compromisso sobre o plano de relançamento europeu, muito pelas resistências que os ‘frugais’ continuam a colocar. Ao cabo de dois dias intensos de negociações, o Conselho Europeu iniciado na sexta-feira de manhã na capital belga ainda não permitiu que os 27 se aproximassem o suficiente para aprovar as propostas sobre a mesa, de um orçamento da União para 2021-2027 na ordem dos 1,07 biliões de euros e de um Fundo de Recuperação de 750 mil milhões para ajudar os Estados-membros a superar a crise provocada pela pandemia da covid-19, com os países frugais a quererem reduzir os montantes dois dois instrumentos e a reduzirem a proporção de apoios a serem prestados na forma de subsídios a fundo perdido.

No reinício dos trabalhos, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, deverá colocar sobre a mesa uma proposta revista, elaborada ao longo da madrugada, tentando ir ao encontro das diversas reivindicações de cada Estado-membro.

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