Música mais ouvida no Brasil incentiva abusos sexuais (+18)

O tema funk «Só Surubinha de Leve», que lidera o TOP brasileiro de música do Spotify, faz apologia a abusos sexuais e a violência contra as mulheres.

O tema funk Só Surubinha de Leve, que lidera o TOP brasileiro de música do Spotify, faz apologia a abusos sexuais e à violência contra as mulheres. A letra da música de Mc Diguinho inclui vários versos agressivos como «Só surubinha de leve com essas filhas da puta / Taca bebida / Depois taca pica / E abandona na rua».

As críticas à música – e ao próprio Spotify, por permitir que o tema faça parte da sua lista – multiplicaram-se nestes últimos dias. «Não devemos valorizar e partilhar musicas ou artistas de todas as áreas que fortaleçam a cultura da violação, que aumentem os dados do assassinato de mulheres», considera Tamara Naiz.

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De acordo com Naiz, este tipo de conteúdos «apregoam a violência, promovem a misoginia, criam traumas e dores». Se a música «é baixa, ao ponto de tornar a mulher num objeto despejado na rua, ela não serve a mulher, não a representa», considera ainda.

Esta é apenas uma das muitas críticas que ‘entupiram’ a página oficial do Spotify. O desabafo da Tamara Naiz já foi partilhado mais de um milhão de vezes.

A pressão feita nas redes sociais surtiu efeito e o Spotify emitiu esta quinta-feira, 18 de janeiro, um comunicado. «O catálogo do Spotify é abastecido por centenas de milhares de editoras de música, artistas e distribuidoras em todo o mundo.»

Num ano, foram registados no Brasil «135 casos de violações por dia» e outros tipos de abusos sexuais

A detentora da aplicação de música defende-se. Explica que todos «são devidamente avisados sobre as diretrizes». E que, portanto, «são responsáveis pelo conteúdo que entregam».

Desta forma, informam que contactaram a editora «da música Só Surubinha de Leve a respeito do ocorrido». Nessa sequência, terão sido «informados que a faixa será retirada da plataforma nas próximas horas, uma vez que o tema foi trazido à atenção».

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«A música está atualmente no Top Viral, pois teve um pico de consumo nos últimos dias», explica ainda a Spotify.

MC Diguinho, entretanto, reconhece na sua conta Twitter «o conflito de informações devido a toda a repercussão» deste caso e que vive com a «mãe, irmãs e uma sobrinha».

«Jamais iria denegrir a honra e a moral das mulheres», defende-se.

O Brasil tem apostado em campanhas de sensibilização para reduzir o número elevado de crimes contra as mulheres. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2016 foram registados «135 casos de violações por dia».

ALERTA: este vídeo contém linguagem censurável e adverte-se para que menores de idade ou pessoas sensíveis não o vejam.

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