Acusado de matar Fábio Guerra enfrenta pais do agente: “Ninguém merece passar por isto”

Prossegue o julgamento dos ex-fuzileiros acusados da morte do agente da PSP Fábio Guerra. Quarto dia fica marcado pelas palavras de Vadym aos pais da vítima.

Acusado de matar Fábio Guerra enfrenta pais do agente:

O quarto dia do julgamento da morte de Fábio Guerra fica marcado pelas palavras de Vadym aos pais do agente da PSP. O segurança Paulo recorda ter expulsado um rapaz que estava a sangrar. “Estava no segundo piso a tomar conta do andar. Por volta das 5h vejo um grupo numa confusão. É o meu trabalho, fui lá, separei. Vi que um rapaz que estava a sangrar do nariz. Lembro me que quem sangrava era alto, de cabelo preto. [Pereira] Levou uma cabeçada e um soco. Eu vi a confusão a começar. Não vi quem é que deu a cabeçada e o soco. Quem estava na confusão eram 13/14 pessoas, no meio da pista de dança”, começa por explicar em declarações reproduzidas pelo Correio da Manhã.

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“É mais fácil pôr-te na rua a ti, do que treze pessoas”

“O rapaz que foi agredido acho que estava sozinho. O que supostamente deu o soco, estava mais exaltado. Fui ter com esse e perguntei-lhe o que aconteceu. Disse que não foi nada, que já estava tudo resolvido”, adianta. “Pediram-me desculpa. Levei o rapaz a sangrar e levei o lá abaixo. Eles eram muitos. Pensei que era mais fácil por aquele na rua, do que aqueles todos”, acrescenta. “Ele só me dizia ‘eu não fiz nada’. Perguntava-me porque o pus na rua. E eu expliquei: ‘é mais fácil pôr-te na rua a ti, do que treze pessoas'”, aponta.

Paulo ficou a fechar o piso de cima do espaço nortuno e foi alertado pelas colegas do que se estava a passar fora da discoteca. “Fui à janela e vi agressões, na estrada à frente da discoteca”, recorda. “Estavam quatro pessoas a serem agredidas. E dois ou três elementos que estavam na discoteca, envolvidos na primeira situação”. A juíza questiona se eram os polícias. “Quem agredia era o grupo que vi lá dentro. Com socos e pontapés [os arguidos e Clóvis]”. “Um grupo defendia-se e os outros batiam-lhes. “O maior grupo depois foi embora, em direção a Alcântara. Depois soube que estava um rapaz deitado no chão, que era polícia”.

“Só quando desci é que vi uma pessoa no chão. Da janela não tinha visibilidade, por causa dos toldos da discoteca. O que vi foi um grupo a defender-se e outro a atacá-los”, admite. “Vi um deles a bater no peito, o careca [Clóvis]. Um dos que ficaram no local sangrava do sobrolho. O outro da boca”, afirma.

“Vi o Clóvis a atirar uma pedra”

É a vez de Bernardo testemunhar. Conhece Vadym e Cláudio Coimbra. “Estava a despedir-me dos meus colegas, seguranças. E saiu o Clóvis, o Vadym, o Coimbra e o João”, afirma. “Estavam-se a despedir de mim. Do nada, eles estavam de costas, dois rapazes correram em direção a eles e bateram na nuca do Cláudio”, garante. “Deu um murro e o rapaz caiu. Ninguém deu o pontapé na cabeça do primeiro rapaz [Pereira]. Consegui afastá-los e eles não deram pontapé nenhum”, sublinha. “Acho que a cabeça é uma zona fatal. Uma pessoa que cai no chão tenho de protegê-la. Agrediram novamente o Cláudio na nuca”, adianta. “Vi o Clóvis a atirar uma pedra, não sei se acertou. Aliás, garanto aqui que a pedra acertou no muro”, diz.

“Disse ao Cláudio e ao Vadym para irem embora senão continuavam a bater-lhes. Entretanto, fui para casa e um colega do MOME ligou-me às sete da manhã a dizer como estava a vítima”, recorda. “Ninguém queria que aquilo tivesse acontecido. Ficaram surpreendidos por a vítima estar assim”, diz Bernardo. “Isto é Sesimbra”, gritou Clóvis, lembra a testemunha . “Estavam os dois preocupados com o que aconteceu. O Clóvis é que não”, garante. “Se tiver de ser preso, aguento-me”, terá ainda dito Clóvis, segundo Bernardo. A mãe de Fábio Guerra não aguenta as lágrimas.

“Não quero risos. Se voltar a acontecer, saem”

Bernardo diz que Coimbra também podia ter morrido com o soco que levou. A juíza mostra-se incomodada com os risos que surgiram. “Não quero risos. É uma falta de respeito. Se voltar a acontecer, saem da sala”. O julgamento prossegue e a defesa de Vadym interroga-o. “Disse que depois recebe um telefonema que lhe conta o estado da vítima e que entrou em contacto com os arguidos?”. “Estavam preocupados com a situação. Diziam “ei a sério? Não digas isso”, responde Bernardo. “O Clóvis só dizia que se tivesse de ser preso, ia”, acrescenta.

Vadym em lágrimas

Vadym desaba em lágrimas ao ouvir as palavras da professora primária. “Era bom menino, protetor”. Diz ainda que o arguido era um bom menino, protetor e com um futuro pela frente. “Meigo, carinhoso, verdadeiro e sério”, destaca. De resto, o arguido foi protagonista do momento mais intenso até agora do julgamento quando se dirgiu aos pais de Fábio Guerra. “Ninguém merece passar por isto. Vocês também não mereciam. Peço as mais sinceras desculpas. Lamento o que aconteceu”. O julgamento continua na próxima quinta-feira, 20 de abril.

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