Jorge Jesus é ouvido em Tribunal: «Levei com um cinto na cara e no ombro»

Antigo técnico dos leões recorda o ataque à Academia de Alcochete no dia 15 de maio de 2018.

Jorge Jesus é ouvido em Tribunal: «Levei com um cinto na cara e no ombro»

Depois de Rui Patrício ter recordado o ataque a Alcochete no dia 15 de maio, é a vez de Jorge Jesus. O antigo técnico do Sporting dirigiu-se ao Tribunal de Almada para ser ouvido por videoconferência.

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Jorge Jesus começa por recorda a entrada dos atacantes. «Eram tantos… Lembro-me perfeitamente que comecei a correr direto à cabine. Não os vi a entrar, eram muitos, a maior parte da cabeça coberta. Os últimos 4 elementos que fizeram a invasão vinham de cara destapada, um deles reconheci: o Fernando Mendes. Mais de 20 eram de certeza. Parecia a marcha de um pelotão de guerra», afirma o treinador.

«Foi à porta de entrada do vestiário [balneário] que vi o Fernando Mendes e lhe pedi ajuda. Foi antes de entrar no edifício. Pedi para ele impedir aquilo de acontecer. Mas eles já estavam quase todos dentro da cabine do vestiário. Muito fumo, muitos gritos dentro do vestiário. Não consegui chegar à cabine onde estavam os jogadores. Fui agredido e reagi à agressão», recorda, referindo que o agressor fugiu de imediato.

Quando chegou ao balneário «muitos já estavam a sair», conta. Momentos depois, Jorge Jesus recorda que voltou a ser agredido. «O Petrovic viu-me a sangrar. Apareceu outro indivíduo, que trazia um cabo. Também me viu levar um soco. Entrei dentro das instalações e há um que me dá com o cinto na cara e no ombro. Vou atrás dele e quando saio da cabine vejo-os todos. Isto passou-se nos corredores», conta Jorge Jesus. «O Fernando Mendes está perto de mim quando levo um soco», acrescenta.

«Parecia um filme de terror»

O treinador recorda ainda que os dois indivíduos que o agrediram «tinham a cara tapada». «O do soco ia de calções e ténis. Era um jovem de 22, 23, 24 anos. Fernando Mendes não me explicou por que razão estava ali. Dirigiu-se para perto dos outros e começaram a dispersar», relata.

«Um indivíduo entrou com um carro, que reconheci da televisão. Ele só aparece depois daquilo ter acontecido», explica. «’Já viste o que me fizeram?’, perguntei ao Fernando Mendes. Voltei para perto dos meus jogadores. O Bas Dost estava a chorar. Não vi o que se passou dentro da cabine», continua a explicar Jorge Jesus.

Quando entrou no balneário o cenário «parecia um filme de terror», recorda. «O William falou com o Fernando Mendes e com o outro, o Aleluia, acho eu, que também estava de cara destapada. Perguntei ao William quem era aquele que estava a falar com ele. Soube depois que era o Aleluia. Era um dos quatro que acompanhava o Fernando Mendes.»

Bruno de Carvalho apareceu «uma ou duas horas depois»

O treinador do Flamengo recorda que o antigo presidente apareceu a Alcochete pouco depois. «Bruno de Carvalho, passado uma ou duas horas, apareceu na Academia. Falou comigo. Pediu-me para falar com os jogadores. Disse-lhe que não havia condições para falar com os jogadores. ‘Eles não querem falar consigo’, disse-lhe.»

Mudança de hora do treino

O técnico revela que era ele que marcava o horário dos treinos normalmente e que o de dia 15 de maio estava marcado para de manhã. «O treino de 15 de maio é marcado nessa semana com o Vasco Fernandes. Marquei o primeiro dia de treino após o jogo com o Marítimo no domingo. Segunda-feira era dia de folga. O treino estava marcado para terça-feira de manhã. Eu e a equipa técnica fomos convocados para uma reunião em Alvalade, na segunda-feira. Não era normal para uma segunda-feira. Pensámos que íamos ser todos despedidos», recorda.

«Estava lá o presidente e três elementos. Só o presidente falou comigo. Disse que tinha chegado ao fim da linha. A minha continuidade no Sporting, digo. Foi apresentando os argumentos dele. Nunca respondi. Perguntou-me se eu tinha alguma coisa para dizer. Disse que não, que só estava lá para ouvir. Ele disse para eu estar preparado para os advogados do Sporting fazerem um processo, uma nota de culpa. Não sabia muito bem o tempo que ia demorar a fazer essa nota de culpa. Seria de manhã. Respondi que tinha treino de manhã e ele disse que o treino tinha de passar para a tarde. Avisei o Vasco Fernandes, o secretário técnico, dessa hipótese de o treino de terça-feira passar para a tarde.»

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