Wall Street fecha sem orientação apesar da derrapagem do setor bancário

A bolsa nova-iorquina encerrou hoje sem orientação clara, com a derrapagem do setor bancário a ser superada graças às empresas com elevada capitalização e à resistência dos valores defensivos, em contexto de recuo acentuado dos rendimentos obrigacionistas.

Wall Street fecha sem orientação apesar da derrapagem do setor bancário

Wall Street fecha sem orientação apesar da derrapagem do setor bancário

A bolsa nova-iorquina encerrou hoje sem orientação clara, com a derrapagem do setor bancário a ser superada graças às empresas com elevada capitalização e à resistência dos valores defensivos, em contexto de recuo acentuado dos rendimentos obrigacionistas.

Os resultados definitivos da sessão indicam que o índice seletivo Dow Jones Industrial Average baixou 0,28% e o alargado S&P50 perdeu 0,15%, mas o tecnológico Nasdaq progrediu 0,45%.

Wall Street tinha aberto em baixa, receosa com a crise que atingiu o setor bancário dos EUA desde há alguns dias, ao ponto de ter levado as autoridades a garantir, no domingo, a integralidade dos depósitos dos cidadãos do país.

Mas os índices rapidamente recuperaram, para terminarem perto do equilíbrio, em parte graças “aos setores sensíveis à taxa de juro, que subiram graças à queda dos rendimentos das obrigações”, disse, em nota analítica, Edward Moya, da Oanda.

O rendimento das obrigações federais a dois anos baixou de 4,58% na sexta-feira para 3,99% hoje, com esta baixa de 59 pontos-base a ser a mais forte desde a designada Segunda-Feira Negra, em 19 de outubro de 1987.

Os operadores bolsistas reviram totalmente as suas projeções em termos de política monetária e admitem agora que a Reserva Federal trave, e depois inverta, os aumentos da sua taxa de juro de referência até ao final do ano, quando até há pouco o sentimento dominante era o de esperar a continuação de uma marcha forçada no endurecimento monetário.

Esta perspetiva e a brutal descida dos rendimentos obrigacionistas aproveitaram a algumas empresas do setor tecnológico, que dependem fortemente do acesso ao crédito para manterem o seu crescimento.

A praça nova-iorquina contou também com as ‘mega-caps’, as capitalizações gigantes, muitas das quais relativas a conglomerados baseados no setor tecnológico. “Elas têm balanços sólidos e não apresentam riscos” imediatos, comentou Patrick O’Hare, da Briefing.com.

Foram os casos designadamente de Apple (+1,33%), Microsoft (+2,14%) e Amazon (+1,87%), cujas capitalizações superam os quatro biliões (milhão de milhões) de dólares.

Outra nota positiva veio dos valores ditos defensivos, relativos a empresas teoricamente menos sensíveis à conjuntura, como Johnson & Johnson (+0,96%), Procter & Gamble (+0,69%) ou ainda a Coca-Cola (+1,01%).

Ms se estes factores permitiram a Wall Street resistir, “a inquietação permanece quanto aos bancos regionais”, indicou Nick Reece, da Guinness Global Investors.

“Alguns receiam novas falências e o valor das suas ações (desses bancos) laminado e garantem que este não é um risco que desejem assumir”, acrescentou.

Desde logo, está em causa o californiano First Republic, que só hoje perdeu 61,83%.

Apesar do seu estatuto de banco regional, o First Republic não deixa de ser a 14.ª instituição financeira dos EUA e tem ativos superiores a 212 mil milhões de dólares.

Mas também a sofrerem com estes receios estiveram outros bancos regionais, como o Western Alliance (-47,06%), o Cleveland KeyCorp (-24,36%) ou o texano Comerica Bank (-27,67%).

Patrick O’Hare apontou que “há ainda muita apreensão com o facto de estes bancos regionais poderem enfrentar uma forte descida dos seus depósitos, porque os clientes entraram em pânico com o que acaba de ocorrer”.

Contudo, a maior parte dos perdedores de hoje acabaram a sessão a reduzir perdas. Depois de ter atingido o seu máximo em quatro meses, o designado índice do medo, o VIX, que mede a volatilidade do mercado, também baixou com o aproximar do fecho da sessão, a dar a entender que os investidores estavam a recuperar o autocontrolo.

RN // RBF

By Impala News / Lusa

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