Operadoras de jogo em Macau denunciam corrupção pela primeira vez em 2024

Um relatório da autoridade de corrupção de Macau, divulgado hoje, indica que, em 2024, pela primeira vez, “várias empresas de turismo e lazer” apresentaram queixas sobre casos suspeitos de corrupção no setor privado.

Operadoras de jogo em Macau denunciam corrupção pela primeira vez em 2024

“Ao longo do ano, registaram-se, pela primeira vez, casos em que várias empresas integradas de turismo e lazer tomaram a iniciativa de apresentar queixas sobre casos” suspeitos de corrupção no setor privado praticados pelos trabalhadores, lê-se no relatório de atividades do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) de Macau, respeitante ao ano passado.

Referindo-se às operadoras de jogo no território — com propriedades que integram casinos, hotéis e zonas comerciais e de lazer –, o documento nota que estas denúncias demonstram “uma mudança na atitude da sociedade em relação ao tratamento dos casos de corrupção no setor privado”.

“Trata-se, sem dúvida, de um bom começo para o combate à corrupção no setor privado”, acrescenta-se.

Capital mundial do jogo, com receitas que atingem o dobro da cidade norte-americana de Las Vegas, Macau é o único local na China onde o jogo em casino é legal.

Operam no território seis concessionárias – MGM, Galaxy, Venetian, Melco, Wynn e SJM – que renovaram, em dezembro de 2023, o contrato de concessão para os dez anos seguintes e que entrou em vigor a 01 de janeiro de 2024.

Indica ainda o documento do CCAC que o “peso de processos relacionados com o setor privado tem vindo a aumentar de ano para ano, enquanto a percentagem de casos relacionados com o setor público tem vindo a diminuir gradualmente”.

Em 2024, o CCAC concluiu a investigação de dois casos de corrupção no setor privado e encaminhou-os para o Ministério Público, “o que, ao longo de vários anos, era raro acontecer”, afirma-se.

No ano em análise, lê-se ainda, o CCAC recebeu “um total de 768 queixas, denúncias e fontes de notícia” (contra 701, em 2023), incluindo 741 queixas e denúncias apresentadas por cidadãos (676) e 17 processos encaminhados por serviços públicos (10), ou seja, respetivamente, 96,49% e 2,21% do total.

Ainda de acordo com o CCAC, foram instruídos, no ano transato, um total de 293 processos (249, em 2023), bem como 33 casos de apoio à investigação por solicitação de entidades homólogas do exterior (24).

Registou-se também “uma subida da percentagem de casos encaminhados para o Ministério Público”, de nove, em 2023, para 19, no ano passado.

O documento sumariza ainda alguns casos encaminhados para o Ministério Público, nomeadamente casos de fixação de residência por investimento falso e um caso em que dirigentes de uma associação local, no âmbito de pedidos de apoios financeiros, junto do Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia, terão adquirido materiais junto das empresas que controlavam, obtendo assim dinheiro de forma fraudulenta.

Num caso que envolve uma operadora de jogo, o relatório afirma que, entre setembro de 2020 e fevereiro de 2023, um ex-chefe de cozinha, com o poder de contratar, despedir e promover trabalhadores “aproveitou o seu poder funcional para exigir a cinco trabalhadores, seus subordinados, vantagens pecuniárias como contrapartida pela recomendação para admissão nos respetivos cargos e pela renovação dos seus vínculos laborais, o que ascendeu a um valor total de 240 mil patacas (26 mil euros).

CAD // APL

By Impala News / Lusa

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