Julgamento do maior angariador de apostas VIP do mundo começa em Macau

O julgamento por associação criminosa e branqueamento de capitais de Alvin Chau, antigo diretor executivo do maior angariador de apostas VIP do mundo, a Suncity, começa hoje em Macau.

Julgamento do maior angariador de apostas VIP do mundo começa em Macau

O julgamento por associação criminosa e branqueamento de capitais de Alvin Chau, antigo diretor executivo do maior angariador de apostas VIP do mundo, a Suncity, começa hoje em Macau. O julgamento de Chau e de mais 20 arguidos arranca às 14:45 (08:45 em Lisboa) no Tribunal Judicial de Base.

Segundo a acusação, citada pelo portal noticioso GGRAsia, o Ministério Público (MP) de Macau acredita que o grupo criminoso alegadamente liderado por Chau levou a região administrativa especial chinesa a perder cerca de 8,26 mil milhões de dólares de Hong Kong (1,06 mil milhões de euros) em receitas fiscais desde 2013.

O MP identificou 92 testemunhas que poderão ser chamadas a depor no julgamento. As autoridades de Wenzhou, na província de Zhejiang, no leste da China continental, acusaram Chau de liderar uma vasta rede que captava apostadores para salas de jogo e casas de aposta ‘online’ a operar além-fronteiras.

Mais tarde, o MP de Macau acusou oficialmente Chau da prática dos crimes de participação em associação criminosa (punível com pena de prisão até dez anos), chefia de uma associação criminosa (até 12 anos de prisão), branqueamento de capitais (até oito anos de cadeia) e de exploração ilícita do jogo (até três anos).

A decisão foi tomada após interrogatório de 11 arguidos e dada “a gravidade da natureza dos referidos crimes, nomeadamente o seu enorme impacto e abalo causados à exploração lícita do setor do jogo de Macau e à estabilidade da ordem financeira” do território, indicou o MP, em comunicado.

Em 2019, no curso de uma investigação, a Polícia Judiciária de Macau detetou a existência de um grupo criminoso a aproveitar as operações das salas VIP para criar redes de plataformas de jogo para angariar residentes do interior da China para jogo ‘online’ ilícito.

De acordo com uma nota das autoridades chinesas, Chau é acusado de estabelecer uma empresa de gestão de ativos na China continental para facilitar a troca de ativos por fichas de jogo, de forma a contornar o restrito controlo de saída de capitais no continente e facilitar a cobrança de dívidas contraídas pelos clientes.

O empresário também terá criado uma plataforma ‘online’ de jogos de azar nas Filipinas e em outros locais, em 2016, visando facilitar o jogo transfronteiriço. A polícia de Wenzhou apurou ainda a utilização de canais ilegais, como bancos clandestinos, no fornecimento de serviços de liquidação de fundos para apostadores. Chau terá aliciado, no total, 80 mil apostadores do continente.

O julgamento de 35 associados de Chau em Wenzhou terminou em 12 de agosto, com todos os arguidos a declararem-se culpados, anunciou o Ministério Público da cidade chinesa, na rede social WeChat. A detenção em novembro de Alvin Chau atingiu de forma muito significativa a indústria do jogo de Macau.

O número de licenças de promotores de jogo em Macau emitidas para este ano pela Direção de Inspeção e Coordenação de Jogos caiu de 85 para 46. As receitas do jogo VIP nos casinos de Macau fixaram-se em 6,8 mil milhões de patacas (842,4 milhões de euros) na primeira metade de 2022, menos 61% do que no mesmo período de 2021.

Impala Instagram


RELACIONADOS