Agricultores manifestam-se contra política de preços baixos à produção e ameaçam paralisar Lisboa

Os agricultores de todo o país vão manifestar-se no dia 14 de junho, em Lisboa, contra a política de preços baixos à produção, disse à Lusa um dirigente da Confederação Nacional da Agricultura.

Agricultores manifestam-se contra política de preços baixos à produção e ameaçam paralisar Lisboa

Pedro Santos lamentou que “aquilo que os agricultores conseguem retirar da sua atividade, principalmente os pequenos e médios agricultores, muitas vezes, mal lhes chega para cobrir os custos dos fatores de produção”, nomeadamente os “custos com a energia, com os combustíveis, com os preços das rações, fertilizantes e produtos fitofarmacêuticos”.

Segundo o dirigente do CNA, “são custos que o produtor não consegue fazer repercutir nos preços, porque há uma política tremenda de baixos preços à produção e depois dificulta muito ter um rendimento justo daquilo que é a atividade que pratica.”

Considerando que “há uma grande pressão por parte da grande distribuição em manter esta política de preços baixos à produção”, Pedro Santos denunciou que “há todo um enquadramento legal derivado daquilo que é a aplicação da Política Agrícola Comum [PAC] que permite que o mercado funcione desta maneira”.

O dirigente entende que Portugal, que assume neste período a presidência do Conselho da União Europeia, “tem uma responsabilidade acrescida” para a “regulação do próprio mercado de forma a acabar com estas práticas desleais e que levam ao abandono de milhares de pequenos e médios agricultores”.

Foi nesse sentido que a CNA e a União dos Agricultores do Distrito de Leiria realizaram uma concentração em Pombal, alertando para a “reforma da PAC”, que “mantém omissa a regulação do mercado”.

A manifestação do dia 14 de junho serve “para alertar não só para o custo de produção, mas para tudo aquilo que é a PAC, os seus impactos nos agricultores e no mundo rural”.

“Houve um caminho de uma completa desregulação do mercado que vai continuar a ser percorrido e não se altera de forma significativa”, reforçou.

Pedro Santos admitiu que os apoios podem ser uma contribuição, mas também estas ajudas “são muito mal distribuídas” e, “mais uma vez, os pequenos e médios agricultores são os maiores prejudicados, porque muitos nem acesso têm a estes apoios”.

O dirigente da CNA considerou que é “preciso regulamentar a forma como as grandes cadeias de comercialização operam em Portugal”.

“Alguns avanços já foram tidos, mas vemos que a autorregulação não funciona e é precisa uma regulação maior e mais musculada”, frisou.

Pedro Santos desafiou ainda o Estado a dar o exemplo nos circuitos de comercialização. “O melhor exemplo que pode dar é fomentar a compra de produtos locais principalmente provenientes da agricultura familiar quando está a abastecer as suas cantinas públicas. Tudo isso poderá ser uma forma de melhorar o rendimento dos agricultores pagando-lhes o preço justo.”

O dirigente reivindicou ainda “mais ajudas”, sobretudo, para a agricultora familiar.

“Não é o que tem acontecido nos últimos anos, com o apoio à chamada agricultura mais competitiva, mais industrializada, de grande dimensão e com outra capacidade. Há que haver aqui uma inversão dessa política”, condenou.

O dirigente da União dos Agricultores do Distrito de Leiria, António Ferraria, reforçou que “a ‘bazuca’ dos fundos europeus só vai chegar aos grandes produtores e é muito difícil aos pequenos e médios agricultores acederem a esses apoios”.

“Os altos custos de produção e o baixo preço de venda dos produtos têm levado ao envelhecimento dos agricultores e ao abandono da agricultura. Tudo isto, aliado aos problemas dos javalis e veados que destroem as culturas”, referiu ainda António Ferraria.

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