Sexo a três na Web Summit: Eu, tu e a tecnologia

Se na primeira edição da Web Summit em Portugal o CEO do Tinder, Sean Rad, trouxe o amor, este ano, o sexo veio com as mulheres.

Com cerca de 70 mil participantes, 1200 startups e 800 oradores, a Web Summit é a prova de que a tecnologia já não é algo a que meramente recorremos, mas sim, com que vivemos. Como uma segunda sombra, a tecnologia estende-se a todas as áreas da nossa vida: no trabalho, na saúde, nas relações e… no sexo. E no último dia da Web Summit 2018, tomou-se consciência sobre como a tecnologia entrou no quarto e como está a reformular (ou estimular) as relações, o prazer e a libertação sexual.

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Mas desta vez, o prazer falou-se no feminino. Um painel exclusivamente de mulheres da área de sextech (indústria que liga o prazer sexual à tecnologia), tomou a palavra e passou a conversa para cama.

«Masturbação é a forma mais natural de meditação»

O número de startups e empresas que se focam na área de sextech tem aumentado exponencialmente nos últimos anos. Longe da pornografia e mais perto do orgasmo, este negócio especializa-se em brinquedos sexuais inteligentes focados numa «sexualidade saudável» com vista no prazer.

Fugindo do tabu e dos objectos sexuais focados no «ego masculino», esta indústria, para além de querer deixar no passado os estereótipos de género, quer «normalizar» o discurso sobre o sexo, em prol de relações sexuais com menos «ideias pré-concebidas do que é o prazer» tanto com os outros como a solo.

«Tem de se falar de sexo. Toda as pessoas fazem. A única questão é só se vamos continuar a falar na clandestinidade ou não?», disse Stephanie Alys, co-fundadora da empresa de sextech Mistery Vibes.

«A forma como se vive o prazer está a mudar. Está mais livre e a tecnologia tem acompanhado e impulsionado esta mudança», acrescenta Alexandra Fine, co-fundadora da sextech Dame Products.  Numa perspectiva de que cada um deve explorar sem preconceitos a sua sexualidade, as três mulheres concordaram que o sexo tem hoje mais funções do que as apenas reprodutivas ou relacionadas com o orgasmo. «A masturbação é a forma mais natural de meditação», exemplificou Alexandra Fine.

Dildos que se dobram, a importância das sensações e a personalização do prazer

Para dar forma às palavras, as empresárias mostraram à audiência vários brinquedos sexuais que desenvolveram nos seus negócios. Desenhados por engenheiros de IT, estes verdadeiros gadgets sexuais apresentavam designs minimalistas, com materiais que proporcionam o maior conforto. Mas acima de tudo, os vibradores «que tiraram dos bolsos» apresentaram uma tecnologia pensada para se adaptar ao corpo e aos movimentos de cada um. O objectivo é comum e claro: personalizar o prazer.

Stephanie Alys explicou ainda que, antigamente, quando se falava de brinquedos sexuais falava-se das características dos aparelhos. Para que parte do corpo serviam, se vibravam ou não, de que tamanho eram, etc. Aqui a ideia é diferente, «a pergunta que se deve fazer é o que é que o aparelho faz sentir», destacou Stephanie Alys. «E essa deve ser a pergunta que fazemos ao nosso parceiro: ‘o que é que queres sentir? Assim, existe muito mais liberdade e novas coisas para descobrir», concluiu.

 

 

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Hope everyone is having a wonderful pride weekend! 🏳️‍🌈 sending love from the gorgeous island of Obonjan in Croatia 🌈

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Alexandra Fine revelou que, apesar de só comercializar produtos para mulheres, cerca de «35% dos produtos são vendidos a homens», o que «é representativo tanto da mudança de como o homem vive a sexualidade hoje, como da forma como a mulher a explora».

No entanto, nem todo o preconceito foi superado. No que diz respeito à publicidade, Polly Rodriguez, CEO da sextech Undound Babes, salientou que as empresas deste sector não podem fazer publicidade no universo online. No entanto, «produtos associados à sexualidade masculina, como o viagra, já podem. É uma política muito sexista. Porque os homens só conseguem procriar se ejacularem e as mulheres não, o prazer feminino continua a ser tabu».

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Texto: Mafalda Tello Silva - Redação Win - Conteúdos online

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