Realizador Bong Joon-ho diz-se “uma pessoa muito estranha” e faz história nos Óscares

O sul-coreano Bong Joon-ho, que fez história ao vencer quatro Óscares com o filme “Parasitas”, disse nos bastidores da cerimónia que é “uma pessoa muito estranha” e que se limitou a fazer o que sempre fez.

Realizador Bong Joon-ho diz-se

“Foi o mesmo processo a fazer este filme, mas tivemos resultados incríveis”, disse o realizador, que por vezes falou em coreano com uma intérprete a traduzir e, noutras vezes, respondeu às perguntas diretamente em inglês. “Ainda parece surreal, sinto que alguma coisa me vai atingir e vou acordar deste sonho”.

“Parasitas” venceu os Óscares de Melhor Filme, Melhor Realização, Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Argumento Original. Quatro Óscares, o recorde da noite de domingo, nesta edição dos prémios da Academia.

A ovação à vitória na categoria mais cobiçada da noite, a de Melhor Filme, foi a maior de toda a noite tanto no Dolby Theatre como nos bastidores, por onde os vencedores foram passando com as estatuetas douradas.

A distinção fez história porque nunca um título estrangeiro tinha vencido o Óscar de Melhor Filme, tendo o favoritismo recaído em “1917”, de Sam Mendes. “Parasitas” já tinha arrecadado o prémio na categoria internacional.

Bong Joon-ho salientou o facto de o seu filme anterior, “Okja”, ter sido uma coprodução entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos que não conseguiu grande alcance. “Mas ‘Parasitas’, que é um filme puramente coreano, conquistou maior entusiasmo das audiências em todo o mundo”, afirmou. “Isso faz-me pensar que talvez quanto mais fundo eu for nas coisas que me rodeiam, maior alcance a história poderá ganhar e maior apelo terá para uma audiência internacional”.

Segundo disse, considera que as legendas já não são uma barreira para os espectadores, porque há serviços de ‘streaming’, YouTube e redes sociais, num ambiente em que todos estão ligados a todos. “Penso que, naturalmente, chegará um dia em que quando um filme em língua estrangeira ganhar, não terá tanta importância”.

Joon-ho mencionou que as divisões entre filmes asiáticos, europeus ou norte-americanos são desnecessárias. “Se perseguirmos a beleza do cinema e nos focarmos no charme individual que cada obra tem, iremos ultrapassar estas barreiras”.

O realizador também falou da sua vitória como melhor realizador frente a ícones da indústria, em especial Martin Scorsese, do qual disse ser um grande admirador. “Ter sido nomeado com ele foi uma grande honra”, declarou, revelando que está a trabalhar em dois novos projetos, um em coreano e outro em inglês.

Na sala de entrevistas, a produtora Kwak Sin Ae disse que ganhar apenas um Óscar já seria uma tremenda celebração e que vencer quatro categorias não dava para imaginar. “Mas imaginei em tempos o que seria ganhar Melhor Filme. Significa que este filme foi votado pelos membros da Academia, e percebi que isso assinalaria o início de um tipo diferente de mudança para o cinema internacional, não apenas para a Coreia”.

Além de Bong Joon-ho e Kwak Sin Ae, Han Jin Won também levou uma estatueta pela coautoria do guião de “Parasitas”, que foi escolhido como Melhor Argumento Original da 92.ª edição dos Óscares.

 

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