Miguel morreu ao cair de uma altura de 35 metros. Estava ao cuidado da patroa da mãe

Sari Corte Real ficou indiciada por homicídio culposo, mas já está em liberdade após pagar fiança

Miguel morreu ao cair de uma altura de 35 metros. Estava ao cuidado da patroa da mãe

Em plena pandemia que afeta duramente o Brasil, Mirtes Renata de Souza continuou a trabalhar  na casa de Sari Corte Real, a mulher de Sérgio Hacker, prefeito de Tamandaré. Com escolas fechadas, a mulher viu-se obrigada a levar consigo o filho Miguel, de cinco anos.

Sérgio anunciou em abril estar infetado com o vírus, mas nem isso levou o casal a prescindir de empregada.

Mirtes foi à rua passear os cães do casal e deixou o filho aos cuidados da patroa. Miguel morreu nessa tarde, ao cair de uma altura de de 35 metros, do nono andar.

Sari, a patroa, fazia a manicure enquanto Miguel perguntava pela mãe incessantemente.

Imagens do circuito interno de segurança do edifício mostram a mulher a falar ao telemóvel enquanto segura a porta do elevador. No vídeo, alguém, que não o menino, carrega nos botões do sétimo e nino andar.

Miguel saiu no nono andar e subiu a uma caixa de ar condicionado de onde caiu, de uma altura de 35 metros. Morreu depois do embate.

Sari Corte Real ficou indiciada por homicídio culposo, mas já está em liberdade após pagar fiança

“A responsabilidade legal naquela circunstância era da moradora. A criança estava sob sua responsabilidade. Ela tinha o poder e o dever de cuidar da criança e impedir, em última análise, o trágico resultado que adveio”, disse o delegado Teixeira.

Onda de revolta no país

Com o caso de George Floyd como pano de fundo, o caso de Miguel tem sido comentado com fortes críticas.

“A nossa supremacia branca é assim. Não tivemos leis segregacionistas, como nos Estados Unidos, mas temos o mesmo princípio de que algumas pessoas são mais humanas do que outras”, afirmou a historiadora Luciana da Cruz Brito, professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e especialista em história da escravidão, abolição e pós-abolição no Brasil e nos EUA entrevistada pela BBC Brasil

“A morte do pequeno Miguel Otávio, trágica perda para a família, consterna a todos nós. Estamos tristes e comovidos, neste momento de luta pelo respeito à vida”, postou em seu Twitter o governador de Pernambuco Paulo Câmara. “Mais um retrato da casa-grande brasileira. De um lado, a empregada doméstica obrigada a trabalhar em plena pandemia. Do outro, a patroa mais preocupada c/ o passeio do cachorrinho do que com a vida de uma criança negra. E o racismo despedaça mais uma família. #justicapormiguel”, disse o deputado Marcelo Freixo.

A hashtag #justiçapormiguel tornou-se um dos trends.

“É triste e indignante a morte de Miguel. É impossível não ver em toda esse episódio terrível o recorte de classe e as marcas do racismo estrutural que rege as relações sociais no Brasil e que se refletem com muito mais força no trabalho doméstico”, disse Luciana Santos, a vice-governadora de Pernambuco.

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