“Maior perigo das celebrações é que se transformem em cerimónias fúnebres” – BE

O BE considerou hoje que “o maior perigo das celebrações de Abril é que se transformem em cerimónias fúnebres” e defendeu que um “Governo que se esconde na vitimização” não cuida da semente da revolução, recusando afogá-la “em formol”.

“Um governo que se esconde na vitimização com a pandemia ou a guerra, que se transforma numa agência de publicidade e ‘powerpoints’ em que já ninguém acredita, por muitos cravos que espete ao peito, não cuida da semente de Abril”, acusou Catarina Martins na última sessão solene comemorativa do 25 de Abril na Assembleia da República como líder do BE.

Recorrendo a várias frases da música “Tanto Mar”, que o brasileiro Chico Buarque compôs em homenagem à Revolução dos Cravos, a líder do BE alertou que “o maior perigo das celebrações de Abril é que se transformem em cerimónias fúnebres” com “palavras repetidas, cravos esquecidos no peito, frases feitas, declarações antifascistas em tom inflamado e sem nenhuma tradução concreta”.

“E se sempre que o bafio fascista se faz sentir, no parlamento como na vida, estaremos juntos sem hesitação para o combater, recusamos determinadamente a subalternização de todos os debates substanciais da política às arruaças da extrema-direita. Queremos uma democracia que faça germinar a semente de abril. Recusamos afogá-la em formol”, enfatizou.

A líder do BE elogiou “todo um povo que cuida dessa semente”.

“É dessa semente que cuidam os professores que saem à rua, os milhares que exigem habitação, saúde e vida digna, que marcham pela igualdade, que ocupam pelo clima. Que bonita é essa festa, que enche ruas e avenidas, que resiste e propõe, em que nos encontramos e encontraremos. Essa é a semente e o compromisso da esquerda. É dessa semente que nascerá a alternativa política, popular, que se constrói a cada dia”, enalteceu.

Se “é certo que se sente o cheiro do bafio em tantos cantos do mundo, que se propagam os fungos do ódio nas caves escuras das redes sociais, que até pode haver manchas de bolor num parlamento democrático”, para a coordenadora do BE “não é menos certo que estes fungos podem ser derrotados e que o bafio desaparece sob o mesmo sol que germina semente”.

“Saibamos nós cuidar a semente de Abril”, pediu.

A intervenção de Catarina Martins terminou tomando de novo emprestadas as palavras de Chico Buarque: “‘Canta a primavera, pá’. Façamos a festa hoje. Viva o 25 de Abril”.

JF // JPS

By Impala News / Lusa

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