«Temos de deixar de comer peixe que viaja mais do que nós», alerta chefe Hélio Loureiro

Hélio Loureiro, reputado chefe de cozinha, marcou presença no Festival do Peixe e Marisco de Matosinhos, onde partilhou o fogão com a Presidente da Câmara, Luísa Salgueiro.

O chefe de cozinha Hélio Loureiro marcou presença no Festival do Peixe e Marisco de Matosinhos, num showcooking em que dividiu o fogão com a presidente da Câmara, Luísa Salgueiro. À margem do evento e em declarações ao Portal de Notícias da Impala, o reconhecido chefe, presença semanal no programa da RTP Praça da Alegria, teceu duras críticas aos «maus hábitos que ainda hoje se praticam». «Tenho trabalhado muito na divulgação da gastronomia com diminuição de sal. Este festival relembra a proximidade que devemos ter com os nossos produtos.

«Temos de deixar de comer peixe que viaja mais do que nós durante uma vida inteira»

«Baixar o sal é essencial por uma questão de saúde, mas usar produtos que estão próximos do nosso habitat também é importante. Temos de deixar de importar quinoa ou abacate, que vêm do outro lado do mundo, ou comer peixe que viaja mais do que nós durante uma vida inteira. Este festival relembra bem a proximidade que devemos ter com os nossos produtos. Andamos a brincar com o Planeta. Temos de voltar às nossas raízes e à nossa cultura tradicional, baseada na proximidade, na sazonalidade e na biodiversidade», explicou Hélio Loureiro.

Antigo cozinheiro da Seleção Nacional de Futebol elogia nova geração

O chefe de cozinha quis ainda deixar claro que esta opinião não é «retrógrada». «Quando falo em tradição, falo em transmitir e não ficar preso ao passado. É pegar no que é bom e é nosso. Não é ser retrógrado. As tradições reinventam-se», sublinhou. O cozinheiro, que já foi responsável pela alimentação na Seleção Portuguesa de Futebol, referiu ainda a existência de «uma nova geração, com 20 e poucos anos, que olha para a gastronomia com outro olhar». «Há uma geração que falhou porque quis ir buscar raízes culturais orientais ou sul-americanas. Esta nova geração foi buscar aquilo que a minha tentou fazer e orgulhar-se da cozinha tradicional portuguesa», concluiu.

Duras críticas de Hélio Loureio aos responsáveis pelo setor hoteleiro

Hélio Loureiro teceu ainda duras críticas aos responsáveis pelo setor da restauração onde «ainda se exige um horário de trabalho de 12 a 14 horas diárias». «Não se veem mais mulheres na cozinha por causa das horas de trabalho. Sou totalmente contra aquela ideia peregrina que ainda existe de que um chefe deve trabalhar 14 horas por dia. Foram tantos anos de luta dos trabalhadores para terem um horário de oito horas e outros direitos que não se pode continuar a fazer isto. Acontece isto no nosso país e estão em causa a Liberdade, a Democracia e os Direitos. Trabalhar 14 horas não permite a uma mulher o direito de engravidar, de ter filhos e de ser mãe presente, assim como um homem», concluiu

Festival do Peixe e Marisco até domingo, 1 de setembro

A 2ª edição do Festival do Peixe e Marisco (Jardim Senhor do Padrão) termina no próximo dia 1 de setembro. Para além dos pratinhos de degustação disponíveis nos stands, o evento conta com a participação dos restaurantes de Matosinhos. São mais de 70 os que aderiram, com menus produzidos para o festival: uma entrada, um prato, uma sobremesa, um copo de vinho e um café (preços entre os 15 e os 30 euros). A entrada no evento é gratuita.

Texto: Cynthia Valente | WiN Porto

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