Dux sobre tragédia do Meco: «Ninguém foi obrigado a nada»

Após pausa para almoço, a audiência recomeçou. João Gouveia, o Dux, explicou que os jovens foram de livre vontade para o Meco e que a Universidade Lusófona não teve qualquer tipo de envolvimento no fatídico fim de semana.

Dux sobre tragédia do Meco: «Ninguém foi obrigado a nada»

Durante a manhã, João Gouveia recordou, novamente, como tudo se passou.

“Levámos com uma onda lateral, basicamente. E, do que me recordo, fui empurrado para a zona de rebentação. Lembro-me de não ter pé, de levarmos com mais ondas, em jeito de máquina de lavar. Quando fui levado, a primeira vez que me recordo de vir ao de cima, recordo-me de ver alguns deles. Depois, das outras vezes, não”, disse João Miguel Gouveia, citado pelos meios de comunicação presentes.

Questionado pelo juiz como foi capaz de salvar-se, o Dux explica que não sabe se “há uma resposta para isso. Não sei se me desenvencilhei. Sei que consegui livrar me da capa que tinha ao pescoço”, afirma.

Após pausa para almoço, a audiência recomeçou. João Gouveia, o Dux, explicou que os jovens foram de livre vontade para o Meco e disse ainda que a Universidade Lusófona não teve qualquer tipo de envolvimento no fatídico fim de semana.

«Tínhamos um amizade fora dali», garante Dux

Além disso, quando confrontado sobre se as vítimas sempre demonstraram adesão totalmente livre e voluntária às praxes, João Gouveia respondeu que sim.

A defesa do único sobrevivente começa por questioná-lo sobre a sua relação com as vítimas. “Era amigo das vítimas?”. O Dux responde: “Sim. Mais íntimo da Carina, Catarina e Joana mas amigo de todos. Dava-me com todos”.

A defesa lembra ainda que as vítimas também praxavam os caloiros que entregavam na universidade. As praxes aos caloiros eram coordenadas pelos representantes de cada curso. Todas as 6 vítimas eram representantes dos respetivos cursos.

“Ninguém foi obrigado a nada”, afirma. “Tínhamos uma amizade fora dali”, acrescenta.

«Não sabia que o meu filho estava envolvido em praxes»

José Campos, pai de Tiago Campos, começa a falar. O corpo do filho e de Catarina foram os primeiros a ser encontrados, logo no dia seguinte à tragédia.

Começa por dizer que não sabia que filho ia em fim de semana de praxe, para o Meco. O jovem tinha terminado o curso de Comunicação Aplicada, Marketing e Relações Públicas em junho de 2013 e inscreveu-se para o mestrado.

“Não sabia que o meu filho estava envolvido em atividades de praxe”, declara.

Fala agora o pai de Ana Catarina Soares, José Soares. Conta que soube que filha ia de fim de semana para a zona de Sesimbra. “Sei que foi o namorado que a transportou para lá, mas só no sábado, os outros chegaram na sexta. Ela estava a fazer um estágio num hotel, em Lisboa”, recorda.

O pai diz que não sabia que a filha era representante do curso nem que pertencia à comissão de praxe. “Qualquer jovem que fosse representante de algum curso sentir-se-ia orgulhoso“, afirma, sublinhando que Ana Catarina frequentava a licenciatura em Turismo.

Ana Catarina disse aos pais que ia de fim de semana para combinar as praxes do ano seguinte, 2014, e por isso ia de traje. “Sinceramente ela não ia de muito boa vontade. Só ia mais contente porque ia com o namorado. Mas não a vi de muito boa vontade naquele dia”, recorda o pai da jovem.

Sessão retomada amanhã

Termina a sessão. Vítor Parente Ribeiro, advogado das famílias falou ao CM à saída. “O julgamento só vai começar na próxima semana. Hoje era importante ouvirmos o João Gouveia. Apareceu, já é um bom princípio. Sete anos depois deu a cara, apareceu, apresentou a sua versão dos factos e agora vamos confrontá-lo com o que dizem as outras testemunhas”, relatou.

O advogado dos pais das vítimas da tragédia lamentou que se tenha condicionado o facto de os pais das vítimas não poderem ter ouvido o depoimento do Dux João Gouveia. A sessão será retomada esta quarta-feira e vão continuar a ser ouvidos os pais das vítimas.

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