Covid-19: Variante do Reino Unido em “crescimento exponencial” em Portugal

A variante do vírus SARS-Cov-2 detetada no Reino Unido está em “crescimento exponencial” em Portugal, afirmou um investigador do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, que estima que a taxa de crescimento semanal atinja os 90%.

Covid-19: Variante do Reino Unido em

“Estimamos também que dentro de três semanas cerca de 65% de todos os casos de covid-19 em Portugal sejam causados pela variante do Reino Unido“, declarou João Paulo Gomes numa audição conjunta com outros especialistas em saúde pública na Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia e do processo de recuperação económica e social, no parlamento.

Questionado sobre o grau de transmissibilidade desta variante, o coordenador do estudo sobre diversidade genética do SARS-CoV-2 em Portugal afirmou que é cerca de 50% mais transmissível.

Se a variante do Reino Unido tinha em dezembro “um peso modesto”, neste momento tem “um peso muito sensível no número de casos de covid-19 em Portugal”, disse, considerando que “funciona como um contrapeso muito considerável às medidas de confinamento”.

Na audição, João Paulo Gomes contou como a variante foi entrando no país. “Os alertas internacionais começaram a surgir em meados do mês de dezembro.”

“Apesar de ter sido reportada inicialmente no final do verão no sudeste do Reino Unido, à medida que foi ganhando prevalência no Reino Unido começaram os relatos da sua presença e espalhamento noutros países e Portugal não foi exceção”, relatou.

O INSA começou a investigar e começaram a surgir os primeiros casos em dezembro. “Esses casos terão sido associados naturalmente com o massivo regresso dos nossos emigrantes a trabalhar no Reino Unido durante o mês de dezembro e também muitos turistas britânicos que vieram passar férias durante o mês de dezembro também a Portugal”, contou.

Portanto, terão ocorrido “imensas introduções” durante o mês de dezembro, disse, lembrando que na primeira quinzena de dezembro os viajantes do Reino Unido não eram obrigados a apresentar um teste negativo, nem tão pouco eram obrigados a ser testados nos aeroportos portugueses.

“Isso mudou e a partir de janeiro do mesmo do ano passaram todos a ser testados. No entanto houve muitas introduções e isso fez com que a variante do Reino Unido se espalhasse muito rapidamente”, sublinhou.

À data de hoje, estima-se que entre 35% e 40% dos casos totais de covid-19 em Portugal já sejam causados por esta variante.

Mais de 101 milhões de casos de covid-19 em todo o mundo

Em termos de evolução da sua prevalência se no início do mês de dezembro, as estimativas apontavam que não passaria de um percentual mínimo de 1%, neste momento “está em crescimento exponencial”.

Sobre o motivo de haver mais casos em Lisboa e Vale do Tejo, disse que por ser talvez a região para os quais há “dados mais robustos, mais consistentes”.

Também questionado sobre a variante do Brasil, o investigador do INSA disse que ainda não foi detetada em Portugal, mas ressalvou que não pode assegurar com certeza este facto.

“Posso dizer, no entanto, que estamos a fazer rastreios de base mensal em colaboração com um enorme consórcio laboratorial espalhada por todo o país para fazermos umas largas centenas de amostras com uma representação geográfica”, adiantou.

João Paulo Gomes afirmou que o foco agora é em casos suspeitos com historial de viagem no âmbito da colaboração e da informação que recebem das autoridades de saúde pública.

A atenção é nos casos de pessoas que vieram infetadas do Brasil ou que tiveram contacto com casos positivos com historial de viagem relevante, neste caso o Brasil, sendo as amostras correspondentes enviadas para o INSA para serem sujeitas à análise de caracterização genética por sequenciação, avançou.

No que diz respeito à variante da África do Sul, disse que até agora foi identificado apenas um caso, mas as autoridades de saúde têm feito chegar alguns casos suspeitos ao laboratório.

“Agora temos a correr uma sessão de caracterização genética com alguns desses casos e, portanto, em alguns dias poderá ou não haver novidades”, rematou João Paulo Gomes.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.191.865 mortos resultantes de mais de 101 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 11.886 pessoas dos 698.583 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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