EXCLUSIVO | «Os 2 milhões de máscaras só dão para alguns dias», alerta Ordem dos Médicos

Miguel Guimarães, Bastonário da Ordem dos Médicos, considera essencial que «os profissionais de Saúde façam testes em massa» à Covid-19.

EXCLUSIVO | «Os 2 milhões de máscaras só dão para alguns dias», alerta Ordem dos Médicos

Em entrevista ao Portal de Notícias, Miguel Guimarães deixa vários alertas e fala sobre a evolução da pandemia da Covid-19 no nosso país. Neste momento, Portugal já registou 12 óbitos por infeção do novo coronavírus. Contudo, o perfil desses pacientes ainda não foi divulgado pela DGS. «A DGS não nos deu esses dados e a Ordem dos Médicos quer esses dados para poder estudar o perfil desses doentes», sublinha. Questionado sobre os relatos de médicos que dão conta de que sentem dificuldade em serem eles próprios testados, mesmo tendo estado em contacto com doentes positivos, o responsável diz acreditar que, em breve, «fará sentido que os profissionais de Saúde façam testes em massa». O bastonário refere ainda que está a ser utilizado um novo teste noutros países da Europa que «possibilita o resultado em apenas 15 minutos» e que é «mais barato».

Máscaras de proteção para quem lida com infetados com Covid-19

Segundo o Bastonário da Ordem dos Médicos, existem cerca de dois milhões de máscaras, o que é «suficiente apenas para alguns dias». «Com o aumento de casos, vamos precisar de 20 ou 30 milhões. A falta de equipamento de proteção pessoal é o fator mais crítico neste momento», frisa. O responsável afirmou esta semana que 20 por cento dos infetados com Covid-19 são profissionais de saúde. No Hospital São João, explicou, todas as pessoas recebem máscara e fato para entrar. Contudo, «o mesmo não se verifica noutros hospitais do país».

«Próxima semana é crítica»

«A próxima semana vai ser crítica para perceber em que situação vamos estar. Temos condições para não ficarmos como a Itália ou a Espanha, mas já não iremos a tempo de nos aproximarmos de Macau, onde, com 10 casos positivos, todo o país parou», explica Miguel Guimarães. O melhor cenário, diz, seria «o crescimento começar a abrandar, tendo 80 casos novos, e ver a curva de infetados a aplanar». «Se tivermos aumento de mil casos durante 30 dias temos capacidade de resposta. Mas o mesmo número em apenas três dias criaria uma rutura no SNS», afirma.

Miguel Guimarães mostra-se otimista quanto ao sucesso das medidas implementadas pelo Governo. «O conjunto de medidas implementadas vai ter impacto, embora tivéssemos de ter começado mais cedo. Não julgo que seja necessário ir mais longe, para já, porque a maioria dos cidadãos está a cumprir o isolamento social», refere. Para evitar a rutura do SNS, Miguel Guimarães defende que devem preparar-se já as alternativas. «Temos de olhar para o setor privado e para a sociedade civil e coordenar esforços. Devemos preparar uma resposta adequada para evitar a rutura do SNS», conclui.

Texto: Cynthia Valente | WiN Porto

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