Covid-19: Estão 150 portugueses retidos na Argélia sem resposta do Governo

Portal de Notícias Impala falou em exclusivo com o treinador de futebol Francisco Chaló, que pretende regressar a Portugal.

Covid-19: Estão 150 portugueses retidos na Argélia sem resposta do Governo

Centena e meia de emigrantes portugueses na Argélia estão a tentar regressar ao nosso país, por causa do crescente número de casos  da Covid-19 naquele país. Em exclusivo ao Portal de Notícias Impala, Francisco Chaló, de 56 anos, treinador do Paradou Athletic Club, explica que o grupo fretou um avião, mas não consegue prosseguir viagem porque o espaço aéreo para Portugal está interdito. «As pessoas pagaram 400 euros, quando numa altura normal seriam 200, para poder regressar a casa, mas não têm como sair», esclarece. O técnico refere ainda que os seus dois adjuntos, André Mota e Miguel França, conseguiram sair do país na passada segunda-feira, mas «tiveram de fazer escala em Istambul».

Perigo acrescido de contágio pela Covid-19

As escalas, segundo Francisco Chaló, são um perigo acrescido nesta altura de pandemia. «Estarmos quase 200 pessoas dentro de um avião já é perigoso. Quanto mais fazer escalas e andar pelos aeroportos. Quero sair daqui. Queremos todos ir para casa, para junto das nossas famílias, mas não de forma precipitada. Um voo direto é essencial para minimizar os riscos», sublinha. O treinador do Paradou, que tem feito sucesso na Argélia, onde é apelidado de tiki-taka pelo futebol praticado, está em isolamento voluntário em casa. «Eu estou bem. Estou sozinho em casa e vou ficar assim até conseguir regressar a Portugal», garante.

«O egoísmo, nesta altura, tem de ser banido»

O técnico ressalva que o isolamento, quando conseguir entrar no nosso país, vai continuar. «Tenho onde ficar sozinho antes de me juntar à minha mulher e aos meus filhos. O egoísmo, nesta altura, tem de ser banido.» O técnico português descreve a situação na Argélia de «complicada», apesar dos «números oficiais estarem em quatro mortos e 80 infetados». «Ainda na semana passada as pessoas brincavam com a situação aqui. Entretanto, começaram rapidamente a tomar decisões. As mesquitas, por exemplo, estão fechadas», explica. Francisco Chaló comparou o risco de regressar sem fazer um período de quarentena com o caso da Argélia, que esteve a receber emigrantes radicados em França, sem controlo. «Tudo começou com uma família de 18 pessoas. Agora, não os deixam regressar», diz.

Embaixada manda «aguardar»

O treinador contactou a embaixada portuguesa na passada segunda-feira, dia 16 de março, e mandaram-no «aguardar». No dia 17, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou a suspensão das ligações aéreas de fora e para fora da União Europeia por um período de 30 dias. As exceções, referiu, são os países extracomunitários onde há «forte presença de comunidades portuguesas», como Canadá, Estados Unidos, Venezuela e África do Sul e os países de língua oficial portuguesa. Quanto ao repatriamento de cidadãos portugueses que se encontrem fora do espaço comunitário, o chefe do Governo garantiu que, no Conselho Europeu extraordinário, foi decidida «maior articulação» entre todos os Estados-Membros.

Os 150 portugueses voltaram «diversas vezes» a tentar contactar as autoridades portuguesas, que «deixaram de atender os telefones». O Portal de Notícias questionou ontem à tarde, 18 de março, o Ministério dos Negócios Estrangeiros, mas do gabinete do ministro, Augusto Santos Silva, nem uma palavra até ao momento.

Texto: Cynthia Valente | WiN Porto | e Luís Martins | WiN Lisboa

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