ChatGPT vai acelerar tarefas laborais, mas anular profissões

O presidente da Associação Portuguesa para a Inteligência Artificial disse hoje que ferramentas como a ChatGPT permitem acelerar tarefas laborais e aumentar a produtividade, mas vão levar ao desaparecimento de profissões como motoristas, maquinistas ou programadores.

ChatGPT vai acelerar tarefas laborais, mas anular profissões

Em declarações à margem de um seminário sobre Inteligência Artificial e o ChatGPT  – Disrupção Pedagógica no Ensino, que decorreu nesta segunda-feira, 13 de fevereiro, no Porto, o presidente da Associação Portuguesa para a Inteligência Artificial (APPIA), afirmou que as novas aplicações e ferramentas de Inteligência Artificial (IA) como o ChatGPT vão destruir muitos empregos. Mas, por outro lado, vão também permitir ao ser humano trabalhar menos e ser mais feliz.

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“No futuro, esta revolução da IA e da robótica, que vai surgir a seguir, vai retirar emprego. Mas o que penso, sobretudo, é que os humanos vão trabalhar menos no futuro. Trabalhar menos em tarefas mais interessantes, deixando para as máquinas grande parte das tarefas menos interessantes”, diz Luís Paulo Reis, considerando que o objetivo da IA é ajudar o ser humano a ser mais feliz, tendo as máquinas a trabalhar para e com a espécie humana.

O cientista da era da Inteligência Artificial e da Robótica reconhece, todavia, que a automação em geral, a transição digital, a digitalização, a inteligência artificial e a robótica vão retirar muitos empregos. “Há empregos que vão desaparecer. O emprego de camionista, maquinista, motorista de autocarro; muito destes empregos, muito provavelmente, vão desaparecer num futuro próximo. E muito outros vão desaparecer, inclusivamente o emprego do programador básico que faz programas simples. Neste momento, é facilmente substituível por uma IA, que é capaz de programar com descrição de alto nível um programa equivalente ao que essa pessoa faria”, explica.

No entanto, há outros empregos que vão ser potenciados, como os “empregos mais criativos”, ressalva. Os modelos de inteligência artificial generativa, como os ChatGPT, são capazes de a partir de um texto simples gerar, criar textos extremamente complexos, com resposta a questões, com criação de novas questões, criação de conteúdo, peças jornalísticas, programas para disciplinas do ensino superior ou do ensino secundário, respostas a exames, criar inclusivamente exames, são capazes de ajudar a criar todo o tipo de textos ou desenvolver tarefas que levaríamos imenso tempo a desenvolvê-las e que podemos desenvolver muito mais rápido, exemplificou Luís Paulo Reis.

Em termos de benefícios, o cientista refere que o ChatGPT vai permitir, sobretudo, a “aceleração” do trabalho do dia a dia, “na forma de aprendizagem” ou na “forma de desenvolvimento de trabalho científico”. “Usando este tipo de ferramentas, conseguimos acelerar imenso e ser muito mais produtivos”. Há também riscos de fraude, alerta e, por isso, vai ter de haver um “modelo rigoroso para que a IA seja treinada com dados corretos”.

“Estamos a chegar a um novo mundo com a IA, em que as tarefas intelectuais dos humanos deixam de ser exclusivas dos humanos e parece que as vão fazer melhor do que nós. A tecnologia é imparável e temos de nos adaptar aos novos desafios”, defende, lembrando que, no passado, os tratores também substituíram os cavalos.

O cientista recorda que já existem robôs comerciais que nos representam, mas ainda muito simples, e que no futuro vai haver aplicações, robôs que podem representar o ser humano em reuniões e que vão poder controlar-se à distância. O presidente da Associação Portuguesa de Inteligência Artificial acredita que as pessoas que trabalham no meio de IA não vão ter falta de emprego.

O cientista diz que os estudantes que estão a terminar agora o 12.º, e que queiram seguir esta área, devem seguir engenharia informática de computação ou a área da Inteligência Artificial e Ciência de Dados, em que há já um curso de cooperação entre a Faculdade de Ciências e de Engenharia da Universidade do Porto.

“Esta área é excelente, até a nível de vencimento para os profissionais que se licenciam, sobretudo que fazem mestrados ou doutoramentos nesta área, conseguem excelentes empregos em empresas de topo, na Google, na Google DeepMind Technologies, na Sonny, nas grandes empresas mundiais, porque é uma área que precisa de imensos profissionais muito qualificados que sejam capazes de criar as novas ferramentas de IA e os novos robôs”.

Questionado sobre quais as qualidades que os alunos devem ter para entrar nestes cursos de IA, o especialista e professor na faculdade de Engenharia do Porto com mais cerca de 400 publicações em revistas científicas sublinha que os alunos precisam de ser “inteligentes”. “A inteligência é aquela capacidade de resolver novos problemas através da utilização de conhecimento”, explica, elencando que a matemática mostra muitas vezes a inteligência, porque a matemática “é isso”.

“Vamos resolver sempre novos problemas utilizando o conhecimento. O método para resolver um problema” ou “qualidades interpessoais” são todos importantes para realizar um curso destes no ensino superior.

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