Campo Maior acorda com azáfama de operações de limpeza após enxurrada

Ainda com muitas marcas da forte chuvada que caiu em Campo Maior, no distrito de Portalegre, a zona da vila mais afetada está numa ‘azáfama’, com moradores e funcionários da câmara envolvidos nas operações de limpeza.

Campo Maior acorda com azáfama de operações de limpeza após enxurrada

Ainda com muitas marcas da forte chuvada que caiu em Campo Maior, no distrito de Portalegre, a zona da vila mais afetada está numa ‘azáfama’, com moradores e funcionários da câmara envolvidos nas operações de limpeza. Enquanto duas máquinas tentam remover lama e pedras arrancadas e levadas pela enxurrada, dezenas de pessoas entreajudam-se para retirar a lama das casas, lavar mobílias e eletrodomésticos e carregar os bens danificados para o lixo. Sacos pretos com artigos estragados e outros objetos pessoais soltos ainda cheios de lama são colocados em carrinhas de caixa aberta, que andam num verdadeiro ‘vaivém’ por ruas estreitas do centro da vila para levar o lixo.

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Vanda Coelho, que vive com a família no n.º 8 da Rua da Lagoa, conta à agência Lusa que já perdeu a conta aos sacos que já encheu com bens que se estragaram com a água e lama que entraram em casa na madrugada de terça-feira. “Os eletrodomésticos estão todos avariados, ficou tudo cheio de água. Tudo o que estava cá em baixo [no rés-do-chão da casa], desde a casa de banho, a sala e a cozinha, está danificado e não sobra nada”, assinala.

Com a porta e a janela que dão para rua abertas e enquanto o marido ainda a tentar perceber se há móveis e eletrodomésticos que têm conserto, Vanda diz que só sobraram os bens que estão nos quartos, no 1.º andar do prédio. “Temos que aventar tudo para o lixo”, pois “o que não está partido não funciona” e até as “fichas da luz não funcionam”, realça, prevendo “muitos meses de trabalho” na sua casa e “começar novamente do zero”.

Entreajuda é visível

Em plena rua, várias pessoas apontam jatos de água de mangueiras para frigoríficos, máquinas de lavar roupa, cadeiras e sofás ‘carregados’ de lama, enquanto outros tentam empurrar para o exterior com pás e vassouras a lama que persiste nas casas.

É o caso da moradia de uma prima de Nuno Branca, em que a água da chuva que entrou na habitação chegou “mais ou menos aos dois metros” de altura, poupando apenas o primeiro andar, ainda que tenha subido “sete degraus” das escadas. “Só agora é que conseguimos chegar à última [divisão da] casa para tirar bens e andamos de roda da lama, que é mais que muita”, refere à Lusa Nuno Branca, frisando que na casa da prima, para já, se salvaram “alguns pratos, que, por sorte, não se partiram”. As marcas da altura a que chegou a água ainda são visíveis nas paredes exteriores das casas e no chão ainda há muita lama, mas os funcionários da autarquia abriram as tampas dos esgotos para facilitar o escoamento.

Enquanto o sol espreita e a chuva dá tréguas, José Varela, que tem uma empresa de aluguer de som e luz e um armazém onde guarda material na Rua da Lagoa, aproveita para secar na rua os equipamentos de iluminação que foram lavados. “Tem sido muito duro”, confessa, relatando que no armazém da empresa está “tudo molhado” e que do material eletrónico de som e luz que guardava apenas “uma pequena percentagem” pode ser recuperado.

Estimando prejuízos “acima dos 100 mil euros”, José Varela ainda tem esperança que alguns equipamentos tenham “hipótese de recuperar, com algum tratamento de secagem, lubrificação ou produtos”. “O que é para o lixo vai para o lixo e o que achamos que possa ter recuperação guardamos para tratamento futuro”, mas uma verificação “a fundo” terá que ser feita “cabo por cabo, aparelho por aparelho”, o que vai “levar semanas ou meses”, salienta.

Numa das ruas que dá acesso ao Largo do Barata, a força das águas da chuva arrancou os paralelos da calçada e derrubou um muro, arrastando terra e pedras para as zonas mais baixas desta zona da vila.

Presidente da Câmara acompanha operações de limpeza

A acompanhar de perto as operações de limpeza, o presidente da Câmara de Campo Maior, Luís Rosinha, nota que o concelho regista mais danos provocados pelo mau tempo, mas salienta que “houve uma preocupação grande com esta zona” da vila. Segundo o autarca, foi onde houve “habitações totalmente submersas, com dois metros de altura de água”. Elogiando o espírito de entreajuda da população, o responsável coloca-se “ao lado” dos habitantes afetados pela enxurrada para “ajudar no que for possível”.

Esta zona da vila ficou alagada e várias casas foram inundadas, algumas com água até ao teto, segundo a câmara municipal, que acionou o Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil.

A chuva intensa e persistente que caiu de madrugada causou hoje centenas de ocorrências, entre alagamentos, inundações, quedas de árvores e cortes de estradas nos distritos de Lisboa, Setúbal e Portalegre, onde há registo de vários desalojados. No Alentejo, o distrito de Portalegre foi o mais afetado pelo mau tempo, sendo o concelho de Campo Maior um dos mais atingidos.

 

 

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