
Cabo Verde aprovou 20% de linha de apoio à retoma económica até finais de 2022
Ao responder às perguntas dos deputados na primeira sessão parlamentar do ano no parlamento cabo-verdiano, Olavo Correia referiu que o plano de retoma económica tem várias componentes, mas a mais visível é o financiamento através de linhas de crédito às empresas privadas, operacionalizado em abril do ano passado.
Com um montante de 9 mil milhões de escudos (81 milhões de euros), segundo Olavo Correia, até finais de 2022 tinham sido aprovados dois mil milhões de escudos, o que corresponde a mais de 20% do total.
De acordo ainda com o membro do Governo, essa linha pode ser aumentada, se for utilizada na sua totalidade. “Isto é relevante”, salientou o também ministro das Finanças do arquipélago, destacando uma “boa taxa de utilização”.
“Vamos acelerar a execução em 2023, e se o montante for totalmente utilizado, estaremos em condições de aumentar o valor”, prometeu o vice-primeiro-ministro.
O governante salientou também que o grau de inadimplência (falta de cumprimento) tem sido mínimo, destacando, por isso, um “grande nível” de cumprimento por parte das empresas cabo-verdianas que vêm recorrendo ao ecossistema para obtenção de garantias de crédito bancário.
“O que nos motiva, caso a linha for utilizada na sua totalidade, aumentar essa linha porque é do benefício das empresas, mas também do país, mas sobretudo para aqueles que trabalham nas empresas que são as pessoas, que são os cabo-verdianos em todas as ilhas”, insistiu.
Em abril, o Governo de Cabo Verde, através do Ministério das Finanças e do Fomento Empresarial, assinou uma adenda ao protocolo celebrado anteriormente entre a sociedade estatal Pró Garante e todos os bancos comerciais do país para a operacionalização das linhas de apoio ao crédito no quadro no plano de retoma pós-covid-19.
Do valor total aprovado para abranger as micro, pequenas e médias empresas, 30% é destinado ao crédito de apoio à tesouraria, ou seja, para reforçar a liquidez das empresas, enquanto os restantes 70% são para crédito ao investimento.
As linhas de crédito serão concedidas em condições excecionais, nomeadamente taxas de juros não superior a 3,5%, período de carência de capital e juros até 6 meses, prazo máximo até 5 anos para apoio a tesouraria e até 10 anos para investimentos.
Cabo Verde recupera de uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística – setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago – desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19.
Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento de 7% em 2021 impulsionado pela retoma da procura turística.
Para 2022, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia, nomeadamente a escalada de preços, o Governo, suportado pelo Movimento para a Democracia (MpD), baixou em junho a previsão de crescimento de 6% para 4%, que, entretanto, voltou a rever, para mais de 8% e já na semana passada para 10 a 15% e prevê uma inflação recorde de 8% para este ano.
O Orçamento do Estado para 2023 de Cabo Verde, aprovado no parlamento em novembro e promulgado pelo Presidente da República, José Maria Neves, está avaliado em 77,9 mil milhões de escudos (712 milhões de euros), e prevê um crescimento económico de 4,8% do PIB e uma inflação inferior a 4%.
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By Impala News / Lusa
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