Arménia diz que mais de 28.000 refugiados entraram no país

Cerca de 28.120 refugiados entraram até agora na Arménia procedentes de Nagorno-Karabakh, território separatista de população maioritariamente arménia onde o Azerbaijão efetuou uma ofensiva relâmpago na semana passada, indicaram hoje as autoridades arménias.

Arménia diz que mais de 28.000 refugiados entraram no país

Arménia diz que mais de 28.000 refugiados entraram no país

Cerca de 28.120 refugiados entraram até agora na Arménia procedentes de Nagorno-Karabakh, território separatista de população maioritariamente arménia onde o Azerbaijão efetuou uma ofensiva relâmpago na semana passada, indicaram hoje as autoridades arménias.

O Azerbaijão abriu hoje a única estrada que liga aquele enclave à Arménia, seis dias após a capitulação dos separatistas e um acordo de cessar-fogo que colocou Nagorno-Karabakh sob o controlo de Baku.

O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) pediu hoje respeito pelas leis humanitárias e proteção para os milhares de pessoas, na maioria arménios, que estão a abandonar o enclave de Nagorno-Karabakh após a ofensiva militar azeri que pôs fim a 30 anos de autogoverno.

“As operações de passagem segura só devem organizar-se se as pessoas decidirem ir-se embora, não devem separar membros da mesma família e deve ser prestada especial atenção às pessoas doentes, feridas, aos mais velhos, às grávidas, aos deficientes e aos menores não-acompanhados”, indicou a organização num comunicado.

O CICV, especializado na mediação e assistência humanitária em zonas de conflitos, mostrou-se disposto a agir como mediador neutro, facilitando operações de retirada segura de pessoas.

“As nossas prioridades são garantir a proteção das pessoas que se vão embora e das que optam por ficar”, afirmou a organização no comunicado.

Segundo o CICV, a situação humanitária no enclave montanhoso continua precária, com escassez de alimentos e medicamentos essenciais, além de cortes nas telecomunicações que dificultam a muitas pessoas o contacto com os familiares.

A organização ajudou na semana passada a retirar 50 pessoas com necessidades médicas urgentes e enviou 66 toneladas de ajuda humanitária, incluindo 1.500 litros de combustível para abastecer geradores e instalações médicas.

A Cruz Vermelha é o único organismo que conseguiu nos últimos dias fazer chegar ajuda humanitária à população de Nagorno-Karabakh, depois de para tal receber autorização das autoridades azeris.

A 24 de setembro, as autoridades da autoproclamada república de Nagorno-Karabakh, que capitulou após a operação militar lançada no dia 19 pelo Azerbaijão, anunciaram que os cidadãos que ficaram sem casa poderiam deslocar-se para a vizinha Arménia se assim o desejassem.

O resto dos cerca de 120.000 habitantes que pretendam deixar a região que será integrada no Azerbaijão poderá fazê-lo após concluída a saída dos deslocados e desalojados, indicou o Centro de Informação da autoproclamada república.

O Presidente azeri, Ilham Aliev, prometeu que os direitos das pessoas de Nagorno-Karabakh seriam respeitados, mas o primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinian, denunciou que está já a decorrer a “limpeza étnica” daquele território.

Hoje, os Estados Unidos anunciaram 11,5 milhões de dólares (10,8 milhões de euros) de ajuda humanitária para os milhares de refugiados que desde domingo abandonaram a região de Nagorno-Karabakh.

O anúncio foi feito por Samantha Power, a diretora da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento (USAID), ao visitar o centro humanitário instalado pelas autoridades arménias na localidade fronteiriça de Kornidzor.

“O dinheiro destinar-se-á a comprar alimentos e também a custear a ajuda social e psicológica”, indicou a responsável da USAID à imprensa.

O Alto-Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) declarou-se hoje “profundamente preocupado” com o número crescente de pessoas em fuga para a Arménia nos últimos dias, apelando para a proteção de civis e o total respeito das leis internacionais humanitárias e dos refugiados.

“Este conflito que dura há décadas, e que voltou a reacender-se, deslocou muitos milhares de pessoas, [e] as nossas equipas estão no terreno a tentar fornecer ajuda imediata. Precisamos de nos certificar de que os civis são protegidos e que a assistência humanitária chega a quem dela necessita”, declarou o Alto-Comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, citado em comunicado.

Segundo o ACNUR, o Governo da Arménia está a criar estruturas de coordenação, com o seu apoio e o dos parceiros da ONU.

Além disso, a agência especializada das Nações Unidas indicou estar também a “codirigir o plano de contingência e de resposta interagências com o Gabinete do Coordenador Residente da ONU para apoiar a resposta do Governo”.

A terminar, o ACNUR reiterou o seu apelo às partes para que “se abstenham de ações que possam causar mais deslocações de civis e garantam a sua segurança e os seus direitos humanos”, porque “ninguém deveria ver-se obrigado a abandonar a sua casa”.

ANC // PDF

By Impala News / Lusa

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