David Xavier ‘mãos-de-tesoura’, o cabeleireiro a quem as famosas se entregam

Em pleno confinamento devido à covid-19, David Xavier não baixou os braços. Decidiu apostar tudo o que tinha num novo espaço de cabeleireiro no coração de Lisboa e assim nasceu o Atelier Chiado Hair Salon.

É um dos cabeleireiros mais conhecidos do País e, em pleno confinamento devido à covid-19, David Xavier não baixou os braços. Decidiu apostar tudo o que tinha num novo espaço de cabeleireiro no coração de Lisboa e assim nasceu o Atelier Chiado Hair Salon. Inaugurado em janeiro de 2018, na Rua Almirante Pessanha, o Atelier Chiado Hair Salon subiu de nível e está agora no primeiro andar do antigo Palácio dos Valadares, agora Palácio do Sacramento, naquela que foi em tempos a cozinha e o refeitório da primeira Casa de Estudantes da Universidade de Lisboa.

Nascido e criado na margem sul, mais propriamente no Laranjeiro, em Almada, David Xavier tem hoje 34 anos, mas foi aos 15 que se apaixonou pela arte dos cabelos quando «roubava a chave do salão» da mãe e ia fazer «brincadeiras com amigas e amigos». Dessas brincadeiras inocentes, surgiu um dos mais aplaudidos cabeleireiros portugueses da atualidade, que tem feito percurso não só em Portugal como também um pouco por toda a Europa.

Dois meses depois da abertura dos salões de cabeleireiro, o Portal de Notícias sentou-se com David Xavier, mas não foi para cortar o cabelo. Foi para entrevistá-lo.

David Xavier, como nasceu a paixão pelo mundo dos cabelos?

A paixão pelos cabelos nasceu desde pequenino, quando ainda gatinhava e comia cabelos das clientes com bolachas maria no salão da minha mãe, no Laranjeiro. É uma paixão que nasce comigo. Foi uma passagem da minha mãe para mim, pode dizer-se assim. Depois, aos 15 anos, começou a ser mais à séria. Cheguei a roubar as chaves do salão da minha mãe e a ir às quartas-feiras, atender amigos meus e fazer experiências de coloração. Foi assim que nasceu.

A mãe teve então um papel importante neste aspeto.

A minha mãe foi a minha primeira mentora. Antes de me formar, tirei os cursos de cabeleireiro em Londres, foi a minha mãe que me ensinou tudo. Foi ela a grande responsável por ser o que sou hoje. Foi a minha mãe que me deu as bases todas para voar. Foi ela que me deu as bases clássicas todas.

O David fez o secundário na área de artes e teve para seguir a via universitária. Em que medida estas experiências ajudaram-no a ser o profissional de excelência que é hoje?

Não segui a universidade por opção. Já estava demasiadamente focado na arte dos cabelos. Queria arquitetura. Hoje sou arquiteto de cabelos. [risos]. As artes, a geometria descritiva, foram cruciais para ser o cabeleireiro que sou hoje. Fazer o vertente de artes no secundário deu-me o sentido estético e crítico que hoje tenho. Se tenho noção de enquadramentos, é graças a esse percurso.

Este ano celebra 19 anos de carreira, são quase duas décadas. Como se constrói uma carreira tão sólida quanto a sua? O que foi determinante para ter o reconhecimento que tem hoje?

Ainda não tinha feito bem as contas. Não sei se faço 19 anos, mas devo estar lá perto. A minha carreira foi construída graças ao meu esforço e empenho em querer ser melhor. Acredito que comecei a ser mais conhecido desde que coloquei as extensões à minha amiga Sofia Ribeiro. Aconteceu já à quatro anos quando a Sofia interpretava a Soraya em A Herdeira da TVI. As pessoas começaram ainda mais a olhar para mim de forma mais profissional. Passei a ser admirado não só pelos meus clientes, mas pelo público em geral. Também já era relativamente conhecido entre os meus colegas. Estive muitos anos envolvido com a Alfaparf na área a formação como com a Henkel.

O David é, com a sua idade, dos cabeleireiros em Portugal com mais formação dentro e fora do país. Porque é que sente a necessidade de se formar constantemente e sobretudo, no estrangeiro?

A formação é a base de qualquer cabeleireiro. Opto por ir fora buscar formações por uma única razão: gosto de estar na vanguarda do que se faz na arte dos cabelos. E gosto de trazer essas boas-novas para Portugal. Gosto de trabalhar também com quem sabe, com quem cria tendências e isso é possível no estrangeiro. Em Portugal, não há ainda ninguém com essa projeção. Talvez o Cláudio Pachedo, do Chiado Studio, ou o André Neto Oliveira, do John Studio, comecem a ter nestes últimos tempos. Mas serão os únicos em território nacional.

Aos 19 anos abriu o primeiro salão em seu nome, o Dx Cabeleireiros. Aos 25, abriu o Dx Concept que ainda está de portas abertas em Almada. Há dois anos abriu o Atelier Chiado Hair Salon. O que o leva a marcar a sua assinatura em cada espaço que abre?

Eu sempre gostei de “assinar” os cabelos, que tivessem a minha assinatura. Sempre gostei que as pessoas soubessem que aquele cabelo, que aquele corte, que aquela coloração tinha sido feita por mim. E isso acontece. Eu sou pela harmonia do cabelo e isto porque o cabelo é a moldura do rosto. É o cabelo que dá a beleza à face.

Porque escolheu Lisboa para abrir o Atelier Chiado Hair Salon? Qual é a história do Atelier Chiado? Qual é a identidade deste espaço?

Escolhi Lisboa porque é na capital que tudo acontece. O novo salão vai continuar com a mesma essência do anterior Atelier Chiado, isto é, qualidade e exclusividade em todos os serviços prestados. Contudo, o conceito cresce, tal como o espaço. Se antigamente o Atelier Chiado estava situado numa antiga taberna do pós Terramoto de 1775, agora, está situado no primeiro andar do Palácio do Sacramento, que data de 1290.

O sítio em concreto do Atelier Chiado Hair Salon é o antigo espaço de refeitório e cozinha da primeira casa de estudantes da Universidade de Lisboa. Este contexto histórico não podia ser ignorado por mim e inclui-o neste novo projeto. Para além disso, o que gosto muito de fazer, para além de estar a trabalhar em salão, é de produções de espetáculos e de moda ou editoriais. Assim, trouxe estes mundos todos ao novo Atelier Chiado. O passado, o pressente, a cultura, os bastidores, a arte, o conhecimento, a cozinha e o refeitório, tudo isto misturado com o meu mundo, os cabelos.

Acho que o resultado final dá uma misturada muito interessante. Vou manter também a parceria com a L’Oréal Professionnel e com a Kérastase Portugal, marcas que, em conjunto com o meu trabalho e a minha técnica, garantem aquilo a que chamo de qualidade no trabalho de cabeleireiro. Os representantes destas marcas, em particular o Luís Lemos e o Luís Fernandes, têm-me dado muito apoio e incentivado a continuar nesta “aventura” num tempo tão incerto.

O David é conhecido por ser dos cabeleireiros mais criativos e artísticos em trabalhos de corte, coloração, extensões e penteados como também em mudanças de visual radicais. Como se consegue ser excelente em quase todas as áreas da profissão de cabeleireiro?

Tal como já disse, eu sou obcecado pela perfeição. E sou apaixonado pela minha arte. Sou extremamente focado em querer aprender mais. Acho que estes elementos são as justificações para ser essa excelência que reporta.

Já esteve envolvido na elaboração de várias coleções de cabelo importantes no mundo da moda. O que nos pode dizer sobre isso?

Nada [risos]. Temos contratos de confidencialidade e de sigilo. Mas são experiências que ficam, para sempre, na minha memória.

Sabemos também que tem alguns clientes bastante conhecidos a nível nacional e internacional. Também não nos pode dizer nada sobre isso?

Pouco também [risos]. Os nacionais, não há nenhum que não publique fotografias comigo, por isso, é público que são meus clientes e também amigos. Os internacionais, tenho de me recatar quanto à sua divulgação. O que interessa é que trabalho com eles. A divulgação é acessória.

Já passaram mais de dois meses desde que o Estado permitiu a abertura dos salões. É dos que pensa que este confinamento trouxe coisas positivas ou que trouxe coisas negativas?

[Risos] Sou dos que estou no meio [risos]. Em nenhuma pandemia há um lado positivo. Não pode haver. Há demasiadas vítimas, a maioria completamente inocente e alheia a esta crise. Há demasiadas empresas destruídas, há demasiadas famílias que perdem o chão… o desconhecido não tem nada de positivo. Veja o meu caso: tinha acabado de assinar um novo contrato para arrendar uma nova loja. Para além das rendas da nova localização do Atelier Chiado Hair Salon, agora na Calçada do Sacramento, tive de realizar obras – e o que isso custa dinheiro fazer remodelações –, tive de comprar mobiliário novo, nova decoração, novo material de apoio, mais produto, tudo isto sem faturar, a viver de poupanças, e a apostar em algo que era e ainda é incerto. Neste prisma, a pandemia não tem qualquer lado menos negativo. Tem um único lado, o extremamente negativo.

Contudo, e indo ao encontro da sua pergunta, e respondendo de forma mais positiva, concordo que houve uma valorização do papel do cabeleireiro na nossa sociedade, de forma geral, mas sobretudo, dos profissionais de cabelo que respeitam a ‘arte dos cabelos’ e que a transportam para quem a vai usufruir dos seus dotes todo o seu amor. E, nesse sentido, o melhor exemplo veio dos clientes, que são exigentes e que nos procuram pelo reconhecimento em bons trabalhos, quer sejam eles de corte, de coloração, de alisamento, de ondulação, de styling ou até mesmo de produção de editoriais e espetáculo. Um amador nesta área não consegue fazer um bom corte ou uma boa coloração, por muito que veja tutoriais na internet ou que a “cabeleireira amiga” faça a sua cor nos chamados ‘kits de cor’ tão em voga durante o período do confinamento que atravessámos nos meses de março e abril.

A questão dos ‘kits de cor’ muito promovidos pelos seus colegas de profissão durante o confinamento foi-lhe bastante cara. Foi o primeiro, se não o único, a tornar pública esta posição… e a criticar quem o fez.

As técnicas de cabelo são um exclusivo nosso, dos cabeleireiros. Estudámos para as ter, vamos a formações constantes todos os anos, e é por isso que somos “profissionais de cabelo” – não há ninguém que perceba mais de fios de cabelo sem sermos nós, os cabeleireiros, para além claro, de um tricologista, mas o recurso a este profissional de saúde implica já problemas maiores na zona capilar. Por isso é que fiquei tão triste e desiludido com colegas meus de profissão que optaram por esta via como forma de rendimento durante o período de confinamento.

Não é nada ético o que esses meus colegas fizeram. Passaram, através de tutoriais, pelo que sei, técnicas exclusivas nossas, formas de trabalhar muitas vezes só acessíveis a quem trabalha com marca X ou Y. Não foram corretos com ninguém, com eles próprios, com os demais colegas, com as marcas que representam e que até têm posições de destaque, e sobretudo com os próprios clientes. Na verdade, não fui o único. A Anabela, do Manubela Cabeleireiros, também assumiu uma posição idêntica à minha e de forma pública durante os diretos que fez no Instagram.

Dos cabeleireiros mais conhecidos da praça pública portuguesa, acho que fomos os únicos, o que não deixa de ser estranho, já que acho que deveria ter sido uma posição partilhada por todos. A própria L’Oréal repudiou os atos, a Schwarzkopf também, e creio que a Wella também, de forma pública. Mas a grande parte desses cabeleireiros continuou a fazê-lo, sem pensar a nível ético e profissional o que isso iria significar. São opções. Cada um com a sua. Mas eu sei que a minha é que está certa.

A problemática do encerramento dos cabeleireiros foi um dos temas mais debatidos ao longo do confinamento. Sente que a sua profissão foi, finalmente, tida em conta no seio da nossa sociedade?

Mas indo novamente à sua questão, senti da parte dos meus amigos e clientes uma valorização geral do meu trabalho, da minha profissão, e da relevância que um cabeleireiro tem na atualidade, nesta sociedade líquida. Durante os quase dois meses em que estivemos em casa, completamente fechados, não houve dia em que não recebesse mensagens com questões relacionadas com cabelo, quer vindas de clientes mais chegados ou menos chegados ou de pessoas anónimas e até mesmo de colegas de profissão. E isso é emocionante e gratificante: estão a dar importância ao papel do cabeleireiro nos atuais termos societários.

De forma geral, tenho para mim que o cabeleireiro deixou de ser visto por parte da sociedade como um serviço fútil ou de última necessidade. Hoje em dia, a beleza e o bem-estar passam muito por estar “totalmente impecável” e o cabelo ganha, com estas premissas, uma nova posição social, elevando assim, o estatuto da profissão de cabeleireiro. Como eu costumo dizer nas minhas formações, «o cabelo é a moldura do rosto», e, assim, torna-se um dos principais fatores de incremento da autoestima por parte de quem nos procura. Mesmo em casa, e a trabalhar através dos dispositivos digitais, as pessoas queriam estar bonitas, o que não aconteceu na maioria dos casos.

Tive relatos de clientes que, com vergonha de mostrar os brancos nas raízes, a falta de corte ou a presença de texturas crespas nos fios de cabelo, faziam videoconferências de trabalho com chapéu, com lenços, turbantes, entre outros acessórios. Outros clientes, os que estavam na chamada ‘linha da frente’, como médicos, enfermeiros, assistentes sociais, jornalistas, farmacêuticos, bancários, pediam-me dicas para que o cabelo ficasse minimamente apresentável. Quanto a cortes, pedi sempre que não o fizessem em casa – apenas brinquei, numa iniciativa partilhada nas redes sociais, com o meu amigo Pedro Fernandes: cada um em sua casa, dei dicas à mulher dele, a Rita [Fernandes], como deveria realizar o corte. Não correu mal, mas também não ficou perfeito. Foi um momento divertido entre amigos e é assim que classifico este momento, para além de ter sido também mais uma forma de passar os dias de clausura forçada.

De certa forma, com tudo isto, quase todos entenderam que isto de se ser cabeleireiro não é uma necessidade secundária ou terciária, é, pelo contrário, um serviço essencial à valorização de cada individuo, fazendo parte da construção da personalidade de cada um perante si próprio e perante todos os outros com quem se cruzam no dia-a-dia, nas rotinas diárias. Acredito que, de um modo geral, e passado o tempo de isolamento social, as pessoas reforçaram a confiança e a fé que tinham no seu cabeleireiro. Também digo que a tomada de posição da L’Oréal Profissionelle aquando da abertura dos salões em 4 de maio foi essencial para que esta confiança na nossa profissão fosse conseguida.

A L’Oréal Portugal, nas últimas duas semanas antes da primeira vaga de ‘desconfinamento’, foi assídua em formações online sobre o assunto e produziu, em tempo recorde, materiais de apoio que foram quase como ‘bíblias’ para todos aqueles que queriam abrir os seus salões com toda a segurança e higiene reforçadas durante este período de pandemia. Para além disso, a L’Oréal assumiu um papel importante para todos os cabeleireiros de Portugal ao colocar em antena, em pleno horário nobre campanhas publicitárias de que os cabeleireiros estavam de volta ao trabalho, mais nenhuma marca o fez, e isso quer dizer alguma coisa, sabemos quem está connosco.

Para quem como eu, para além de cabeleireiro – ou seja, tem a preocupação com a parte criativa e a artística perante o cliente – é também empresário – isto é, tem todos os deveres perante funcionários, estado e marcas com que trabalha -, este 2020 tem sido um ano de grandes obstáculos, a maioria difíceis de ultrapassar, mas, acredito também que, com a ajuda de todos, tudo vai passar e voltar a uma “nova normalidade”. Nada vai ser como dantes – essa é a minha crença – mas isto tudo não é necessariamente mau. O papel do Sales Manager da L’Oréal, o Luís Lemos, também foi importante. Deu-me muito incentivo e esteve sempre “atrás” de mim. Foi um apoio importante.

Neste regresso ao trabalho, quais têm sido os serviços mais procurados por parte dos seus clientes, David?

Essa pergunta tem uma resposta quase infinita [risos]. Os meus clientes, quer sejam mulheres ou homens, fazem vários trabalhos técnicos em salão. Por isso, não lhe consigo contabilizar com exatidão quais os serviços que mais me procuraram no pós estado de emergência. Talvez, tenha sido a coloração, a retificação de crescimentos. Com isso, vem necessariamente o corte. Ninguém quer estar com uma cor bonita sem ter um corte à altura.

Tive também muita gente que quis fazer alterações totais do seu visual, quase como tivesse renascido. No meu caso, e em particular no caso dos meus dois salões, um em Almada e outro em Lisboa, fui muito procurado também pelos meus clientes, homens e mulheres, para colocar extensões de cabelo. A maioria das pessoas tinha as manutenções de extensões marcadas para o período de confinamento – apanhei algumas cabeças completamente “maltratadas”-, mas ninguém tinha culpa do que se sucedera.

Outro serviço muito procurado foi o ‘tratamento em salão’. Quase todos os meus clientes, mesmo aqueles que não tem por hábito fazer rituais de beleza, optaram por realizar connosco alguns procedimentos que faziam em casa como hidratar e reparar o cabelo. A justificação é simples: queriam que fosse alguém entendido, nós cabeleireiros, a faze-lo. Deste modo, garantiram que a saúde dos cabelos estava assegurada e em boas-mãos. Em suma, no meu caso em particular, foram os cortes, as colorações, a colocação de extensões e os “tratamentos em calha” os serviços mais procurados neste primeiro mês de trabalho após a crise provocada pela covid-19.

Já elogiou muito a L’Oréal durante esta entrevista. Qual é a sua posição nesta marca?

Elogio muito a L’Oréal Profissional, sim, é verdade. Mas, de facto, não tenho posição nenhuma. Não sou nada para além de cliente. Gosto do produto e tenho gostado e admirado grande parte das atitudes e comportamentos que a L’Oréal tem tido para comigo como para com os demais colegas nacionais. Gosto do que a marca me dá em backup. E isso basta-me. Se quiser, a L’Oréal e eu temos uma relação de parceria.

Somos parceiros de negócio. Não passa disso. E não sei se não passará disso mesmo. Pelo que vejo, a L’Oréal Portugal, entre as várias marcas que detém como a LP, a Redken, a Kerástase, tem já muito bem definido o seu coletivo artístico, de embaixadores e de formadores e está, aparentemente, contente com eles. Não sei se iria acrescentar algo à maior empresa de produtos de cabeleireiro do país.

Mas ambiciona algo mais na L’Oréal?

Não corro atrás de marcas nem de lugares. Nunca corri. Não vai acontecer também com a L’Oréal. Eu corro atrás do meu trabalho, da minha técnica, do meu conhecimento, do melhor produto para o meu cliente. Neste momento, acho que é a L’Oréal a ter a melhor gama de produtos, entre a própria LP, como na Kerástase ou até mesmo na Redken, que ainda não conheço quase nada, só umas colorações líquidas, mas que são fantásticas. A L’Oréal, pelo menos aqui em Portugal, tem muitos cabeleireiros que a representam, quer como artistas, embaixadores ou outra qualquer posição ou categoria, como é o caso dos ‘ID’. Não quero ser só mais um.

Eu sou o David Xavier, sou cabeleireiro, tenho a minha essência, e as pessoas procuram-me por ser quem sou, não por ser ‘isto’ ou ‘aquilo’ no universo da L’Oréal, porque, na verdade, sou apenas um parceiro de negócio da marca. Da minha parte, nunca me vão ver a subir à custa da marca, muito menos a lesar a marca com campanhas pouco éticas como aconteceram durante o confinamento. Não aconteceu com a Alfaparf quando estive lá durante 7 anos e assumi a parte criativa, não aconteceu com a Schwarzkopf quando estive por lá outros cinco anos e estava como formador convidado ou como embaixador e não vai acontecer com a LP de certeza. E porquê? Porque eu não quero. Respeito demasiado a minha posição profissional, as marcas e as pessoas que a representam de forma clara e com ética essas mesmas marcas.

E se surgir um convite?

Vou analisar. Nunca digo nunca a coisa algo. Vou falar com quem me ajuda a tomar conta da gestão da minha carreira. Vou verificar com quem irei trabalhar e se me agradar a proposta, aceito, se não me agradar, não aceito. Tenho rejeitado propostas de outras marcas, algumas bastante apetecíveis. Mas, por agora, não quero aceitar nada. Tenho de me concentrar no novo Atelier Chiado Hair Salon e nas pessoas que estão a meu cargo. Gosto demasiado do produto e do styling da L’Oréal e da Kérastase. Ainda estou demasiado apaixonado para acabar a relação que tenho com elas [risos] e voltar a antigos namoros [risos] ou ficar a conhecer novas marcas… [risos].

Já vimos algumas coleções feitas por si. Já pensou e fazer alguma com base nos novos adereços como a viseira e sobretudo as máscaras?

Nunca pensei. Não me passou pela cabeça. Mas também se me desafiarem, não penso em fazê-lo e explico o porquê. Uma colega minha, a Joana Jusa Pires, uma profissional de mão cheia, desenvolveu esse projeto em Portugal. Foi das primeiras, se não a única até agora a concretizar. Chama-se ‘Behind the Mask’, se não estou em erro, e está disponível para visualização nas plataformas sociais do cabeleireiro dela, o Retrovisor – Atelier da Imagem, que fica em Viana do Castelo. Se há um trabalho bem feito nesse sentido, quer em cor, quer em corte, não vou acrescentar nada. Pelo menos, por agora. Talvez o faça num futuro próximo.

Qual o seu próximo passo na sua caminhada para o futuro?

Tenho vários projetos, uns que já estavam em andamento e outros que os adiei. Mas prefiro mantê-los em segredo. Sem ninguém saber.

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