Federação do Folclore arrasa novela “A Serra”

A novela “A Serra”, com Júlia Palha e José Mata, foi alvo de críticas da Federação do Folclore Português. Comunicado diz que FFP não se revê na forma como o rancho folclórico da história está representado.

Federação do Folclore arrasa novela “A Serra”

Menos de uma semana depois de ter estreado, “A Serra”, da SIC, está a causar polémica. A Federação do Folclore Português (FFP) teceu duras críticas à novela, protagonizada por Júlia Palha e José Mata, por apresentar o rancho folclórico como “uma caricatura”.

Num comunicado divulgado no Facebook, a federação contou que, numa fase inicial, fez parte do processo de produção, mas que, devido à evolução da pandemia de covid-19, a colaboração teve de ser suspensa. “Nessa sequência, a FFP foi contactada pela produtora que dispensou os préstimos da FFP e dos grupos indicados para o projeto alegando não haver condições para prosseguir com o combinado”, lê-se na nota.

Agora que a novela estreou, a federação afirma que constatou as “piores expectativas”. “A região serrana não está devidamente representada, existindo apenas uma caricatura do que geralmente se entende por um qualquer ‘rancho folclórico”, pode ler-se.

Leia o comunicado na íntegra:

Tendo estreado a novela “A Serra” na SIC no início desta semana, e constatado o teor da mesma, a Federação do Folclore Português vem prestar os seguintes esclarecimentos:

a) Esta instituição não se revê na forma nem no conteúdo respeitante ao “rancho folclórico” retratado na novela;

b) Em devido tempo, a FFP foi contactada pela produtora da novela que solicitou auxílio na representação do dito “rancho folclórico”, o que saudámos e aplaudimos, pois, revíamos nesta decisão uma atitude séria rara para fazer um trabalho que dignificasse o esforço e a dedicação de tantos folcloristas portugueses;

c) Foram convidados dois grupos sediados na região de Lisboa que possuíssem semelhanças etnográficas e culturais com as características específicas da região serrana que, prontamente, aceitaram o desafio e o abraçaram com gosto;

d) Realizou-se uma reunião nas instalações da produtora onde, por um lado, a produtora inteirou os representantes da FFP e dos grupos envolvidos do enredo, das necessidades da produtora na representação de um grupo de folclore e, por outro lado, os grupos e a FFP esclareceram pormenores relativos ao setor associativo referente ao folclore e à etnografia disponibilizando componentes dos grupos, trajes, reportório local devidamente validado pelo CTR da região e envolvendo proactivamente os grupos da região serrana e tudo o que fosse necessário para uma correta representação etnográfica da região;

e) Uns dias após a reunião, a situação pandémica nacional piorou significativamente tendo surgido restrições governamentais no que respeita ao ajuntamento de pessoas e outras regulamentações que todos conhecemos. Nessa sequência, a FFP foi contactada pela produtora que dispensou os préstimos da FFP e dos grupos indicados para o projeto alegando não haver condições para prosseguir com o combinado.

f) Na corrente semana, deu-se início à difusão da novela e constataram-se as nossas piores expectativas pois a região serrana não está devidamente representada existindo apenas uma caricatura do que geralmente se entende por um qualquer “rancho folclórico”.

g) A nossa indignação foi dada a conhecer, através de mensagem de correio eletrónico, à produtora da novela, com conhecimento à Câmara Municipal de Gouveia e ao CTR da Beira Alta Serrana.

Texto: Patrícia Correia Branco; Fotos: Divulgação SIC

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