Brooke Shields posou nua aos 10 anos e aos 11 teve de beijar homem de 29

No documentário Pretty Baby: Brooke Shields, a atriz de 57 anos expõe infância abusiva consentida pela mãe, que era a sua agente. Aos 10 anos, posou nua para a Playboy. Aos 11 foi obrigada a dar o seu primeiro beijo a um homem de 29, durante as filmagens de Menina Bonita.

A atriz Brooke Shields revelou que aos 11 anos foi obrigada a beijar um ator de 29 durante as filmagens de Pretty Baby (Menina Bonita), em 1978. No documentário, que tem o mesmo nome da produção dos anos 1970 e que chegou esta segunda-feira, 3 de abril, à Disney +, a artista de 57 anos chorou ao recordar o episódio.

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A estrela de A Lagoa Azul conta que a mãe, que também era sua agente, Teri Shields, consentiu tudo e “achou que não haveria problema”. No filme em questão, Brooke Shields interpreta o papel de uma prostituta com apenas 11 anos. E numa das cenas, é obrigada a beijar o ator Keith Carradine. A atriz conta que ficou incomodada com a cena e que a sua cara de repulsa incomodou o  realizador Louis Malle. Lembra, também que o ator tentou tranquilizá-la, dizendo-lhe: “sabes que mais? Isto não conta. É tudo a fingir”.

Hoje, ciente que foi vítima de abuso, a artista lamenta o ocorrido e garante que jamais deixaria que o mesmo acontecesse com as suas filhas, Rowan, de 19 anos, e Grier, de 16. No documentário, a primogénita de Shields ressalta que não irá ver o filme e diz que a mãe foi vítima de “pornografia infantil”. “Deixavas-nos fazer isto com 11 anos?”, vê-se Rowan questionar a mãe. Ao que a atriz respondeu que “não”.

Filhas de Brooke Shields chocadas

Brooke conta, ainda, ter posado nua para a Playboy com apenas 10 anos, e assume que não tinha coragem para contar às filhas o porquê de a mãe ter consentido a sua participação em tais projetos – Rowan e Grier só souberam destes episódios chocantes durante o documentário.

Em entrevista ao The Times, a atriz revelou: “Foi difícil para mim, não justificar a minha mãe para elas, mas quando me perguntaram, pensei: ‘Oh, Deus, tenho de admitir isto’. Quero dizer, eu poderia dizer ‘oh, eram aqueles tempos’ ou ‘oh, era arte’, mas não sei porque é que ela [Teri Shields] pensou que não teria nenhum problema. Não sei”.

Apesar de tudo, Brooke Shields diz não guardar rancores da mãe, que morreu em 2012. “Toda a gente sempre quis que eu ficasse com raiva dela, mas era muito triste para mim guardar raiva ao ver o quão insegura ela era”, assume. A artista reconhece que ainda sente necessidade de proteger a mãe, cujos problemas com o álcool foram expostos no livro que publicou em 2014, There Was a Little Girl: The Real Story of My Mother and Me.

“É tão inato quando és filho único de uma mãe solteira. Tudo o que queres fazer é amá-la e mantê-la viva para sempre, por isso eu queria protegê-la. E em virtude de protegê-la, eu estava a justificar tudo, e isso solidificou aquele vínculo entre nós”, explicou.

Brooke Shields violada no início da carreira

No documentário, Brooke Shields revela ainda que foi abusada sexualmente por um executivo de Hollywood, aos 14 anos, mas que nunca teve coragem de denunciar o homem, por pensar que nunca iriam acreditar em si. A atriz conta que se encontrou com o homem para um jantar em que iriam falar de trabalho.

Seguiu-se um convite para que fossem para o hotel em que estava hospedado. Já no quarto, o homem desapareceu e voltou, nu, atirando-se para cima da atriz. “Estava com medo de ser estrangulada ou algo assim”, conta. “Então, não lutei tanto. Não lutei. Congelei totalmente. Pensei que um ‘não’ deveria ter sido suficiente. E apenas pensei: ‘fica viva e vai embora’. Apenas desliguei. Deus sabe como sabia desassociar-me do meu corpo. Tinha treinado isso”, recorda. No documentário, Brooke Shields conta ainda que não processou, durante muito tempo, o sucedido como uma agressão sexual.

Em entrevista à revista Rolling Stone, a realizadora do documentário, Lana Wilson,  diz sobre a obra: “Este é um momento que eu queria apresentar porque, mesmo que a Brooke em criança estivesse totalmente ciente do papel que estava a interpretar, e mesmo que ela percebesse que atuar era a fingir, eu não consigo deixar de pensar: ‘esta é uma menina real de 11 anos a ter de beijar um homem real de 29 anos’. Isso é inexplicavelmente real. E o impacto disso também é real. A Brooke de 11 anos expressou desconforto durante a filmagem deste momento, mas esse desconforto não foi levado a sério pelo diretor”.

“O filme e a história da Brooke, para mim, não são apenas sobre Hollywood. É sobre a objetificação de meninas e mulheres em geral. A Brooke é uma versão nuclear de como é ser-se tratada como um objeto belo, objetificado por milhões de pessoas sem que elas tenham consciência disso. O que o documentário pergunta é: que tipo de impacto psicológico é que isso causa numa pessoa?”, referiu.

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Texto: Inês Neves; Fotos: DR e Instagram

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