Fumadores estão realmente mais protegidos da covid-19?

A descoberta “paradoxo do fumador” teve como amostras pacientes na China. A estranha conclusão era a de que os fumadores estariam mais protegidos dos efeitos graves da covid-19. Estavam mesmo?

Fumadores estão realmente mais protegidos da covid-19?

No início da pandemia do novo coronavírus, estudiosos tropeçaram numa descoberta inesperada: os fumadores pareciam estar protegidos dos efeitos mais graves da covid-19. A descoberta inicial do “paradoxo do fumador” teve como amostras pacientes hospitalizados na China e foi mais tarde relatado em estudos na Itália e em França.

LEIA DEPOIS
Covid-19: Mais 730 novas infeções e 4 mortes em Portugal

Acontece que afinal não era verdade que os consumidores de tabaco estivessem mais protegidos, de acordo com um novo e extremamente completo estudo britânico, divulgado no mês passado. Os fumadores têm 80% mais probabilidades de serem hospitalizados do que os não não fumadores. Importa saber hoje, depois desta nova evidência, o que aconteceu e como a Ciência interpretou os primeiros sinais de forma tão contrária à realidade agora demonstrada?

A Ciência não falhou na verdade sobre o “paradoxo do fumador”

O matemático Pierre-Simon Laplace considerou que “quanto mais extraordinário é um fato, mais provas precisa devemos obter sobre ele”. Posteriormente, o cosmologista norte-americano Carl Sagan reformulou a afirmação – “Alegações extraordinárias exigem evidências extraordinárias”. Na altura dos primeiros estudos sobre a baixa incidência grave da covid-19 nos fumadores levava, através do senso comum a questionar como seria possível indivíduos cujos pulmões são devastados pelo tabaco estivessem mais protegidos de uma tão grave doença respiratória.

A questão nunca foi o falhanço da Ciência – foi a natural lentidão dos processos científicos

Sabendo-se hoje da falsidade das conclusões dos primeiros estudos, a questão não é o falhanço da Ciência – é a lentidão dos processos científicos rigorosos que nos trazem a resposta; e não as primeiras evidências, por mais esperançosos que possamos estar por efeitos extraordinários em momentos de extraordinário desespero.

LEIA AGORA
Pandemia já causou mais de 4,8 milhões de mortos pelo mundo

Impala Instagram


RELACIONADOS