Saiba quais são as doenças que mais afetam as mães no trabalho

Estudo da Universidade do Porto com mais de 4 mil mães concluiu que as doenças musculoesqueléticas e do foro mental são os problemas de saúde relacionados com o trabalho que mais as afetam.

Saiba quais são as doenças que mais afetam as mães no trabalho

As doenças musculoesqueléticas e do foro mental são os problemas de saúde relacionados com o trabalho que mais afetam as mães. Em comunicado, o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) explica hoje que o estudo tinha como objetivo avaliar “a prevalência de lesões e de problemas de saúde relacionados com o trabalho” numa amostra de mães. Nesse sentido, foram estudadas mais de 4 mil mulheres da coorte Geração XXI, estudo longitudinal do instituto que, desde 2005, acompanha cerca de 8.600 participantes que nasceram nas maternidades públicas da Área Metropolitana do Porto e as suas mães.

Os investigadores analisaram as características do trabalho destas mulheres, bem como aspetos individuais como “o estado civil, rendimento do agregado familiar e o índice de massa corporal”. “Caracterizou-se o tipo de lesões que estas mulheres sofreram devido a acidentes laborais e os problemas de saúde relacionados com o trabalho que tiveram, desde o início da sua atividade profissional, a partir de um questionário”, esclarece o instituto. As conclusões agora apresentadas resultam de dois estudos levados a cabo por investigadores do ISPUP, sendo que um concluiu que “as doenças musculoesqueléticas e do foro mental são os problemas de saúde relacionados com o trabalho que mais afetam as mães”.

Publicada na revista WORK: A Journal of Prevention Assessment & Rehabilitation, a investigação constatou que 31,5% das mães teve “pelo menos um problema de saúde relacionado com o trabalho desde o início da sua atividade profissional”. As doenças musculoesqueléticas (problemas de costas, membros superiores e pescoço e membros inferiores) foram os problemas de saúde mais reportados, nomeadamente por cerca de 40% das mulheres.

“As mulheres com estes problemas de saúde estão ligadas a profissões mais manuais e exigentes fisicamente e reportam também mais acidentes no trabalho”, salienta o ISPUP, acrescentando que estas mulheres têm uma escolaridade mais baixa, um índice de massa corporal mais alto e são fumadoras. Paralelamente, também as patologias do foro psicológico como o stress, a depressão e a ansiedade foram reportadas como “muito comuns” (38,2% das mulheres). “As mulheres mais afetadas por este grupo de problemas têm escolaridade mais alta, rendimentos mais elevados e trabalhos menos manuais, com cargos de maior responsabilidade e chefia”, afirma, acrescentando que as doenças do foro psicológico afetam 21,3% das mulheres da Geração XXI.

Por sua vez, a investigação, publicada na revista International Journal of Occupational Safety and Ergonomics, concluiu que quase 22% das mães tiveram, pelo menos, uma lesão resultante de um acidente de trabalho ao longo da sua atividade profissional e quase 10% tiveram mais do que um dano ao longo da vida. De acordo com o estudo, “5% teve uma lesão nos últimos 12 meses”, sendo os danos mais frequentes “feridas e lesões superficiais, seguidas de luxações, entorses e distensões”.

“As mulheres com profissões tipicamente mais manuais, como sejam as trabalhadoras da agricultura, da pesca, da indústria, artífices, operadoras de máquinas e de trabalhos não qualificados, foram as que mais sofreram lesões em contexto laboral”, refere. Citada no comunicado, a investigadora Joana Amaro salienta ser importante “abordar as consequências das lesões e das doenças relacionadas com o trabalho numa perspetiva mais ampla, considerando o impacto que estas têm na família e na sociedade”.

“Percebemos, através destes estudos, que a maior probabilidade de lesões e a maior prevalência de problemas de saúde ocupacionais ocorre em mães com menor escolaridade, com profissões mais indiferenciadas, e que vivem com um companheiro que partilha também um risco elevado de lesão por acidente de trabalho ou de desenvolver um problema de saúde relacionado com o trabalho”, salienta a investigadora.

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