Sondagens para todos os gostos e todas as cores
Com a demissão de António Costa e a marcação de eleições Legislativas para 10 de Março de 2024 foram tornadas públicas diversas sondagens para todos os gostos e todas as cores.
Com a demissão de António Costa e a marcação de eleições Legislativas para 10 de Março de 2024 foram tornadas públicas diversas sondagens para todos os gostos e todas as cores.
Sondagens que avaliam a intenção de voto dos portugueses para as Legislativas, mas também as suas preferências no que diz respeito àquele que virá a ser o futuro líder do Partido Socialista, José Luis Carneiro ou Pedro Nuno Santos.
Mas vamos por partes.
No que diz respeito às eleições Legislativas temos sondagens que dão a vitória ao PSD e outras ao PS, o que me surpreende. Num país normal esperava-se que depois de todos os casos e casinhos, nomeadamente o que levou à demissão do Primeiro-ministro, Luís Montenegro aparecesse nestes estudos de opinião com uma vantagem significativa em relação aos socialistas que ainda não encontraram o substituto de António Costa.
Mas tal não acontece. Primeiro porque o líder do PSD ainda não conseguiu convencer os portugueses, mas também porque o Chega tem sido o principal beneficiário desta crise política.
Nas eleições Legislativas de 2022 o partido de André Ventura conseguiu 7,18% dos votos que corresponderam à eleição de 12 deputados para a Assembleia da República.
As últimas sondagens mostram o Chega com intenções de voto que variam entre os 13,5% e os 17%, mas que podem não ficar por aqui. E explico já porquê.
Nas próximas eleições não existirá voto útil, nem à direita, nem à esquerda. Os portugueses parecem não querer atribuir a maioria absoluta a nenhum partido político.
Por outro lado, creio que as sondagens escondem a preferência pelo Chega. Existirá uma parte dos portugueses que votarão no Chega, mas que não querem assumir a intenção de votarem em André Ventura.
Todos nós que andamos na rua percebemos que hoje o eleitorado do Chega vai do pescador da Afurada, passando pelo agricultor de Mirandela e de Moura, até à “tia” de Cascais. O seu eleitorado é agora transversal a todos aqueles que deixaram de acreditar no PS e PSD e desejam uma mudança efectiva no País.
O exemplo das recentes eleições na Holanda é paridgmático. As sondagens a três meses das eleições davam 10% ao Partido pela Liberdade, liderado por Geert Wilders. Na última semana da campanha eleitoral os estudos de opinião colocavam o PVV com 16% que culminou no dia das eleições com a vitória surpreendente de Wilders com 23,69% dos votos.
Apenas um regresso de Passos Coelho conseguiria federar a direita e reduzir o Chega a um resultado entre os 8% e os 10%, mas este é um cenário que não se coloca pelo menos nas próximas eleições.
As sondagens dão à IL intenções de voto entre os 6,5% e os 9%, porém, não creio que com a liderança de Rui Rocha consigam tal desiderato. É notório o down grade comparada com a liderança de João Cotrim Figueiredo que tinha conquistado uma credibilidade e confiança que Rui Rocha claramente não tem.
Por sua vez, as sondagens indicam que o CDS de Nuno Melo tem a 1% a 2% das intenções de voto, lutando, assim, desesperadamente pelo regresso à Assembleia da República.
Como disse atrás não acredito que possa existir voto útil à esquerda o que levará o BE a recuperar parte do eleitorado perdido nas últimas eleições legislativas em que obteve 4,40% dos votos e apenas 5 deputados. As sondagens dão ao Bloco de Esquerda, agora liderado por Joana Mortágua, entre os 6% e os 9,5% dos votos.
As próximas eleições serão uma prova de fogo para o PCP que substituiu o carismático Jerónimo de Sousa pelo desconhecido Paulo Raimundo que teima em não se conseguir afirmar junto dos portugueses. Sem carisma e com falta de notoriedade, o novo secretário-geral comunista terá muita dificuldade em manter os 4,30% obtidos nas últimas Legislativas. As sondagens dão-lhe agora um resultado entre os 3% e os 3,5% das intenções de votos.
Nas últimas sondagens Livre e PAN obtém entre os 2% e 4% dos votos, mas creio que ambos lutarão pela manutenção de Rui Tavares e Inês Sousa Real no Parlamento.
Por fim a eleição para a liderança do Partido Socialista que decorrerá este fim de semana. Irão a votos José Luís Carneiro, Pedro Nuno Santos e o crónico candidato Daniel Adrião.
Pedro Nuno Santos, que antes de ser candidato já o era, partiu à frente reunindo o apoio da maioria das concelhias e federações distritais socialistas, mas José Luís Carneiro tem vindo com o decorrer da campanha interna a encurtar a distância.
Também no PS temos sondagens para todos os gostos. Umas em que Pedro Nuno Santos agrada mais aos portugueses, outras em que o preferido é José Luís Carneiro.
Pedro Nuno tem tido dificuldade em descolar da imagem de algum radicalismo, enquanto o ainda Ministro da Administração Interna goza de uma imagem de político moderado e ponderado, tendo conquistado surpreendentemente o apoio de alguns destacados socialistas e independentes que acrescentam prestígio à sua candidatura.
Também o facto de Pedro Nuno Santos ter aparecido em campanha, por diversas vezes, ao lado do presidente da Federação Distrital do PS do Porto e presidente da Câmara Municipal de Gaia, Eduardo Vitor Rodrigues que foi condenado recentemente pelo crime de peculato de uso com perda de mandato, não ajuda à sua credibilidade, podendo mesmo penalizá-lo na contenda eleitoral com José Luís Carneiro.
A partir de Domingo ficaremos a saber quem será o novo líder do PS e o adversário que Luís Montenegro enfrentará nas eleições agendadas para 10 de Março.
A escolha que os militantes socialistas fizerem não será despicienda para a campanha eleitoral que se avizinha. Parece-me que a eleição de um líder com o perfil de Pedro Nuno Santos poderá facilitar o caminho a Luís Montenegro que nunca será fácil.
Uma coisa parece certa. Nas próximas eleições Legislativas a direita deverá somar mais votos que a esquerda, mas o facto de Montenegro ter colocado de parte qualquer tipo de acordo com o Chega poderá levar o país para novas eleições mais cedo que o esperado. Talvez este possa ser o momento para o regresso de Passos Coelho que me parece ser o único que reúna as condições para federar todo o espaço político do centro-direita.
Paulo Vieira da Silva
Gestor de Empresas / Licenciado em Ciências Sociais – área de Sociologia
(Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico)
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