«Luz azul dos ecrãs pode potenciar cegueira, alertam cientistas», noticiava o Público. Será mesmo verdade? Na sequência de um estudo publicado em 2018 na revista Scientific Reports, a preocupação sobre os efeitos potencialmente nocivos, incluindo cegueira, causados pela emissão da luz azul por ecrãs electrónicos tornou-se motivo de grande preocupação. Será mesmo assim? O estudo citado como fonte destas alegações apresenta várias limitações. Por conseguinte, a extrapolação das conclusões obtidas para a ilação «a utilização de ecrãs electrónicos pode potenciar cegueira no olho humano» foi considerada incorrecta pela comunidade científica. O próprio investigador principal do referido estudo, quando diretamente questionado se a sua investigação revelou que a utilização de ecrãs electrónicos causa cegueira, respondeu que «não». «Absolutamente não.»

Luz azul programa o nosso sono para as horas a que adormecemos e acordamos

A luz azul contribui para a regulação do ritmo circadiano, o que significa, entre outras funções, programar o nosso sono para as horas a que adormecemos e acordamos. Não surpreende portanto que a principal fonte de luz azul que o olho recebe seja a do Sol. O sono é essencial para uma boa saúde física e mental, sendo determinante para o para o nosso bem-estar. Assim, a utilização de dispositivos com ecrãs electrónicos leva a dificuldade acrescida em adormecer e afecta negativamente a nossa performance e atenção no dia seguinte, podendo ser prejudicial à nossa saúde.
Por este motivo, torna-se prudente reduzir a exposição a este tipo de luz proveniente de aparelhos electrónicos nas horas que antecedem o período do sono.

Assim, com base no conhecimento científico actual, é…

… verdade que a luz azul pode aumentar a dificuldade em adormecer, mas…
… é falso que a luz azul dos ecrãs possa potenciar a cegueira.

Dr. Ricardo Portugal
Médico Especialista em Oftalmologia – OM45841
Coordenador de Oftalmologia do Hospital Privado de Gaia

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