Bólinha, bóóóóólinha de Berlim!!! – A opinião de João Gonzalez
Inicio esta espécie de crónica com o apreço que tenho pelas distâncias que percorrem diariamente os vendedores de bolas de Berlim. Particularmente no Algarve, onde as fronteiras das praias parecem não existir
Artigo de opinião de João Gonzalez
Inicio esta espécie de crónica com o apreço que tenho pelas distâncias que percorrem diariamente os vendedores de bolas de Berlim. Particularmente no Algarve, onde as fronteiras das praias parecem não existir, é fácil concluir que qualquer atleta de alta competição teria bastas dificuldades em ombrear com estes heróis na resistência física e na dificuldade do percurso. Porque de maré vazia – dita baixa-mar –, quando a areia está dura e plana, a tarefa ainda que complicada é mais simples do que com maré cheia – dita preia-mar –, onde se tem que caminhar na areia solta e mole e onde é natural observar estes deuses salvadores da gula de Verão nas praias a caminhar em circuitos verticais e diagonais para satisfazer os desejos e anseios de tugas, meio-tugas, estrangeiros, emigrantes e imigrantes e outros turistas que não resistem a uma bólinha com ou sem creme, com chocolate, agora também recentemente com massa de, espante-se, alfarroba, framboesa, maçã e canela ou maracujá.
Mais do que a origem da introdução das bolas de Berlim em território nacional, diz-se que foram trazidas pelos judeus escorraçados pelo Adolfo no decorrer da segunda grande guerra, interessa saber que esta receita de origem alemã, afinal os rapazes da Baviera e arredores não fazem só automóveis, máquinas de lavar e frigoríficos de alta qualidade, ou guerras de escala planetária, também sabem de alta pastelaria, na sua génese pode ser recheada de champanhe e licor como advocaat, que se sabe ser à base de conhaque. Ora, o percurso desta rábula parece óbvio e apetitoso, sigamos por aí então…
Isso, bólinhas com recheio de creme licoroso de medronho, aliança velha, um bom cartuxa ou um muralhas fresquinho? O quê? Estou a dar ideias ao potencial de negócio da área? Pois estou, porque como cliente gostaria bem mais de experimentar uma bólinha de medronho do que uma de papaia ou maracujá, é legítimo, sou tuga, estou na praia, quero experimentar coisas novas!
Até parece que estou a imaginar os novos pregões:
Olhááá bólinha, bóóólinha de medronho algarvio, fresquinhas e doces! Jean-Pierre, vous voulez une, mon ami? Bólinha de medronho!!!! Pepe, bóóólinha de medruenho amigo, muy buena!!!
Evidentemente que, face à realidade actual, enquanto estamos na fase pré-histórica das bolas com e sem creme, chocolate e tal, e visto que esses heróis das nossas praias tanto carregam, seria demasiado pedir-lhes que também juntassem à sua carga umas minis fresquinhas e umas porções de tremoços?!
Reconheço a facilidade desta crónica, mas sou tuga, estamos em Agosto e o calor dá-nos ideias futuristas… vocês sabem como é, certo?..
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