A humildade

Alguém me explique porque é que ser modestozinho é, neste país, sinónimo de santidade. Pode-se ser talentoso, trabalhador, generoso, honesto, eficaz, inteligente, criativo, engraçado, sensato, bonito… No fundo, o que é a humildade neste país? Pode até ser-se o melhor do mundo. Não interessa. Nunca alguém seguro das duas capacidades vai ficar à frente nas […]

A humildade

Alguém me explique porque é que ser modestozinho é, neste país, sinónimo de santidade. Pode-se ser talentoso, trabalhador, generoso, honesto, eficaz, inteligente, criativo, engraçado, sensato, bonito… No fundo, o que é a humildade neste país?

Pode até ser-se o melhor do mundo. Não interessa. Nunca alguém seguro das duas capacidades vai ficar à frente nas simpatias do povo relativamente a um simplório tímido que não abre a boca nem para pedir para ir à casa de banho com urgência.

Para se ser amado neste reino de Zés Marias, é preciso é incarnar a humildade

E depois há questão de as pessoas adorarem elogiar com a palavra “humilde” sem na realidade saberem o que significa. O Rei de Espanha? “Ah, achei-o muito humilde.” O CR7 doou mais uns milhões para solidariedade? “Oh, é realmente um rapaz muito humilde.” Para se ser amado neste reino de Zés Marias, é preciso é incarnar a humildade (seja lá isso o que for). Arre.

HUMILDE, segundo a Porto Editora: Qualidade do que é humilde, simplicidade, modéstia; sentimento proveniente do conhecimento dos próprios erros ou defeitos; submissão, respeito; inferioridade, pobreza.

Ser humilde não é, portanto, ser simpático e generoso. Muito menos quando se é figura pública. Simplesmente, faz parte do trabalho, OK?

Ana Prista

Ana Prista | jornalista arrependida

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